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O peso da sobrecarga física e mental no fim do ano nas mulheres

O fim do ano intensifica pressões emocionais nas mulheres

5 dez 2025 - 10h06
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Entre metas, cobranças e expectativas, dezembro expõe o limite emocional de muitas mulheres — e aponta a urgência do autocuidado

Com a chegada de dezembro, o ritmo acelerado do calendário se cruza com uma lista crescente de responsabilidades que, historicamente, recaem sobre as mulheres. Entre metas profissionais, compromissos familiares, a organização das festas e o início das férias escolares, que exigem ainda mais malabarismo, muitas atravessam o mês no limite físico e emocional. Reconhecer que essa sobrecarga física e mental, naturalizada há décadas, afeta diretamente a saúde mental e contribui para estresse crônico, esgotamento e uma persistente sensação de insuficiência, frequentemente ignorados até atingirem um ponto crítico. 

Cada ano se abre em doze meses de novas expectativas, responsabilidades e pressões — e dezembro, especialmente, concentra o acúmulo de todas elas. À medida que o mês avança, surgem cobranças internas e externas, acompanhadas de demandas adicionais que pressionam ainda mais aquelas que já enfrentam dupla ou até tripla jornada. Nesse cenário, as mulheres veem suas atribuições se intensificarem tanto na vida pessoal quanto na profissional, enquanto tentam dar conta de metas, rotinas e cuidados que se expandem justamente quando a energia já se encontra no limite.

Como superar a sobrecarga física e mental

Questionamos a autora e psicóloga Nataly Martinelli sobre como é possível atravessar o fim do ano com mais equilíbrio e construir projeções mais saudáveis para o ciclo que se inicia. Autora da série Enfrentando com Coragem, ela publicou os livros Frustrações: Enfrentando com Coragem e Fobia: Enfrentando com Coragem e prepara para o próximo ano, o lançamento de Famílias: Enfrentando com Coragem, todos pela editora Alta Life. Para Nataly, é urgente trazer para o cotidiano das mulheres o debate sobre desenvolvimento emocional e a necessidade de que todos — família, parceiros, ambientes de trabalho e sociedade — contribuam ativamente para o bem-estar mental feminino. 

Nataly Martinelli, autora e psicóloga
Nataly Martinelli, autora e psicóloga
Foto: Revista Malu

A psicóloga observa que dezembro costuma exaurir as reservas físicas e emocionais das mulheres, que chegam ao fim do ano operando no limite. Segundo ela, trata-se de um período em que "todas as energias são convocadas ao mesmo tempo: a expectativa de corresponder, a necessidade de dar conta de tudo e a pressão por encerrar ciclos perfeitos". Essa combinação, explica Nataly, cria um ambiente emocional vulnerável, marcado por sobrecarga, sensação de insuficiência e dificuldade de enxergar o próprio cansaço. Para a psicóloga, o desafio não é apenas administrar tarefas, mas reconhecer que nenhuma mulher deveria enfrentar esse acúmulo sozinha e que cuidar da saúde mental é condição essencial para que o novo ano comece de forma mais consciente e sustentável. 

Dicas da especialista

Nataly compartilhou um conjunto de orientações que considera essenciais para que as mulheres reconheçam seus limites, preservem a própria saúde mental e evitem que a sobrecarga se transforme em esgotamento. Segundo ela, compreender os próprios sinais e ajustar expectativas são passos fundamentais para enfrentar esse período de alta demanda com mais consciência e menos autocobrança.

Reconhecer os sinais antes do colapso 

Identificar o esgotamento antes que ele se torne crítico é um passo decisivo para interromper o ciclo de sobrecarga sobrecarga física e mental que costuma se intensificar em dezembro. Irritabilidade persistente, queda de energia, dificuldade de concentração e a sensação constante de insuficiência são alguns sinais iniciais que, quando negligenciados, tendem a evoluir para quadros de estresse crônico e, em alguns casos, burnout. 

Para Nataly, compreender esses sinais é o primeiro gesto de proteção emocional. "Quando o corpo começa a indicar que não está sustentando o ritmo, isso não é um convite à insistência, mas um pedido inequívoco por desaceleração. Negligenciar esse pedido pode ter um custo emocional alto e cumulativo." 

Organizar emoções como se organiza a agenda 

O peso emocional do fim do ano tende a aumentar porque a sobrecarga não se resume às tarefas. Ela se acumula também nos pensamentos, nas expectativas internas e na cobrança silenciosa por desempenho. Por isso, uma estratégia fundamental é criar momentos de pausa intencional para organizar emoções, sobretudo diante do excesso de estímulos. Nataly reforça essa necessidade: "Assim como compromissos ocupam lugar no calendário, emoções também ocupam espaço psíquico. Quando não são nomeadas, acumulam-se. Nomeá-las é um gesto de higiene mental que impede que o acúmulo se transforme em colapso." 

