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Como lidar com uma geração que troca de estímulo em segundos?

A dificuldade que muitos adolescentes demonstram para sustentar atenção e lidar com tarefas mais longas não é apenas um fenômeno geracional

25 nov 2025 - 17h24
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A dificuldade que muitos adolescentes demonstram para sustentar atenção e lidar com tarefas mais longas não é apenas um fenômeno geracional. Especialistas afirmam que o comportamento dos adultos tem papel decisivo na formação dessa impaciência perante o estímulo. Estudos da Universidade de Cambridge mostram que o tempo médio de foco contínuo entre jovens caiu cerca de 31% na última década. E educadores observam que a maneira como as famílias e a sociedade consomem informação também contribui para esse cenário.

Especialistas afirmam que o comportamento dos adultos tem papel decisivo na formação dessa impaciência perante o estímulo
Especialistas afirmam que o comportamento dos adultos tem papel decisivo na formação dessa impaciência perante o estímulo
Foto: depositphotos.com / IgorVetushko / Bons Fluidos

Estímulo vs atenção dos adultos e adolescentes

O diretor do PB Colégio e Curso, Hugo de Almeida, explica que a impaciência não nasce apenas das telas, mas do ambiente social que cerca o jovem. O adulto moderno, muitas vezes, também perdeu a tolerância ao ritmo mais lento. Responder mensagens enquanto realiza outras tarefas, assistir a vídeos em velocidade acelerada, desistir rapidamente de leituras longas e buscar soluções imediatas para tudo, por exemplo, são comportamentos comuns entre os pais. "É difícil pedir que o adolescente sustente foco quando ele vê, diariamente, adultos que também não conseguem sustentar. Vivemos todos em um tempo acelerado. O jovem reproduz esse ritmo", afirma.

Pais como referência

Segundo Almeida, essa imitação é natural, porque o comportamento do adulto serve como referência emocional e cognitiva. Quando pais demonstram dificuldade para esperar, lidar com frustrações ou manter constância em seus próprios hábitos, o jovem absorve essa lógica e a reproduz no processo escolar. Dessa forma, muitos estudantes chegam à escola com ansiedade elevada. Parte dessa se forma em casa, a partir de modelos familiares que também são marcados pela pressa.

Consequências na escola

Nos corredores do colégio, é comum que professores percebam situações em que o aluno desista de uma atividade mais longa simplesmente por estar acostumado à dinâmica imediata. Em alguns casos, inclusive, a resistência pode surgir em momentos simples, tal qual a leitura de um capítulo inteiro de um livro ou a resolução de exercícios que exigem várias etapas. O profissional explica que a sensação de desconforto aparece rapidamente e que o jovem tende a interpretá-la como incapacidade, quando na verdade é apenas falta de hábito.

O que fazer para combater este estímulo?

Para combater isso, o diretor destaca que o ambiente precisa funcionar como um contraponto à aceleração externa, oferecendo espaços silenciosos, tempo de leitura contínua e atividades que exijam construção por etapas. Ademais, as famílias têm um papel essencial nesse processo. Então quando os adultos estabelecem limites claros para o uso de telas, respeitam momentos de silêncio, leem com constância ou demonstram paciência em tarefas pessoais, enviam ao jovem uma mensagem poderosa sobre disciplina e autocontrole. "O adolescente observa tudo o que o adulto faz. Não adianta pedir calma mostrando pressa. Não adianta cobrar concentração vivendo disperso. O exemplo tem um peso enorme na formação do hábito de estudo", declara.

Por fim, recuperar a paciência para estudar é algo que vai além da vida escolar. A capacidade de lidar com processos longos é uma habilidade de vida, essencial para maturidade emocional e intelectual. "A profundidade não nasce da pressa. Ela nasce da permanência. Quando formamos um estudante capaz de sustentar um processo, estamos formando um adulto mais seguro e mais preparado para o mundo", conclui.

*Matéria feita em parceria com Adriana Hercowitz, da Agência A Mais

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