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Equilíbrio hormonal das crianças brasileiras pode estar em risco

Pesquisadores descobriram altos níveis de disruptores endócrinos na urina dos pequenos, moléculas que promovem alterações hormonais; cosméticos são a provável fonte

22 jun 2018 - 17h22
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Você sabe o que são parabenos e benzofenonas? Esses nomes estranhos se encontram nos rótulos de muitos cosméticos e produtos de cuidado pessoal e se tratam de duas classes de disruptores endócrinos, um tipo de molécula que, quando está no nosso corpo, pode alterar o equilíbrio hormonal. Pesquisadores brasileiros encontraram altos níveis dessas substâncias na urina de crianças brasileiras, até se comparada com crianças de outros países.

Os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisaram amostras de urina de 300 crianças entre 6 e 14 anos, coletadas em 2012 e 2013 nas cinco regiões do Brasil, buscando e medindo a presença de disruptores endócrinos.

Estas substâncias químicas são capazes de exercer efeito semelhante ao de hormônios presentes em nosso organismo. Ou então podem agir inibindo a ação de um determinado hormônio no nosso corpo.

Comparado aos valores encontrados nos outros países, a amostra brasileira apresentou altas concentrações destas substâncias, que costumam fazer parte da formulação de cosméticos.

As regiões campeãs destas amostras foram a Norte e Nordeste, resultado que coincidiu com os dados sobre uso de cosméticos, também maior nestes locais.

"Talvez por serem regiões mais quentes, as pessoas usam mais protetor solar, mas não sabemos", especula Bruno Alves Rocha, um dos principais autores da pesquisa, ao Jornal da USP.

Além das substâncias encontradas em cosméticos, nos exames das crianças brasileiras se destacou o bisfenol A, encontrada em alguns plásticos e resinas. O uso em mamadeiras está proibido desde 2012, mas mesmo assim 98% das amostras coletadas apresentavam a substância. Este valor, no entanto, foi semelhante ao das amostras de EUA e Canadá, e menores que as amostras da Índia e da China.

É preciso ter medo dos desreguladores endócrinos?

Segundo o endocrinologista Roberto Luís Zagury, em artigo ao Minha Vida, não. Certamente não há razão para pânico! Existe um grande esforço por parte das principais sociedades médicas ao redor do mundo para se entender cada vez mais sobre o tema a fim de desenvolver ações que impeçam ou ao menos minimizem os efeitos deletérios destas substâncias sobre a saúde humana.

No entanto, há pesquisas que confirmam sua ligação até com a obesidade.

Mas quais substâncias são desregulares endócrinos?

A seguir, listaremos alguns exemplos de desreguladores endócrinos e seus efeitos sobre a saúde humana, no que diz respeito a obesidade e sobrepeso:

  • Tributilina: usada como fungicida e encontrada também na poeira doméstica. Mesmo em quantidades bem pequenas é capaz de reduzir a quantidade de massa muscular e aumentar a quantidade de tecido adiposo em animais
  • Bisfenol A: encontrado frequentemente na composição de plásticos de uso doméstico (recipientes e copos plásticos, etc). Atua de forma semelhante ao estrogênio (principal hormônio feminino). Associação com a obesidade ainda é controversa, porém seus efeitos deletérios em outros campos da medicina já são comprovados. Seu uso já foi proibido nos EUA e no Brasil também
  • Flame retardants: diversos compostos usados para retardar ou impedir a combustão/aquecimento são amplamente empregados em eletroeletrônicos, materiais de construção e até mesmo na mobília de nossos lares. Diversos estudos associam a exposição precoce a estes desreguladores endócrinos ao desenvolvimento de obesidade, baixo peso ao nascer e alterações na função tireoideana
  • Ptalatos: uso para conferir flexibilidade a produtos de plástico e também como carreadores de odor em cosméticos e produtos de higiene pessoal. Se desprendem facilmente e, em seguida, se difundem no ambiente, estando presentes na poeira doméstica. Estas substâncias tem uma relação relativamente comprovada com a obesidade.
Minha Vida
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