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Roteirista de filme 'Contágio' critica cortes na saúde e políticos

O filme sobre uma pandemia foi lançado em 2011, mas voltou a ter destaque por retratar doença parecida com a covid-19, causada pelo novo coronavírus

13 mar 2020 - 15h16
(atualizado às 18h28)
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A atriz Kate Winslet em cena do filme Contágio (2011)
A atriz Kate Winslet em cena do filme Contágio (2011)
Foto: Divulgação/ Warner / Estadão

Um vírus misterioso transmitido para os humanos por morcegos causa caos global, colocando cidades inteiras sob quarentena enquanto médicos correm atrás de uma vacina e as pessoas sofrem com uma epidemia de notícias falsas. O cenário similar ao que vivemos com a pandemia do novo coronavírus transformou o filme Contágio (2011), de Steven Soderbergh, em um fenômeno quase dez anos depois de seu lançamento.

O filme teve um desempenho relevante no cinema, arrecadando mais de 150 milhões de dólares em bilheteria, carregado por um elenco com Matt Damon, Kate Winslet, Gwyneth Paltrow e Jude Law, mas com o covid-19 o filme atingiu picos de popularidade impressionante, figurando a frente de grandes blockbusters recentes como Frozen 2, Coringa e Entre Facas e Segredos na lista de filmes mais alugados do iTunes.

O roteirista Scott Z. Burns, que também assina A Lavanderia, nova parceria com Soderbergh, e '007- Sem Tempo para Morrer' deu uma entrevista à revista americana Variety, explicando o que aprendeu durante seu convívio com profissionais do Centro de Controle à Doenças americano, com membros da OMS e epidemiologistas, e como isso afeta sua visão em relação ao novo coronavírus.

Sobre a coincidência entre o filme e o que acontece no mundo real, Burns diz que ele e Soderbergh seguiram a ideia dos cientistas do que aconteceria em uma pandemia global, utilizando o SARS, outro coronavírus, como exemplo. "Eu não me surpreendi que os cientistas estavam certos. Tenho fé e confiança na ciência".

A sua maior surpresa em relação ao que ocorreu no filme é a decepção com os cortes de verba de preparo para epidemias realizados pelo governo Trump. "Eu não contemplei como roteirista viver em um governo onde cortamos a verba da saúde pública, da preparação contra epidemias e da ciência, e então fomos além e desacreditamos oficiais da saúde que estavam tentando nos proteger". "O fato que essa administração decidiu fazer isso coloca todos nós em risco".

Sobre como atua para prevenir a doença, curada no filme por uma vacina, Burns diz que está "fazendo o que os especialistas recomendam. Estou lavando minhas mãos com frequência. Estou evitando grandes aglomerações. E acho que isso é tudo que podemos fazer até termos uma ideia melhor disso". "Infelizmente a resposta oficial demorou, estamos correndo atrás", afirma.

O roteirista criticou o discurso apaziguador de alguns oficiais, que tentam minimizar o perigo da doença. "Temos membros do governo dizendo que isso não é um problema, ou isso não é uma coisa ruim. Eu acho que para mim, a parte assustadora é, mesmo que você diga que a taxa de mortalidade é em torno de 1%, se 10 milhões de pessoas ficarem doentes, são muitas pessoas que vão morrer. A maioria deles, mesmo se forem idosos, algumas de minhas pessoas favoritas tem mais de 70 anos, e precisamos cuidar deles".

A estreia de 007 - Sem Tempo Para Morrer, escrito por Burns, foi adiada de abril para novembro, em razão do novo coronavírus.

Estadão
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