Pesquisadores brasileiros pretendem usar IA para diagnosticar câncer em peles negras
Segundo a especialista da Unicamp, Sandra Avila, a tecnologia ajudará a acelerar a identificação da doença, prevenindo sua progressão e reduzindo as taxas de mortalidade
Um projeto de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pretende criar um banco de dados que utilizará Inteligência Artificial (IA) para identificar o câncer de pele em pessoas negras. A iniciativa ajudará a acelerar o diagnóstico, inclusive em instituições de saúde com poucos especialistas, evitando a progressão do melanoma e aumentando a eficácia dos tratamentos.
Os desafios no diagnóstico do câncer
Criada pela professora do Instituto de Computação (IC) Sandra Avila, em parceria com o Living Lab da organização social SAS Brasil, a pesquisa visa combater a dificuldade na detecção da doença em peles negras. Apesar de o melanoma seja mais comum em pessoas brancas, a ocorrência em pacientes negros também é significativa. Além disso, organizações apontam que a taxa de mortalidade é ligeiramente maior.
Isso ocorre porque o diagnóstico apresenta desafios. O principal deles, por exemplo, é o fato de a condição atingir áreas do corpo menos expostas, como as palmas das mãos e as solas dos pés. Ademais, as lesões Elas apresentam aparência distinta e, na maioria das vezes, manifestam-se como uma mancha escura ou uma ferida que não cicatriza. Por isso, podem ser confundidas com calos, verrugas ou machucados.
De acordo com a estudiosa, a falta de representatividade dos dados para estudar o câncer em peles negras também intensifica essas problemáticas. O projeto, portanto, tem como intuito não somente reunir informações sobre esses casos, como desenvolver um algoritmo capaz de auxiliar na identificação precoce.
Entendendo a nova tecologia
Para atingir esse objetivo, inicialmente, a pesquisa se concentra na coleta de imagens nas unidades móveis da SAS Brasil. A instituição social atende regiões vulneráveis, realizando triagens, diagnósticos e consultas especializadas via telessaúde. O atendimento também é feito nas Unidades de Telemedicina Avançada (UTA) fixas, instaladas no Ceará e em Goiás.
Em seguida, com o banco de dados formado, com apenas por fotos de celulares ou do um aparelho chamado dermatoscópio, a IA conseguirá detectar lesões cutâneas como benignas ou malignas. A tecnologia, disponível para profissionais de saúde, garantirá um diagnóstico mais rápido e preciso.
"O uso de Inteligência Artificial para analisar imagens dermatoscópicas ajuda na detecção precoce, mesmo em áreas com poucos especialistas. Isso pode ampliar o alcance das triagens. Além disso, ajuda a reduzir o tempo para a identificação e melhora o acesso a cuidados especializados, especialmente em regiões remotas e vulneráveis", esclareceu a especialista do Living Lab, Gabriela Sá, em comunicado.