'Disseram que era minha obrigação contratar um profissional para atuar na escola', diz mãe de criança com autismo sobre exclusão
Goleiro Cássio, do Cruzeiro, desabafou sobre a dificuldade de matricular filha com autismo. Pais relatam que problema é recorrente
Pais de crianças com autismo relatam dificuldades constantes para matriculá-las em escolas, enfrentando exclusão, exigências injustas e falta de inclusão adequada, como desabafou o goleiro Cássio Ramos sobre sua filha.
O goleiro Cássio, do Cruzeiro, usou as redes sociais para desabafar sobre as dificuldades que têm para matricular a filha Maria Luiza, de 7 anos, em uma escola. A criança é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
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“Hoje, como tantos outros pais de crianças autistas não verbais, venho compartilhar algo muito doloroso. Tenho tentado matricular minha filha em diferentes escolas, mas a resposta quase sempre é a mesma: ela não é aceita”, lamentou o jogador no Instagram.
De acordo com pais de crianças com o transtorno, o problema é recorrente. Em entrevista ao Terra Agora desta quinta-feira, 28, Helen Silva Farsura contou que o filho Vitório, de 10 anos, passou por cinco escolas diferentes em um curto período de tempo, pois as instituições não aceitavam a criança.
“O Vitório foi diagnosticado com 2, 3 anos de idade e ele já estava em uma escola. Então, a escola começou a questionar ele lá dentro porque ele estava agressivo e muitas vezes suscitou que ele não seria mais bem-vindo na escola e que era a minha obrigação contratar um profissional para atuar dentro da escola e cuidar dele lá dentro”, contou.
Na época, Helen conseguiu contratar uma psicóloga especializada, por meio do plano de saúde, para orientar a escola sobre como conduzir o ensino a criança. No entanto, a escola continuou mantendo os problemas de segregação, ou seja, separava o Vitório do convívio com outros alunos, o que a motivou a buscar outra instituição.
“O meu objetivo era mudar, mas para mudar, as escolas não aceitavam as crianças [com autismo]. Você entra em contato, falou que a criança é autista, [eles] não tem vaga e [fazem] uma série de explicações”, lamenta. “Mais de duas que aceitou, eu comprei o material, tive uma despesa enorme, e o Vitório não ficou nem um mês e foi praticamente expulso das escolas”.
Helen explica que, por Vitória ter um grau verbal, as escolas aceitam, no entanto, quando percebiam que ele precisava de um plano de condução, o recusavam. De acordo com ela, em uma das instituições, fizeram uma sala apenas para crianças com espectro autista e outros lados. “A inclusão não existe”, lamenta.
“Foi muito difícil. Quando se fala em crianças atípicas, principalmente com o espectro autista, toda mudança gera um impacto muito grande. [...] [Diziam] que ele poderia ser uma ameaça e que eles tinham uma cota para aceitar crianças atípicas e que essa cota já tinha sido excedida”, conta.
Levou dois anos para ela encontrar uma escola que realmente oferecesse o tratamento correto e humano que Vitório precisava. Para ela, é importante que as crianças tenham contato com pessoas com outros laudos, pois é necessário visar o futuro. “Ele teve um avanço excepcional. Todas as crianças ficam no mesmo ambiente, porém, os materiais são direcionados a cada tipo de atividade que a criança tem. Então, em nenhum momento tem exclusão”, diz.
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