Aquecimento global causa 20% dos casos de catarata, diz OMS
No Brasil, a exposição dos olhos ao sol sem proteção é responsável por provocar 100 mil novos casos do diagnóstico por ano
A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que o aquecimento global e aumento da radiação UV (ultravioleta) emitida pelo sol já responde por 20% dos casos de catarata no mundo. Isso significa que, no Brasil, 100 mil dos novos casos anuais são decorrentes do fenômeno.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor do Instituto Penido Burnier de Campinas, a catarata é o turvamento do cristalino, que perde a transparência conforme envelhecemos. Considerada a maior causa de perda da visão tratável, a condição responde no mundo por 51% dos casos de cegueira e, no Brasil, por 49%. De fato, já são bastante conhecidos pela Oftalmologia os efeitos da radiação solar na saúde dos olhos, mas a maioria dos brasileiros não tem o hábito de proteger os olhos do sol.
Uma evidência disso é o número de pessoas circulando nas ruas sem qualquer proteção ocular. Quando a radiação ultravioleta atinge o cristalino, provoca estresse oxidativo e faz a lente do olho perder antioxidantes naturais do humor aquoso, como a glutationa e a vitamina C, que previnem a desnaturação de suas proteínas conforme envelhecemos.
Outros fatores de risco incluem diabetes, tabagismo, obesidade, pressão alta e histórico de lesões ou inflamações oculares. Além disso, cirurgias oculares prévias, uso prolongado de corticosteróides e consumo excessivo de álcool também aumentam as chances de desenvolver o problema.
Como escolher os óculos de sol
O oftalmologista afirma que o mais importante na escola dos óculos é conferir no selo da haste as informações - 100% UV (UV400). Ademais, verifique se o equipamento possui o selo ABTN NBR ISSO 12321-1, a principal garantia de conformidade com os padrões de segurança.
Diagnóstico e sintomas
Queiroz Neto explica que o diagnóstico de catarata é feito em uma consulta oftalmológica de rotina. Inicialmente, a maioria das pessoas nem desconfia ter a doença, porque a visão não sofre alterações perceptíveis. Por isso, é comum a cirurgia só acontecer depois de meses, e em alguns casos mais de um ano após o diagnóstico.
De acordo com o especialista, o momento certo de operar é quando a doença começa a dificultar a realização de atividades cotidianas. Os sinais de que está na hora de fazer a cirurgia incluem troca frequente de óculos, dificuldade para enxergar ou dirigir à noite, perda da visão de contraste, fotofobia e maior ofuscamento com faróis contra.
Tratamento
A cirurgia é o único tratamento para catarata. Essa procedimento consiste em substituir o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular. "Pode ser feito com cortes manuais ou com um laser ultrarrápido. Nas duas técnicas a anestesia é local. No entanto, na cirurgia a laser, o olho fica menos tempo exposto ao calor do ultrassom utilizado para retirar o cristalino", afirma.
Portanto, a perda de células irrecuperáveis da córnea é menor. O oftalmologista ressalta que o tipo de lente usada na operação depende do vício refrativo do paciente e do estilo de vida de cada um. "Toda cirurgia é personalizada de acordo com suas expectativas e características de seus olhos", conclui.
*Texto escrito por Eutrópia Turazzi, da LDC Comunicação