Cássio Scapin, Rosi Campos e Barbara Bruno refletem sobre longevidade: 'A vida é muito curta para a gente se levar a sério'
Segundo o IBGE, a população do Brasil está envelhecendo. O último censo revelou que havia 33 milhões de idosos, ou seja, o dobro de pessoas 60+ das últimas duas décadas
Segundo o IBGE, a população do Brasil está envelhecendo. O último censo revelou que havia 33 milhões de idosos, ou seja, o dobro de pessoas 60+ das últimas duas décadas. Pensando nisso, a CARAS realizou o Caras Talks Longevidade e convidou três artistas para falar sobre o assunto. Dessa forma, Barbara Bruno, Cássio Scapin e Rosi Campos, bateram um papo, abordando humor, a profissão e fé. Leia abaixo:
Cássio Scapin, Rosi Campos e Bárbara Bruno sobre a longevidade
"Finitude imediata bate em mim"
Primeiramente, Cássio Scapin inicia o bate-papo enfatizando que "a velhice, apesar de ser igual para todos, não é democrática". E acrescenta: "A população no Brasil está envelhecendo, temos uma grande faixa e não sabemos muito o que fazer com nossos idosos. Por exemplo, eu tenho uma mãe de 84 anos, e eu estou ficando idoso, então não sei muito como cuidar dessa velhice próxima que está de mim. Um homem de 62 que está cuidando dela, e esta proximidade com a finitude imediata bate em mim de uma maneira muito difícil".
"Com o humor, começamos a viver"
E por causa disso, ele ressalta que a vida precisa de leveza. "É muito curta para a gente se levar a sério. Ela fica muito pesada, então eu acho que você tem que olhar para as coisas que te acontecem no cotidiano, e encarar aquilo com bom humor. Os tropeços que acontecem no seu dia a dia; tem que enxergar isso com felicidade, porque está vivo. Assim, consegue olhar a situação que, às vezes, é absurdamente estúpida, pela qual está ficando irritado. Então o humor, eu acho, que serve para isso", opina.
E Barbara Bruno, por sua vez, complementa: "O humor é fundamental. Sem ele, a vida é muito sem graça. E se não o tivermos, só sobrevivemos. Com o humor, começamos a viver". E falando nisso, a artista reflete sobre o viver. "O tempo vai passar para todos. Então não adianta irmos contra ele, temos que ir a favor. Temos que aproveitar o que temos de melhor. Então se o tempo passa, eu não quero buscar a juventude eterna, porque ela não existe e ainda bem! Porque se existisse, nós não evoluiríamos", afirma.
E continua: "Então primeiro é a aceitação, temos que aceitar que o tempo passa e perceber que isso é a favor de nós, desde que tenhamos o estímulo de não pararmos, de aprendermos sempre e procurarmos trazer esse estímulo. Nesse ponto, a nossa profissão é realmente privilegiada, porque desde sempre, aprendemos que não sabemos nada. Cada personagem que fazemos, temos que começar do zero, por mais tempo de janela que tivermos. O frio na barriga existirá sempre, porque o mergulho sem rede protetora ocorrerá toda vez".
"Estamos sempre aprendendo"
Rosi Campos, então, aproveita o momento para agregar a conversa. "Aprendemos muita coisa a cada papel que fazemos. Nunca ficamos parados. Mas nossa profissão tem essa maravilhosidade de estarmos sempre aprendendo com pessoas incríveis. São muitas vidas, eu acho isso muito rico", conta. Por fim, falam sobre espiritualidade, e a intérprete de Morgana, no Castelo Rá-Tim-Bum, acrescenta que a profissão a ensinou muito: "Nos livramos de muita coisa. Aprendemos a dizer não, e isso é difícil, os vampiros energéticos, demoramos para perceber. O que é teu, é teu, e o que é meu, é meu. Se você conseguiu construir, o mérito é seu".
O ator que viveu Nino, na mesma série da TV Cultura, contribui para o raciocínio. "Deus está no outro, no próximo, então não preciso tê-lo lá, se eu reconhecer que a outra pessoa é Deus tanto quanto eu sou", expõe. Bruno, que atualmente está na continuação de 'Mundo da Lua', conclui o papo.
"Eu acho que a religiosidade é absolutamente individual, tem que ser respeitada, porque é uma questão de fé. E a fé é absolutamente pessoal. Eu costumo dizer que o ateu é a pessoa de maior fé que eu conheço. Porque para você ser, tem que ter uma fé inabalável em si próprio. O teatro te possibilita uma coisa que, para mim, liga direto a minha religiosidade, porque, no teatro, eu aprendi a não julgar, porque fui obrigada a desenvolver raciocínios e sentimentos que jamais teria na minha vida pessoal", finaliza.
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