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Receita dos pastéis de Belém: o segredo mais bem guardado de Portugal

5 nov 2014 - 16h36
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Farinha, azeite, ovos, leite e segredo, muito segredo. Apenas seis pessoas no mundo conhecem com exatidão a receita dos pastéis de Belém, cuja elaboração está envolvida em um de mistério que lembra o famoso caso da Coca-Cola.

Estes doces de massa folhada e creme, transformados já em um emblema da cidade de Lisboa, só podem ser degustados na capital portuguesa. O único lugar onde são servidos - sempre recém-saídos do forno, bem quentes e com canela e açúcar a gosto do consumidor - é a cafeteria "Pastéis de Belém", administrada familiarmente há gerações.

Embora em nenhuma cafeteria do país faltem os chamados pastéis de nata, em essência iguais aos de Belém, mas com leves diferenças de sabor e textura, são estes últimos os que conseguiram uma maior fama.

Em suas instalações despacham diariamente 20.000 destes doces a clientes de todo o mundo, majoritariamente chegados da Espanha e do Brasil, além dos portugueses.

Nos últimos anos caiu o número de moradores lisboetas que vão à cafeteria, queda compensada com o aumento do turismo registrado em Lisboa, até o ponto que os estrangeiros representam agora 40% dos clientes totais do estabelecimento.

No interior da cafeteria há 400 lugares sentados, distribuídos por várias salas com vidraçarias que dão a pátios interiores, pelos quais entram os raios de sol.

"Pelo menos 75% do que vendemos são pastéis de Belém e cada um custa pouco mais de 1 euro, o que faz com que faturemos mais de sete milhões de euro brutos ao ano", explicou à Agência Efe Miguel Clarinha, que administra o estabelecimento junto com seu pai e sua prima.

Os três são privilegiados. Descendentes do empresário brasileiro que comprou a receita conventual no século XIX, todos conhecem a fórmula secreta destes pastéis.

Os gerentes não fabricam o creme nem a massa dos bolos e, portanto, não lhes resta outro remédio que confiar a receita a três pessoas mais, os chamados "mestres do segredo".

Um deles é Carlos Martínez, que trabalha há 35 anos na empresa e que, há oito, conhece a fórmula secreta.

"Fabrico a massa e o creme, nada mais", declarou Carlos, que não gosta de tirar vantagem da situação apesar de ser consciente da importância que ele e seus dois companheiros, Eliseu e Victor, têm para o negócio.

Carlos reconhece que sua família e seus amigos sabem que ele é possuidor dessa receita tão particular. "Podem perguntar porque nunca vão saber", comentou entre risos.

Segundo explicaram os proprietários do negócio, quando um trabalhador passa a ser "mestre do segredo" - além de conseguir um salário muito maior aos demais - assina um contrato com uma cláusula de confidencialidade, na qual se detalha que não pode revelar a receita dos pastéis.

Em 1837 os antepassados de Miguel Clarinha criaram a cafeteria no mesmo lugar onde está agora e, no início do século XX, registraram a marca "pastéis de Belém" no mundo todo.

Hoje são milionários e transformaram seu estabelecimento em uma máquina de proporcionar prazer ao paladar. Sua localização é privilegiada, ao lado de monumentos emblemáticos da capital lusa como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerônimos.

"Ainda não temos intenção de abrir novos estabelecimentos", assegurou Miguel Clarinha, lembrando que se trata de um produto "que é preciso comer na hora, motivo pelo qual a cafeteria sempre tem que estar acompanhada da fábrica, e isso é complicado".

Assim, quem quiser provar um - ou vários - destes famosos doces não tem outro remédio que viajar até Lisboa, tomar o bonde, bordear o rio Tejo e chegar até o bairro de Belém, onde lhe espera o grande ícone da culinária portuguesa.

EFE   
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