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Mau-olhado: a inveja de alguém, mesmo de longe, pode fazer mal?

O Terra ouviu pessoas de diferentes crenças para definir o que pode ser o mau-olhado e como se proteger

6 mai 2022 - 05h00
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As energias dos invejosos podem interferir no seu relacionamento - Shutterstock
As energias dos invejosos podem interferir no seu relacionamento - Shutterstock
Foto: João Bidu

Quem nunca desconfiou que aquela "amiga" não tinha uma vibe assim tão boa? Ou suspeitou que um certo "amigo" do trabalho teve inveja da promoção que você recebeu? A crença de que a inveja pode nos afetar fisicamente, através do famoso mau-olhado, é bastante difundida no Brasil, e até celebridades, como a cantora Lexa, têm medo de agouros.

Em uma publicação no Twitter, a funkeira disse que queria expor mais sua vida pessoal, mas não o fazia por medo de adoecer. 

"Claro que o mau-olhado é uma questão que herdamos muito dessa relação inter-religiosa, do Cristianismo português com as religiões de matriz africana, mas não existe uma doutrina específica sobre isso", explica o padre Lázaro Muniz, que é o coordenador da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese de Salvador. Segundo o padre, para a Igreja Católica o mau-olhado não existe.

"Mas existe a inveja, e as pessoas invejosas e maldosas podem transmitir ao outro uma negatividade, medo e intimidação", acrescenta. 

Em uma rede social a cantora Lexa relatou o limitar o que divide com os seus seguidores por "medo de adoecer"
Em uma rede social a cantora Lexa relatou o limitar o que divide com os seus seguidores por "medo de adoecer"
Foto: Reprodução/ Twitter @LexaOficial

Diferentemente da Igreja Católica, nas religiões de matriz africana o mau-olhado não só existe, como pode afetar qualquer um, e há palavras próprias para esses sentimentos: Ajogun seriam forças negativas que impedem a evolução ou crescimento, e Oju kokorok, que pode ser traduzido como "olho-ruim" ou "olho-negativo". O babalorixá Leonardo Ty Osun, sacerdote do Candomblé, explica que muitas vezes as pessoas nem sabem que podem fazer mal aos outros.

"São pessoas que possuem essa negatividade, que é uma deficiência espiritual, mas elas não sabem que atrapalham a colega, o amigo ou o próximo", diz.

Babalorixá Leonardo Ty Osun acredita no mau-olhado
Babalorixá Leonardo Ty Osun acredita no mau-olhado
Foto: Reprodução/ Instagram @paileooficiall

Inveja tem cor?

Eunice Ferrari, psicoterapeuta e astróloga, destaca que o mau-olhado é pura energia, criada pelo nosso pensamento. A especialista, que assina uma coluna de Astrologia no Terra, chama de "forma-pensamento" o que ela entende como uma energia criada que é resultante dos nossos pensamentos e das emoções que eles desencadeiam.

Segundo Eunice, se uma pessoa está energeticamente desprotegida, com seu campo de energia muito permeável ou numa vibração muito baixa, ela pode abrir espaço para o mau-olhado. A consequência é ser "sugado", também do ponto de vista energético, sem que sequer imagine a causa disso.

Psicoterapeuta e astróloga, Eunice Ferrari defende que o mau-olhado está no campo energético
Psicoterapeuta e astróloga, Eunice Ferrari defende que o mau-olhado está no campo energético
Foto: Acervo pessoal

"Quem olha com maus olhos deseja o mal, vibra em densidades baixas, suga o outro, julga de maneira irresponsável, vampiriza o que gostaria de alcançar, ao invés de se inspirar para buscar seu próprio caminho", acrescenta a taróloga Isadora Mazzoni.

Uma explicação para essa influência está relacionada ao alinhamento dos chakras. A psicóloga integrativa Priscilla Tavollassi diz que se entrarmos em contato com uma pessoa que está desalinhada energeticamente, podemos entrar naquela frequência e desalinhar nossos chakras também. 

