Peso, circulação e genes: veja fatores que impedem o orgasmo
Segundo especialistas, antidepressivos, pílula, idade e até mesmo o peso podem prejudicar na hora H
Tendo sido encarado por anos como um tabu, o orgasmo feminino é uma das áreas mais complexas para os cientistas. No entanto, revelações recentes mostram o que acontece com o corpo e com o cérebro durante este momento. Mas a dificuldade em se “chegar lá” pode estar associada a diversos fatores relacionados à saúde. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail.
Os benefícios à saúde ligados a ele também são muitos: estudos já relacionaram o orgamso ao alívio da dor e da depressão, à longevidade e ao bom funcionamento do cérebro. No entanto, apenas um terço das mulheres afirmam que regularmente experimentam a sensação, enquanto uma em cada dez dizem que nunca passaram por isso. Saiba o que pode estar relacionado com essa dificuldade.
A pílula
Um estudo publicado no ano passado, pela Indiana University, mostrou que mulheres que usam pílula ou adesivo contraceptivo têm menos orgasmos e também reportaram menores níveis de excitação e de frequência sexual.
A especialista Cintia Graham disse que é mais provável que a pílula afete a libido do que a excitação; logo, as mulheres que fazem menos sexo têm menos chances de chegar ao orgasmo.
Multitarefas
Um estudo mostrou que áreas chave do cérebro são desligadas durante o orgasmo. “Encontramos uma desativação acentuada do córtex pré-frontal, área importnate para o autocontrole”, observou o neuroscientista Janniko Georgiadis, responsável pelo estudo.
Segundo o profissional, isto indica que para se sentir realmente excitada é preciso se desligar de tudo o que está acontecendo ao redor. Os resultados provam também que as distrações e preocupações tornam o orgasmo mais difícil.
A conselheira sexual Denise Knowles afirma que os homens ficam excitados muito mais rapidamente, enquanto as mulheres se desconectam do momento por qualquer mínima interrupção.
Antidepressivos
As drogas antidepressivas e antipsicóticas têm um poder inibitório sobre o orgasmo, de acordo com Barry Komisaruk, neurocientista e professor da Rutgers University.
Ele ressalta que o mais comumente grupo de antidepressivos prescritos trabalha aumentando os níveis de serotonina. No entanto, isso tem um efeito notório na resposta sexual e no orgasmo tanto de homens quanto de mulheres, ao passo que a serotonina inibe a ação da dopamina, outra substância importante para a excitação.
A serotonina também reduz a sensação dos nervos e baixa os níveis de óxido nítrico, que ajuda a ampliar as veias sanguíneas e fazer o sangue circular nos genitais. Alguns medicamentos podem combater este efeito, mas uma linha de pesquisa sugere uma solução mais natural: exercícios.
Um estudo feito na University of Texas com 52 mulheres que sofriam com efeitos causados por antidepressivos mostrou que a atividade física regular – 30 minutos de exercícios de força e cardiovasculares, três vezes por semana – melhora a habilidade das mulheres chegarem ao orgasmo.
Genes
Um estudo publicado em 2005, feito com 4 mil mulheres, investigou gêmeas idênticas (que compartilham dos mesmos genes) e não-idênticas (que tem alguns genes diferentes). Elas foram questionadas sobre a sua vida sexual, e entre 34% a 45% da variação sobre a habilidade de orgasmo foi explicada pelos genes.
Eles sugerem que o orgamo feminino tem uma função biológica – se o homem não dedica tempo para tornar isso possível, ele pode não ser confiável em outros aspectos.
Segundo Tim Spector, professor envolvido no estudo, os resultados mostram que o orgasmo é uma forma evolutiva que dita se os homens são capazes de serem bom provedores, pacientes e preocupados o suficientes com os filhos. “Talvez as mulheres que têm orgasmo mais facilmente não são boas selecionadoras”, analisa.
Má circulação
Já é estabelecido que problemas de ereção estão relacionados à circulação sanguínea nos homens, mas especialistas acreditam que o mesmo pode acontecer com os orgasmos femininos.
Depois do sucesso do Viagra – que impulsiona a circulação do sangue – um grande número de médicos e companhias farmacêuticas viraram suas atenções para a possibilidade de um medicamento similar ajudar as mulhres. Assim como o pênis, o clítoris parece necessitar da circulação de sangue adequada.
Alguns especialistas acreditam também que a sexualidade femina está fortemente relacionada a fatores psicológicos, por isso, não pode ser simplesmente reduzida à circulação. Se a teoria for provada, poderia ter implicações não só na medicina sexual, mas também para questões relacionadas à saúde cardíaca.
Parceiro errado
Muitos especialistas dizem que a razão mais comum para a batalha das mulheres com o orgamos é a falta de conhecimento. “Existem muitas evidências de que mulheres precisam aprender como ter um orgasmo”, afirma Cintia.
Ela afirma ainda que existem homens e mulheres que “não sabem nada sobre o clitóris”. “Isto explica porque não é incomum ouvir mulheres em seus 50 anos dizendo que tiveram um orgasmo pela primeira vez com um novo parceiro”, pontua.
Idade
Os níveis de testosterona feminino caem com a idade, e isso explicaria o fato de as mulheres terem menos orgamos ou com menor intensidade com o passar dos anos.
De acordo com Dr. Maupin, autor do livro The Secret Female Hormone: How Testosterone Replacemente Can Change Your Life (em tradução livre: O Hormônio Feminino Secreto: Como a Reposição da Testosterona Pode Mudar sua Vida), a testosterona é o “hormônio do orgasmo”.
Ele acrescenta que ele não é o único hormônio envolvido, mas ele estimula outras substâncias importantes, como a oxitocina, importante para o orgasmo. “Também aumenta a dopamina e o nitrito óxido, que impulsiona a circulação sanguínea na pélvis”, pontua. O especialista acredita que mais mulheres de meia idade deveriam apostar na reposição.
Gordura
O peso pode mudar os níveis hormonais envolvidos com o prazer sexual. Segundo o ginecologista Nick Panay, o peso pode levar a super produção de uma proteína chamada globulina, que reduz a testosterona e, consequentemente, a libido e as chances de orgasmo.
Ele ressalta também que a obesidade pode acarretar problemas cardiovasculares e diabetes, que reduzem o fluxo sanguíneo nos genitais e centros estimulatórios no cérebro, podendo danificar as vias nervosas da excitação sexual.
Fingimento
Ironicamente, alguns especialistas acreditam que o grande interesse da sociedade sobre o orgasmo feminino não pode trazer boas notícias para as mulheres. Muitas relatam que se não chegaram ao orgasmo podem deixar o parceiro triste.
Algumas pesquisas sugerem que pelo menos 70% das mulheres já fingiram um orgamo em algum momento. “Montamos este esquema de proteção que não faz bem para todos”, diz a terapeuta Denise Knowles.
Ela observa ainda que, uma vez que a mulher finge o orgasmo, acaba tendo que fingir sempre, pois o parceiro acha que tudo o que ele está fazendo vem dando certo.