No inverno reina a "sabota", mistura de sandália e bota
Há algumas temporadas, os sapatos estão ficando mais robustos. Plataformas, saltos altíssimos, materiais e combinações exóticos dão a tônica nas criações. Neste inverno, as botas apareceram, como é praxe, mas muitas vieram com uma cara diferente, com um toque, digamos, mais tropical.
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Trata-se da sabota, mistura de sandália e bota que faz parte das coleções de marcas nacionais e internacionais. O modelo tem o formato de uma bota de cano curto, com altura que para no meio da canela (a ankle boot) ou no meio da perna, mas traz aberturas no bico, o chamado modelo peep toe, nas laterais ou vem toda recortada, deixando mesmo os pés à mostra.
Este último exemplo é o caso do modelo Cage, da marca Yves Saint Laurent, feita de tiras de couro que lhe deram aspecto de gaiola. O modelo ganhou os pés de Marion Cotillard, Leighton Meester, Becki Newton, Tilda Swinton, entre outras. Fora a Cage, basta dar uma olhada em fotos de eventos pelo mundo afora para ver que a sabota substituiu os modelos de bota convencionais e as sandálias de tirinhas finas. E no frio, basta colocar meia. "É a proposta mais interessante, esse sapato híbrido, que não é sandália nem bota", reforça a stylist Thais Mol.
Modo de usar
Mas como usar esses modelos chamativos? A receita é simples: faça deles o centro da roupa. Feitos para serem mostrados, não devem ficar cobertos por barras de calças ou saias longas. Portanto, use com roupa curta, se o seu estilo e ambiente de trabalho permitirem. "Ou com calça justa", lembra Thais.
O curto no caso significa comprimentos no joelho ou acima dele. "Não use nunca com roupas de comprimentos entre o joelho e o tornozelo", explica a especialista. Isso porque não se pode deixar "faixas" de pele ou de tecidos, fazendo muitos "cortes" na silhueta.
No caso de você se sentir desconfortável ou precisar cobrir a pele, as meias opacas e mais grossas são boas opções. Uma sugestão aí seria usar meia no mesmo tom da roupa para dar aspecto mais longilíneo. Se usar peças curtinhas não for um problema, Thais recomenda os shorts. "Pode até ser o modelo jeans com bota. Esse é um look mais fashion."
Para usar com calças e ainda seguir mostrando o calçado, a sugestão é dobrar a barra da peça, deixando-a mais curta, mas neste caso é preciso ter cuidado. "Essa combinação não deve pegar, principalmente com as calças tipo baggy ou cenoura, que voltam nas propostas das marcas, porque aumenta o volume do quadril e das pernas", explica.
Por não ficar bem com comprimentos longos, a sabota é calçado mais casual e vai do dia-a-dia até uma festa e coquetel. Para ocasiões mais formais, como casamentos ou festas black-tie, as sandálias ainda são a opção.
Pesquisa
O estilista paranaense Jefferson Kulig faz sabotas há seis anos. Elas sempre foram sua marca-registrada desde que passou a desfilar no São Paulo Fashion Week em 2003. Para ele, significa a oportunidade de usar bota num país de temperaturas amenas ou quentes como o Brasil. "Combina o conforto com a personalidade da bota", diz.
Kulig começou a desenvolver suas sabotas fazendo pesquisas em materiais e formas ortopédicas. "Primeiro lancei uma versão rasteira, depois com salto e a seguir muitas versões, como a recortada a laser, com aplicação de vários materiais." No inverno 2009, ele apresentou uma versão de salto e bico finos. Em seu desfile verão 2009/2010, a sabota pisa novamente na passarela.
E o desejo por sapatos mais pesados deve continuar em alta na próxima temporada, mesmo sendo verão aqui no Brasil. "Têm mais personalidade, chama mais atenção para os pés. A sandália de tiras desaparece, parece que a mulher está andando nas nuvens. Com um modelo mais fechado, a mulher pisa mais forte, tem postura mais ativa. O momento não é de fragilidade e esses modelos trazem um pouco do peso do masculino", diz Thais Mol.
De utilitária para a moda
As botas sempre fizeram parte do guarda-roupa feminino, mas apenas nos anos 1960 é que ganharam ar de moda. Até então, tinham sido o modelo de calçado usado por mulheres do século 19, durante o dia ou noite e em todas as estações. Depois, passou a ser usada para proteger os pés em dias de chuva ou frio, por exemplo. Mas ao virar item de moda, surgiram as feitas nos mais diversos materiais, como plástico, vinil, e em todas as alturas.