O que é o Japamala e como ele é utilizado em meditações?
Um guia completo sobre o japamala - seu significado, suas origens milenares e como esse cordão pode apoiar a meditação e a proteção energética
Cada vez mais presente em práticas de meditação e espiritualidade, o japamala é muito mais do que um colar bonito. Ele é um instrumento milenar usado para apoiar a repetição de mantras, aprofundar a concentração e, ao mesmo tempo, atuar como um amuleto de proteção e fortalecimento energético.
Em diferentes tradições, o japamala é visto como um aliado para quem busca atenção plena, calma, autoconhecimento e conexão com o sagrado - seja qual for o caminho espiritual de cada pessoa.
O que é o japamala e de onde vem essa prática?
A palavra japamala tem origem no sânscrito. "Japa" significa sussurrar, murmurar, repetir internamente, enquanto "mala" quer dizer cordão, colar. Em uma tradução livre, estamos falando de um "colar de sussurrar", usado para meditar, orar e focar a mente.
Embora cordões de contas apareçam em diversas culturas, muitos estudiosos associam a forma de uso do japamala às tradições do hinduísmo e da Yoga, que mais tarde inspiraram também o budismo e, em seguida, outros sistemas devocionais ao redor do mundo. Hoje, versões de colares de oração aparecem em várias religiões. Apesar de diferenças de forma e número, a intenção é parecida: sustentar a prática devocional, organizar a repetição das orações e criar um ritmo de presença.
Estrutura do japamala: muito além de um colar
Um japamala tradicional é composto por 108 contas ou múltiplos desse número; um ponto de destaque chamado Meru ou "guru", que marca o início e o fim das voltas; um tassel ou borla, que simboliza o florescimento espiritual, a expansão da energia. O Meru geralmente é uma conta diferente das demais - maior, de outra cor ou outro material - e não é contado nem ultrapassado durante a prática. Ele representa o mestre, a consciência que orienta o caminho.
Por que o número 108 é tão importante?
O número 108 é um verdadeiro símbolo na espiritualidade oriental. Textos antigos de Yoga recomendam que os mantras sejam repetidos 108 vezes para favorecer estados de transcendência, quando a mente se aquieta e a consciência se expande.
Na visão budista tradicional, fala-se em 108 aflições ou kleshas, estados mentais que perturbam a mente e levam a ações prejudiciais. Repetir o mantra 108 vezes seria uma forma de purificar esses estados. Há, ainda, explicações simbólicas e matemáticas para esse número, e ele aparece em diferentes contextos espirituais: templos com 108 degraus, 108 yantras, séries de 108 saudações ao sol e assim por diante.
Benefícios do japamala
1. Foco e presença durante a meditação
Para quem sente dificuldade em se concentrar, ter algo entre as mãos ajuda a ancorar a atenção. O movimento de passar as contas traz o foco de volta para o corpo e para o mantra, em vez de deixá-lo se perder nos pensamentos. Por isso, muitas pessoas escolhem materiais que facilitem esse processo, como ametista, quartzos, madeira perfumada ou sementes especiais.
2. Contagem sem esforço
Em muitas tradições, recomenda-se repetir o mantra 108 vezes. Ficar contando mentalmente atrapalharia o relaxamento. O japamala resolve isso de forma prática: você apenas se concentra na repetição e deixa que as contas marquem o ritmo.
3. Proteção energética e cura
O japamala também é como um campo de memória energética. Ao longo do tempo, ele vai "guardando" a vibração dos mantras, das orações e do estado de presença de quem o utiliza. Por isso, utiliza-se frequentemente em práticas de cura energética, como Reiki, tanto por quem aplica quanto por quem recebe. Ao segurar o japamala, a pessoa se conecta com essa frequência mais elevada, favorecendo equilíbrio emocional e fortalecimento do campo áurico.
4. Disciplina e lembrança do espiritual
Usar o japamala junto ao corpo - no bolso, no peito, em um lugar discreto - funciona como um lembrete constante da espiritualidade. A cada toque, o subconsciente associa o objeto ao silêncio interno, à oração, à intenção de alinhamento. Ele se torna um símbolo de compromisso com a prática, ajudando a criar disciplina e continuidade.
5. Apoio ao autoconhecimento
A prática consistente de mantras e meditações com japamala pode acalmar a mente, reduzir ansiedade e estresse, melhorar a capacidade de concentração, fortalecer a autoaceitação e a confiança e aprofundar o contato com as próprias emoções e intenções.
Como usar o japamala na prática
Depois de energizado, procure um lugar calmo, acenda uma vela ou incenso se desejar, sente-se confortavelmente e escolha um mantra ou afirmação. Algumas orientações tradicionais:
- Segure o japamala com a mão esquerda, usando o dedo médio e o polegar para mover as contas;
- Evite tocar o cordão com o dedo indicador, que simboliza o ego;
- Comece na conta imediatamente após o Meru;
- A cada conta, repita o mantra (em voz alta, sussurrado ou mentalmente);
- Ao completar a volta, se quiser continuar, volte no sentido contrário, sem pular ou contar o Meru.
Em algumas tradições, fala-se em diferentes tipos de japa (repetição de mantras): mental, sussurrado e falado - cada um com sua força e finalidade. Mais do que um objeto bonito, o japamala é um símbolo de caminho, prática e presença. Ele sustenta o ritmo dos mantras, ajuda a mente a se aquietar, protege, organiza a energia e lembra, todos os dias, que a espiritualidade também se constrói nos detalhes: uma respiração mais consciente, uma oração repetida com o coração, um instante de silêncio no meio da rotina.