Praticar autocuidado realista, não idealizado 

O autocuidado feminino é frequentemente confundido com práticas estéticas ou momentos esporádicos de descanso, mas, para ser eficaz, precisa ser incorporado como hábito possível e não como mais uma exigência inalcançável. Pequenas rotinas de descanso, qualidade de sono e limites claros já são suficientes para aliviar grande parte da sobrecarga. Nas palavras de Nataly: "Autocuidado não é performance. É fazer o que é possível hoje para preservar sua saúde emocional amanhã." 

Reduzir comparações e expectativas rígidas 

A comparação com outras mulheres, sejam colegas, familiares ou influenciadoras, intensifica o sentimento de inadequação típico do período. Em dezembro, a pressão para ser multitarefa, produtiva e impecável ganha contornos ainda mais exaustivos. Desconstruir

essa lógica é indispensável para evitar que o desgaste se torne crônico. Nataly reforça: "Comparação é um veneno sutil. Ao tentar corresponder ao que vê nos outros, você se afasta do que realmente é seu e da própria evolução consigo mesma." 

Buscar apoio psicológico como prevenção e não emergência 

A sobrecarga de dezembro também evidencia a necessidade de acompanhamento psicológico contínuo, que funciona como ferramenta de prevenção e não apenas de tratamento. Um espaço de escuta qualificada ajuda a reorganizar prioridades, reduzir o peso das exigências e enfrentar atravessamentos emocionais que se intensificam no fim do ano. Para a autora, esse movimento precisa ser normalizado. "Procurar terapia é interromper um ciclo e se permitir escutar e elaborar o que, ao longo do tempo, foi acumulado sem ser digerido emocionalmente." 

A frustração faz parte da sobrecarga física e mental

A frustração é, segundo Nataly Martinelli, um dos sentimentos mais recorrentes entre mulheres no fim do ano e também um dos menos compreendidos. Muitas internalizam a ideia de que "dar conta de tudo" é obrigação, e não limite, o que transforma qualquer pausa ou incapacidade momentânea em motivo de culpa. Para a psicóloga, essa distorção precisa ser enfrentada com honestidade emocional: "A frustração é um pedido de atenção do corpo e da mente diante do que está sendo exigido além do possível." 

À medida que as demandas se acumulam, a frustração se torna um alerta importante para avaliar prioridades, redistribuir responsabilidades e reconhecer a necessidade de apoio. Nataly explica que, quando ignorada, a frustração tende a se cristalizar em padrões de exaustão e autossacrifício: "Toda vez que uma mulher se obriga a ultrapassar seus limites para atender expectativas externas, ela se desconecta de si mesma e é essa desconexão que mantém a frustração viva." O desafio, afirma a autora, é aprender a escutar o que esse sentimento tenta comunicar antes que ele se transforme em esgotamento prolongado. 

Ainda assim, a frustração pode ser convertida em um ponto de partida para mudanças mais profundas. Para isso, é necessário reconstruir a relação com o próprio ritmo e com a ideia de produtividade emocional. Como reforça Nataly, "quando nos autorizamos a não sermos perfeitas, abrimos espaço para sermos verdadeiras." Essa redefinição passa por compreender que limites não são falhas, mas formas de proteção. E, sobretudo, por adotar uma postura mais compassiva diante das próprias necessidades, um movimento que, segundo ela, deve começar agora. "O fim do ano não precisa ser uma prova de resistência; pode ser o início de um compromisso real com o seu bem-estar físico e mental." 

Pare e respire

Encerrar o ano deveria ser sinônimo de pausa, reflexão e reorganização interna. Mas, para muitas mulheres, tornou-se um período de sobrecarga que ultrapassa limites físicos e emocionais. Reconhecer esse padrão é o primeiro passo para romper com ciclos de exaustão que se repetem ano após ano. Como lembra Nataly Martinelli, cuidar da saúde mental não é um luxo, é a base que sustenta todas as demais áreas da vida. Ao acolher as próprias vulnerabilidades, estabelecer limites possíveis e resgatar espaços de descanso, cada mulher pode iniciar o novo ciclo com mais consciência emocional, menos culpa e maior capacidade de escolher o que merece sua energia. A virada do ano, afinal, também pode ser uma virada interna, um convite para existir com menos sobrecarga e mais presença.

Revista Malu Revista Malu
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