ONGs transformam "lixo" em acessórios fashion no FB
- Rosângela Espinossi
- Direto do Rio de Janeiro
Guarda-chuva quebrado, lonas de banner e faixas de publicidade, redes de camarão, galhos secos, sacolinhas plásticas. Tudo isso deveria estar no lixo, não? Não. Um estande do Fashion Business, que acontece até o dia 13 no Rio de Janeiro, reúne quatro ONGs que utilizam produtos descartados, prova que é possível criar e transformar lixo em luxo.
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A ONG Rio Economicamente Solidário (Rio Eco Sol) oferece carteiras feitas com o náilon de guarda-chuvas descartados, colares com sobras de tecidos, camisetas enfeitadas com detalhes de outras roupas doadas, flores com jornais, peças com revista em quadrinhos e fitas cassete. A entidade trabalha com artesãs e comunidades que se unem para reutilizar produtos que iriam para o lixo.
Com um espaço em uma agência do Banco do Brasil de Copacabana, as artesãs oferecem peças diferenciadas. "Usamos tudo o que é possível reutilizar", afirma a artesã Severina Gartner, da Cidade de Deus. As comunidades do Alemão, Santa Marta e Manguinhos também trabalham na ONG.
A Onda Carioca, da comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, reutiliza lonas vinílicas de publicidade. Os próprios desenhos dos anúncios enfeitam bolsas, carteiras, malas, cujos preços ao público final começam a partir de R$ 40. A diretora da ONG, Luciana Accioly, coordena o projeto Costurando o Futuro, que cria os acessórios em conjunto com a Escola de Design da Universidade Veiga de Almeida.
Charmosas é outra ONG, criada no bairro Engenho da Rainha, que usa sacolas plásticas, por exemplo, para criar broches a partir de R$ 10. Casca seca de coqueiro se transforma em brincos e colares, além de pedaços de chamois e outros tecidos. Eliandra Fidellis, fundadora da ONG, que atua também no Complexo do Alemão e Juramento, afirma que usa tudo o que a comunidade descarta. "Transformamos em acessórios, como colares e bolsas".
Bolsas e carteiras também são criadas pela ONG Redeiras, formada por dez mulheres de pescadores de Pelotas, na região sul do Rio Grande do Sul. "Depois de quatro safras de pesca (quatro anos), as redes são descartadas. Antes eram jogadas na praia, agora, pegamos os fios que são de algodão e fazemos bolsas em teares e com crochê", conta Karina Portela, uma das integrantes da entidade, que também faz biojoias a partir de escamas de peixes.
Semana de moda carioca
O Fashion Rio, um dos maiores eventos de moda do País, está em sua 20ª edição e acontece entre 10 e 14 de janeiro, no Píer Mauá, no Rio de Janeiro. Já a 19ª edição da bolsa de negócios de moda Fashion Business, a maior da América Latina, vai até 13 de janeiro, no Jockey Club Brasileiro, também na capital carioca. No total, são 49 desfiles que tomam as passarelas do Rio de Janeiro em seis dias, incluindo as apresentações dos novos talentos, que acontecem no Rio Moda Hype, nos dias 10 e 11 de janeiro.