O que é a síndrome da fadiga crônica e como preveni-la?
A síndrome da fadiga crônica é uma condição real que provoca cansaço extremo e duradouro, não melhora com descanso e pode afetar profundamente a qualidade de vida
Sentir-se cansado de vez em quando é comum. Mas para quem vive com síndrome da fadiga crônica, o esgotamento é constante e incapacitante. Mesmo após horas de descanso, a sensação de exaustão não passa. Trata-se de uma condição real, reconhecida pela medicina, que pode comprometer o corpo, a mente e a qualidade de vida por meses ou até anos.
O que é a síndrome da fadiga crônica
Também chamada de encefalomielite miálgica, a síndrome da fadiga crônica (SFC) é caracterizada por uma fadiga intensa que dura pelo menos seis meses e não melhora com repouso. Esse cansaço costuma piorar após esforços físicos ou mentais, um fenômeno conhecido como mal-estar pós-esforço.
Além da fadiga, podem surgir dores musculares e articulares, tontura, sono não reparador, dificuldade de concentração, irritabilidade e sintomas depressivos. Em casos mais graves, a fraqueza é tamanha que a pessoa pode ficar restrita à cama.
Segundo especialistas, os sintomas costumam aparecer de forma repentina, muitas vezes após uma infecção ou um período de estresse intenso. O distúrbio é mais frequente em mulheres entre 20 e 50 anos, o que faz com que, em alguns casos, seja confundido com os sintomas da menopausa.
Possíveis causas e fatores de risco
A origem exata da síndrome ainda é desconhecida, mas os estudos apontam para uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Entre os possíveis gatilhos estão infecções virais (como as causadas pelo vírus Epstein-Barr ou herpesvírus 6), traumas físicos, estresse emocional prolongado e até desequilíbrios hormonais.
Pesquisas recentes também investigam a relação entre a COVID-19 prolongada e o desenvolvimento da síndrome, já que algumas pessoas relatam fadiga persistente mesmo após a recuperação da infecção. Embora os sintomas sejam reais e debilitantes, exames laboratoriais e de imagem geralmente não mostram alterações, o que torna o diagnóstico um grande desafio.
Como acontece o diagnóstico
O diagnóstico é clínico e depende de uma avaliação cuidadosa feita por um reumatologista ou clínico geral, que analisa a intensidade, a duração e o impacto dos sintomas na rotina. O médico pode solicitar exames de sangue e urina apenas para descartar outras causas de fadiga, como anemia, distúrbios da tireoide, apneia do sono ou depressão severa.
Segundo o Instituto de Medicina dos Estados Unidos, a pessoa precisa apresentar três condições principais para o diagnóstico: redução significativa da capacidade funcional por mais de seis meses, sem melhora com repouso; piora dos sintomas após esforço físico ou mental; e sono não reparador. Além disso, é necessário ter pelo menos um dos seguintes sintomas: dificuldade cognitiva (como lapsos de memória) ou tontura ao ficar de pé, que melhora ao deitar.
Tratamentos e novas abordagens
Não existe cura definitiva, mas há maneiras de controlar os sintomas e recuperar a qualidade de vida. O tratamento é multidisciplinar e pode incluir:
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC): ajuda o paciente a lidar com os pensamentos negativos e o impacto emocional da doença;
- Exercícios graduais e supervisionados: feitos com cautela, respeitando os limites físicos, ajudam a restaurar a energia e reduzir o descondicionamento;
- Medicamentos: analgésicos e anti-inflamatórios podem aliviar dores musculares e nas articulações; antidepressivos para quem apresenta sintomas de ansiedade ou depressão;
- Hábitos complementares: práticas de relaxamento, alimentação equilibrada e higiene do sono também contribuem para o bem-estar.
Outras abordagens, como dietas cetogênicas, probióticos e suplementação hormonal, ainda estão em estudo e não têm comprovação científica sólida.
Uma doença invisível, mas real
Por não apresentar alterações visíveis em exames, a síndrome da fadiga crônica ainda é subestimada, e muitos pacientes enfrentam descrença e isolamento. No entanto, a medicina reconhece a condição como uma doença neurológica complexa e debilitante. Mesmo que o processo de recuperação seja lento, a combinação de tratamento médico, apoio psicológico e autocuidado pode devolver ao paciente o controle sobre o corpo e a esperança de uma vida com mais energia.