Dormir menos de 5 horas aumenta o risco de depressão
Estudo sugere que a falta de sono é o que leva aos sintomas depressivos, e não o contrário
A ligação entre o sono insuficiente e problemas de saúde mental é bem conhecida, mas é difícil saber qual problema tende a surgir primeiro. Agora, cientistas encontraram evidências de que dormir pouco à noite de forma consistente pode ser um precursor do desenvolvimento de sintomas depressivos.
"Usando a suscetibilidade genética à doença, determinamos que o sono provavelmente precede os sintomas depressivos, em vez do contrário", afirmou a autora da pesquisa, Odessa Hamilton, da Universidade College London.
O ovo ou a galinha?
Os pesquisadores analisaram dados genéticos e de saúde de 7.146 pessoas recrutadas pelo Estudo Longitudinal Inglês do Envelhecimento. Segundo eles, tanto a duração do sono quanto o risco de ter depressão podem ser consideradas questões parcialmente herdadas geneticamente. Pesquisas anteriores já mostraram que a depressão é cerca de 35% herdada, e que diferenças genéticas explicam 40% das variações na duração do sono.
Quando os participantes do estudo foram acompanhados ao longo do tempo, os pesquisadores descobriram que pessoas geneticamente predispostas a dormir pouco (menos de cinco horas por noite) tinham mais probabilidade de desenvolver sintomas depressivos ao longo de quatro a 12 anos. Por outro lado, pessoas com predisposição genética à depressão não tinham maior probabilidade de sofrer com problemas de sono.
Mais de 10% dormiam menos de 5 horas
No geral, os participantes do estudo dormiam uma média de sete horas de sono por noite. Mais de 10% dormiam menos de cinco horas por noite no início do período do estudo, subindo para mais de 15% no final do período do estudo, e a proporção de participantes que apresentava sintomas depressivos aumentou de cerca de 9% para 11%.
Pessoas que dormiam cinco horas ou menos tinham 2,5 vezes mais probabilidade de desenvolver sintomas depressivos, enquanto pessoas com sintomas depressivos tinham um terço a mais de probabilidade de ter um sono curto. As descobertas foram publicadas na revista Nature Translational Psychiatry.
As descobertas podem apresentar uma perspectiva sombria para aqueles que já lutam com distúrbios do sono. No entanto, a pesquisadora lembra que ter sono insuficiente ou depressão não são inevitáveis, mesmo para quem tem essas tendências herdadas. As descobertas enfatizam a importância do sono para a boa saúde mental.
O conselho dos pesquisadores é evitar a procrastinação do sono, e transformar o descanso em prioridade. "Existe esse ditado comum na genética de que os genes carregam a arma e o ambiente puxa o gatilho", relatou Odessa. Ou seja: você pode ter predisposição genética para ter um transtorno de saúde mental, mas pode agir para mitigar o risco.