Auto-sabotagem no emagrecimento: por que as desculpas travam
Especialista explica como justificativas comuns bloqueiam a perda de peso
As frases que parecem inofensivas, mas travam o emagrecimento
Frases como "começo na segunda", "não tenho tempo" ou "minha genética não ajuda" são comuns entre pessoas que tentam perder peso. Essas justificativas parecem inofensivas, mas, quando se repetem, se transformam em um padrão de auto-sabotagem no emagrecimento, impedindo avanços consistentes e duradouros.
Segundo o cirurgião geral Gabriel Almeida, que atua no acompanhamento de pacientes em processo de emagrecimento, o problema raramente está na falta de informação.
"Na maioria das vezes, o problema não é falta de informação, mas as concessões que a pessoa faz para aliviar o próprio desconforto", afirma.
Assim, pequenas decisões do cotidiano acabam mantendo hábitos que dificultam a mudança.
Por que as desculpas sabotam o emagrecimento?
A auto-sabotagem dificilmente aparece como desistência direta. Ela surge em adiamentos constantes, flexibilizações excessivas da alimentação ou na escolha de não se movimentar após um dia cansativo.
Essas decisões aliviam a pressão momentânea, mas reforçam comportamentos que impedem o progresso.
Entre as justificativas mais comuns está a falta de tempo. Para o médico, esse discurso costuma esconder dificuldades de priorização.
"O 'não tenho tempo' geralmente não é ausência de horas, mas excesso de concessões", explica.
Quando genética e rotina viram barreiras emocionais
A genética também aparece com frequência como argumento para não tentar. Embora fatores hereditários influenciem o metabolismo, usá-los como sentença definitiva reduz o engajamento no processo.
"A genética pode interferir no ritmo, mas não impede a mudança. Quando vira desculpa, o comportamento já foi abandonado antes mesmo da tentativa", destaca Gabriel Almeida.
Outro ponto recorrente é a promessa constante de recomeço. O clássico "segunda-feira eu volto" cria sensação de controle, mas adia a ação.
Com o tempo, esse ciclo enfraquece a confiança da pessoa na própria capacidade de mudar.
Como romper o ciclo da auto-sabotagem
A fome emocional também tem papel central nesse processo. Comer passa a funcionar como recompensa ou alívio para estresse e frustração.
"Quando a comida vira resposta automática ao estresse, o emagrecimento deixa de ser nutricional e passa a ser comportamental", explica o médico.
Romper a auto-sabotagem exige menos rigidez e mais clareza. Para o especialista, reconhecer padrões e reduzir negociações internas é fundamental. "O emagrecimento começa a andar quando a pessoa para de discutir consigo mesma todos os dias e cria acordos mais claros", afirma.
Assim, ao identificar as próprias desculpas como sinais de cansaço, medo ou sobrecarga, o processo deixa de ser uma luta interna e se torna mais possível.
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