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Para Jamie Oliver, segredo dos centenários é comida simples

Em entrevista, chef conta como se inspirou para escrever seu novo livro viajando pelo mundo e cozinhando com pessoas na faixa dos 100 anos

2 dez 2015 - 13h11
(atualizado às 18h07)
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Foto: @jamieoliver/ Instagram/ Reprodução

No fim da década de 90, o chef de cozinha inglês Jamie Oliver provou, com seu programa na BBC, The Naked Chef, que um homem comum também pode se divertir na cozinha. Ele conquistou rapidamente a simpatia do público e ganhou enorme influência sobre os hábitos dos britânicos. Em 2005, iniciou uma campanha contra as "fast foods" nas escolas, revolucionando a política alimentar do Reino Unido.

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Em 2015, ele lançou o livro Everyday Super Food, em que apresenta receitas saudáveis e balanceadas. Para escrever o volume, ele conversou com pesquisadores e foi atrás dos segredos da longevidade de centenários mundo afora. "A maioria das pessoas com vida longa no mundo sabe de fato fazer as coisas ficarem deliciosas e cheias de nutrientes", diz em entrevista à DW.

Veja a entrevista na íntegra.

DW: Como você descreveria seus gostos como chef?

Jamie Oliver:

Gosto de comida simples, rústica. Gosto de comida que te deixa confortável, que te desarma ou te intriga. Realmente não gosto de tentar controlar demais a natureza. Adoro não tocar demais na comida. É provável que mais esforços sejam dedicados aos processos de comprar e encontrar o alimento do que ao de mexer com ele. Mas adoro isso.

E também amo o fato de hoje em dia haver a equipe do Michelin fazendo coisas incríveis e vendedores ambulantes de rua cozinhando no mesmo nível que a equipe do Michelin. É realmente muito interessante – isso em todo o mundo. É simplesmente uma bela indústria, que muda a todo o momento.

DW: Você descreveria o que está fazendo agora como uma "missão"? E você já tinha essa missão quando começou, alguns anos atrás?J.O.: Nunca nem pensei em aparecer na TV e nem nunca fui politizado. Nunca. Mas o que aconteceu há 17 anos foi normal. Quando The Naked Chef estreou, foi tudo muito louco. Foi um momento numa época com toda uma geração de cozinheiros: uma geração ligeiramente mais feminina, ligeiramente mais natural, um pouquinho mais desajeitado, um pouco mais como acontece com a comida em casa e menos como no restaurante.

Mas o mais importante foi que comecei a conversar com o público de todo o mundo. Então, quando isso acontece, isso muda você para sempre. E faz com que você aprecie as culturas. Isso faz com que você passe a apreciar a comida boa de todos os países.

A comida é sempre uma maravilhosa maneira de ver como é ser daquele país, mas também mostra as coisas que dão errado quando as pessoas estão ficando doentes, quando o diabetes tipo 2 é uma das piores coisas – como é o caso da Alemanha e do Reino Unido hoje.

Escrevi o livro Everyday Super Food, porque as pessoas estavam realmente confusas. Você sabe, as pessoas ficavam perguntando: "Quais são as gorduras boas, quais as gorduras ruins? A comida processada é boa ou ruim? Os carboidratos são ruins? Isso engorda?"

Então, eu simplesmente senti que precisaria dar uma limpeza naquele debate e acabei entrando nele. E foi por isso que conversamos com pesquisadores e professores. Estivemos nas partes do mundo onde as pessoas vivem mais e festejamos literalmente com elas. Foi muito divertido. Todas essas pessoas têm jardins. Elas não comem carne com frequência, mas quando comem é de qualidade. É uma comida bem simples, é colorida e deliciosa.

Agora que conseguimos qualquer tipo de comida em qualquer lugar, você entende que foi realmente uma honra encontrar um homem de 100 anos e perguntar: "qual é o seu segredo?" E ele responder algo como: "ovos, ovos são uma delícia! Uma proteína deliciosa. Toda manhã!". Durante 100 anos! Isso me inspirou a acabar esse livro.

DW: Escrever sobre "superfood" agora é dar um salto para a popularidade?

J.O.:

É isso: a superfood está por aí há cinco, talvez dez anos, mas ninguém comunica a respeito da comida como eu faço, em 110 países do mundo, em 220 plataformas. Minha inspiração vem do público e das minhas experiências. Se eu estiver dando um salto para a popularidade, fico orgulhoso disso. Espero que possamos levar esses valores para milhões de pessoas.

Se você simplesmente pega o conceito da superfood: o que é isso? Com frequência, a superfood é associada somente à quinoa, às sementes de chia e aos goji berries. Mas a superfood não se resume a um ingrediente. Nenhum ingrediente tem tudo.

Na realidade, a maioria das pessoas com vida longa no mundo sabe de fato fazer as coisas ficarem deliciosas e cheias de nutrientes. Eles deixam de lado as carnes processadas e preferem as carnes de boa qualidade.

É interessante notar que observei duas coisas: as pessoas que vivem mais tempo nunca ganharam muito dinheiro. E as pessoas que cozinharam as melhores refeições da minha vida também nunca ganharam muito dinheiro. Adoro a ideia de que tudo é simplesmente conhecimento: esse é o valor e o luxo. Eu realmente acredito que, quando você sabe cozinhar, não importa se você é rico, pobre ou mais ou menos na vida, isso não importa, você vai alimentar seus filhos e sua família de maneira correta. Você vai fazer festas e pode comer como um rei. Eu já vi isso.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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