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Quem precisa excluir o glúten do cardápio? Saiba as indicações

Estudo mostra que uma em cada dez pessoas se queixa de "sensibilidade ao glúten não celíaca", mas é preciso cautela antes de cortar alimentos

4 dez 2025 - 13h24
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Inchaço, desconforto abdominal, fadiga, diarreia, prisão de ventre e dor de cabeça são os principais sintomas associados ao consumo de alimentos com glúten e relatados em um estudo publicado na revista Gut. O pãozinho e o macarrão, assim como bolachas, pizzas, tortas e tantas outras preparações feitas de trigo, centeio e cevada, contêm essa proteína apontada como a causadora desses incômodos.

Estudo mostra que uma em cada dez pessoas se queixa de “sensibilidade ao glúten não celíaca”, mas é preciso cautela antes de cortar alimentos
Estudo mostra que uma em cada dez pessoas se queixa de “sensibilidade ao glúten não celíaca”, mas é preciso cautela antes de cortar alimentos
Foto: Getty Images/dstaerk / Bons Fluidos

Entenda a pesquisa

Foi atrás de informações sobre a prevalência da chamada sensibilidade ao glúten não celíaca que pesquisadores de universidades de Reino Unido, Itália, México e Estados Unidos realizaram uma revisão de 25 artigos científicos, compreendendo 49.476 participantes, de 16 países.

As análises revelaram que cerca de 10% da população relata ter o problema. "O dado impressiona, mas precisa ser interpretado com cautela", pondera o nutrólogo Diogo Oliveira Toledo, do Einstein Hospital Israelita. No estudo, grande parte dos participantes também apresentava ansiedade, depressão e síndrome do intestino irritável.

"Isso ajuda a reforçar a hipótese de que, em muitos casos, a condição se encaixa melhor dentro do espectro dos distúrbios de interação intestino-cérebro, influenciada por fatores como a microbiota e a sensibilidade visceral", afirma. Portanto, não estaria relacionada a uma reação imunológica direta ao glúten, como na doença celíaca.

A nutricionista Desire Coelho, doutora pela USP (Universidade de São Paulo) e especialista em comportamento alimentar, observa que a revisão se baseia em autorrelatos, ou seja, não foram realizados testes. "Atualmente, notamos a interferência das redes sociais e de outras mídias que podem levar as pessoas a se identificar e até mesmo passar a sentir alguns sintomas", afirma Coelho.

Os próprios autores ressaltam a autodeclaração como uma limitação do estudo, mas defendem que o trabalho pode contribuir para a orientação do tratamento personalizado, reduzindo restrições alimentares desnecessárias. Cabe destacar, inclusive, que muitos dos que se autodiagnosticaram resolveram excluir alimentos com glúten do cardápio sem nenhum respaldo médico.

Doença celíaca

Antes de seguir uma dieta sem glúten é fundamental buscar um diagnóstico e procurar entender as diferenças entre os males envolvendo a substância. Esse tipo de proteína está por trás da consistência do pãozinho, dá sustentação à massa e contribui para a crocância da casca e a maciez do miolo.

Mas também pode favorecer prejuízos à saúde em algumas pessoas. No caso da doença celíaca, a gliadina, um dos componentes do glúten, desencadeia uma resposta inflamatória que pode danificar os enterócitos, ou seja, as células intestinais. O resultado desse processo é diarreia, má absorção de nutrientes e comprometimento do estado nutricional.

A doença celíaca é classificada como um distúrbio autoimune e estima-se que atinja 1% da população mundial, sobretudo indivíduos geneticamente suscetíveis. Para o diagnóstico certeiro são necessários diversos tipos de exames. Segundo Toledo, testes sorológicos são o ponto de partida, especialmente a dosagem dos anticorpos antitransglutaminase tecidual (anti-tTG IgA) e o antiendomísio (anti-EM IgA), que ajudam a detectar a reação imunológica ao glúten.

"Em situações de dúvida, a biópsia duodenal continua sendo o padrão-ouro, pois permite identificar a atrofia em certas estruturas do intestino", explica o nutrólogo. E é fundamental que o paciente esteja consumindo glúten regularmente, antes dos exames, para evitar resultados falso-negativos.

Sensibilidade ao glúten

Já a sensibilidade ao glúten não celíaca é uma condição caracterizada por sintomas desencadeados após a ingestão de alimentos com a proteína. Para confirmar o distúrbio, não há um exame específico. "Primeiro, deve-se excluir a doença celíaca ou a alergia ao trigo", diz o médico do Einstein.

O processo envolve ainda a retirada do glúten, a investigação sobre impactos clínicos, seguida de nova exposição à substância. "O desafio é que muitos pacientes melhoram simplesmente por reduzirem alimentos classificados como ultraprocessados ou ricos em FODMAPs, o que pode confundir a interpretação", comenta Toledo.

A sigla refere-se a um grupo de carboidratos fermentáveis que desencadeiam reações, sobretudo em pessoas com a síndrome do intestino irritável. A letra F designa o processo de fermentação, O é de oligossacarídeos, D vem de dissacarídeos e M de monossacarídeos. Por fim, P é a inicial de polióis. Aspargo, alcachofra, chicória, brócolis, leite e mel são exemplos de fontes de FODMAPs.

Daí a importância de consultar um profissional de saúde antes de modificar o cardápio por conta própria. Uma vez diagnosticada a doença celíaca, o tratamento exige total retirada de preparações com glúten. "Para pacientes com sensibilidade não celíaca, a conduta deve ser individualizada, já que alguns toleram pequenas quantidades sem sintomas relevantes, enquanto outros relatam desconforto mesmo com traços mínimos", detalha o nutrólogo.

Cardápio sem glúten

Nas últimas décadas, dietas antiglúten se popularizaram com o apelo do emagrecimento, mas sem qualquer evidência científica. Assim, a substância tornou-se uma espécie de vilã. "Em alguns casos, o que se vê é um desequilíbrio no cardápio, com grande espaço para itens classificados como ultraprocessados, com excesso de farinha branca e aditivos que podem interferir com a digestão", observa Desire Coelho.

Mas o glúten acaba levando a culpa. Na ânsia de atenuar desconfortos, em vez de optar por hortaliças, frutas, grãos integrais e afins, há quem busque produtos sem trigo, centeio ou cevada. "Mas muitos deles não são saudáveis, embora sejam colocados dessa forma até mesmo nas gôndolas dos supermercados", aponta a nutricionista. Uma bela analisada nos rótulos ajuda a evitar essas enganações.

Para o médico do Einstein, em muitos casos, o foco deve ser o equilíbrio da microbiota, a melhora do padrão alimentar e a regulação da resposta ao estresse. Estratégias que, não custa lembrar, favorecem a saúde como um todo.

*Texto escrito por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein

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