Dormir apenas 4 horas causa o mesmo impacto que tomar 6 cervejas, diz especialista

Na correria do dia a dia, muita gente encara o sono como algo "negociável". Trabalho, telas, compromissos e até o hábito de dormir tarde criaram uma rotina em que descansar virou quase um luxo. Mas, segundo especialistas, essa prática tem um impacto muito mais sério do que parece.

Prejuízos de dormir pouco

Segundo Nuria Roure, psicóloga especializada em distúrbios do sono, dormir por apenas 4 horas pode prejudicar tanto quanto o consumo de álcool. Em entrevista ao O Globo, ela explica que pessoas privadas de sono podem apresentar, segundo ela, "um nível de atenção e concentração semelhante ao de alguém que consumiu cerca de seis cervejas". 

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O alerta vai na contramão da ideia de que "dormir pouco é sinal de produtividade". Por anos, figuras públicas e líderes se orgulharam de sobreviver com poucas horas de descanso, um comportamento que especialistas consideram perigoso. Atualmente, entende-se que o sono deve ser tratado com a mesma importância (ou até mais), que damos aos exercícios físicos, à nutrição e à saúde mental.

A privação de sono e seu preço

Dados da Sociedade Espanhola do Sono mostram que a média de descanso dos espanhóis é de apenas 6 a 6h30 por noite - bem abaixo das 7 a 8 horas recomendadas. E os efeitos dessa carência vão muito além do cansaço: redução da memória e da capacidade de concentração; risco aumentado de acidentes no trabalho e no trânsito; dificuldade em tomar decisões e raciocinar com clareza e prejuízo no controle emocional.

Durante o sono profundo, o cérebro consolida memórias, faz uma espécie de "limpeza" metabólica e regula funções essenciais. Quando isso não acontece, o corpo começa a dar sinais. No longo prazo, dormir pouco está associado a hipertensão, obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e enfraquecimento do sistema imunológico.

Como dormir melhor? Siga esses passos

Criar uma boa rotina de sono é um investimento em saúde, bem-estar e desempenho cognitivo. Para começar, os especialistas sugerem:

1. Estabeleça uma rotina regular: dormir e acordar sempre nos mesmos horários ajuda o corpo a reconhecer o momento de descansar. É como treinar o relógio biológico;
2. Evite estimulantes no fim do dia: café, chás estimulantes e até chocolate devem ser reduzidos após as 16h. Refeições pesadas à noite também atrapalham;
3. Acalme a mente antes de deitar: resolver pendências mentais, organizar as preocupações ou adotar práticas relaxantes faz diferença. Quanto menor o estresse, mais fácil pegar no sono; 
4. Desconecte-se do celular: a luz das telas impede a liberação da melatonina, o hormônio do sono. Idealmente, desligue o celular pelo menos uma hora antes de dormir.