"Algumas pessoas falam assim: 'Estou com uma inveja branca de você'. Ué? Por acaso, a inveja tem cor? Não existe inveja branca ou qualquer outra cor. Existe inveja e pronto", afirma.

O desalinhamento citado por Priscilla pode ser percebido por sintomas como cansaço e vontade de abrir a boca para bocejar. Especialistas citam ainda outros indícios físicos do mau-olhado: dores de cabeça e cabeça pesada, muito sono, perda de apetite, irritabilidade, mau humor, raiva indefinida e até comportamento deprimido.

"As emoções negativas ganham espaços dentro de nós", resume Eunice. 

A psicanalista integrativa Priscilla Tavollassi também acredita que o mau-olhado está no campo da energia
A psicanalista integrativa Priscilla Tavollassi também acredita que o mau-olhado está no campo da energia
Foto: Acervo pessoal

As redes sociais e o olho-gordo

Para os especialistas, o fato de escolhemos postar nas redes sociais os momentos felizes de nossas vidas é uma porta aberta para o mau-olhado. Até porque não há barreiras para o sentimento negativo de uns sobre os outros, como defende Eunice Ferrari. 

"Se expor, em qualquer lugar, pode abrir o espaço para a ‘forma-pensamento’ da inveja entrar. Nas redes sociais, muito mais por causa da quantidade de pessoas que estão olhando pra você", acrescenta.

O babalorixá Leonardo Ty Osun pondera que quem trabalha com redes sociais não tem muita saída, mas reforça que é importante não postar tudo o que vive. "Muitos podem ver os posts de maneira positiva, mas vai ter quem vai torcer contra. A gente sabe que vai estar te emanando energias negativas", defende. 

Mas nem toda ameça vem de fora. Para a psicanalista Priscilla Tavollassi, o perigo está um pouco mais próximo. Isso porque a exposição e a fama que deixam o indivíduo em evidência normalmente afetam de forma negativa pessoas conhecidas, e não os fãs. Estes geralmente admiram aqueles que seguem na rede social.

"O problema é aqueles que desejam estar no seu lugar. Isso normalmente é um comportamento de pessoas conhecidas daquele que se expõe", reforça. 

Então, como se defender? 

A taróloga Isadora Mazzoni acredita que a quantidade de gente de olho em nossas atualizações nas redes sociais não é problema quando cada um está conectado com sua própria fé, independentemente de qual seja. Ela tem até um lema: "não importa o tamanho da sua plateia, o importante é o tamanho do seu escudo". 

Isadora recomenda ainda não dar espaço para pessoas mal intencionadas nem consumir notícias negativas demais. "Vigiar mesmo", resume.

Tanto Eunice Ferrari quanto Priscilla Tavollassi defendem que a proteção vem de dentro e depende de cada um. 

"Para nos protegermos dessas armadilhas, devemos primeiro estar bem com a gente, sem emoções negativas, ou seja, numa vibração mais elevada. Para conseguir elevar nossa vibração, devemos estar conectados a bons sentimentos. A meditação ajuda muito também, porque nos conecta aos nossos mentores espirituais", indica a astróloga. 

O sacerdote Leonardo Ty Osun recomenda ainda se apegar àquilo em que cada um acredita. Quem professa a fé nas religiões de matriz africana pode apostar em banhos, defumação, incensos e visitas ao terreiro para afastar de vez o mau-olhado. 

O padre Lázaro Muniz acredita que o poder da oração deve ser maior que o medo do mau-olhado
O padre Lázaro Muniz acredita que o poder da oração deve ser maior que o medo do mau-olhado
Foto: Sara Gomes

E mesmo que para a Igreja Católica isso não exista, o Padre Lázaro Muniz não duvida que a oração é também uma forma de proteção contra os agouros.

"A nossa direção é Jesus Cristo, como diz o Salmo 91: 'Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei'", cita o sacerdote católico. "Nós não teríamos um santo específico da Igreja para combater o mau-olhado, mas o próprio Jesus é nossa defesa", afirma. 

Fonte: Redação Terra
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