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Beleza para todos? Bruna Rodrigues reflete sobre os desafios da acessibilidade no mercado de beleza

22 nov 2025 - 00h15
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A indústria da beleza evoluiu em diversidade, tecnologia e inovação, mas ainda enfrenta um ponto sensível: a acessibilidade. Em um setor que movimenta bilhões e dita padrões culturais, nem todas as pessoas conseguem consumir, entender ou acessar produtos, serviços e conteúdos de forma igualitária. Seja pela comunicação pouco inclusiva, embalagens que não consideram diferentes necessidades ou preços que afastam grande parte da população, o mercado ainda tem barreiras que limitam quem pode, de fato, participar dessa experiência.

Foto: Bruna Rodrigues
Foto: Bruna Rodrigues
Foto: Influenciadora de Beleza / todateen

Discutir acessibilidade na beleza é reconhecer que transformar o setor não é apenas uma tendência — é uma responsabilidade social e um passo essencial para construir um mercado mais real, justo e representativo.

A influenciadora Bruna Rodrigues participa da conversa trazendo seu jeito único de ensinar: com um tripé, leveza e tutoriais de makes acessíveis e sem complicação

Foto: Bruna Rodrigues – Influenciadora de Beleza / todateen

Bruna Rodrigues é influenciadora de beleza há 5 anos. Aos 2 anos de idade, foi diagnosticada com uma síndrome raríssima e pouco conhecida mundialmente, a Fibromatose Hialina Juvenil. Sua entrada no universo da influência aconteceu por acaso, sem grandes expectativas. Na época, havia trancado a faculdade e passava os dias em casa sem muito o que fazer.

Apaixonada por beleza desde sempre, Bruna foi incentivada por pessoas próximas a compartilhar como se maquiava — utilizando um pedaço de isopor como apoio, método que usou por 16 anos. Devido à sua condição, ela não consegue encostar as mãos no rosto, o que sempre exigiu uma ferramenta que a ajudasse a alcançar a pele.

Com o tempo, ela mesma desenvolveu uma solução própria: o Tripé Beauty. O que começou como passatempo acabou se tornando propósito. Hoje, Bruna usa sua voz para representar e dar espaço a tantas pessoas com deficiência que se sentem silenciadas e excluídas no universo da beleza.

Mais do que isso, ela faz questão de mostrar que pessoas com deficiência não são definidas por ela. Por trás de cada corpo existe uma história, vivências, habilidades e potencial para ser o que quiserem. Bruna está aqui para quebrar e desmistificar padrões — dentro e fora da beleza.

O que é acessibilidade?

Acessibilidade para mim é uma marca na hora de criar qualquer produto pensar e incluir PCDs no seu público de consumo, como qualquer outra pessoa. Porque não é porque temos algum tipo de deficiência que não possamos consumir e comprar produtos de beleza. Então é trazer a diversidade real e de verdade, produtora funcionais, embalagens mais fáceis de serem usadas. Não precisa de uma SUPER INOVAÇÃO para isso. Coisas simples já faz a diferença e todos consigam usar e pertencer no mundo Beauty.

Você sente que as marcas estão abertas ao diálogo com consumidores PCDs?

Acredito que aos poucos as marcas estão entendendo mais a importância de incluir esse público para perto. E começando a buscar a aprender esse mundo de acessibilidade e inclusão. Obviamente ainda é mais marketing e pouca ação! Acho extremamente necessário e importante que os profissionais que cuidam do marketing e desenvolvimento de produtos das marcas busquem estudos ou contratem PCDs que prestam consultorias para mudar essa nossa realidade.

Na sua opinião, quais são os principais fatores que o setor ainda falha em termos de acessibilidade?

É falha em todos esses setores. Pecam muitas vezes nas embalagens pouco funcionais, pecam na representatividade e inclusão somente em datas importantes. Falha em não contratar quem tem lugar de fala nas campanhas e desenvolvimento no geral. Falha na comunicação de ser para todos e não ter nenhum influencer/modelo PCD junto as outras pessoas.

Produto x Acessibilidade

Particularmente nas minhas redes sociais eu nem abordo muito sobre acessibilidade das embalagens porque cada deficiência tem a sua necessidade e particularidade. Então até o que é acessível para muita gente, para mim, não é e vice versa! Mas sim, já teve vários produtos que deixei de usar por não conseguir de jeito nenhum sozinha ou ser muito trabalhoso de usar. Tanto em questão de embalagem, quanto em fórmula de produtos mesmo. Exemplo disso são: essas embalagens de varinhas com o cushion na ponta eu deixei de usar por não conseguir. Produtos que secam extremamente rápidos ou tints nas bochechas eu não consigo utilizar, porque não dá tempo de esfumar por ser secos demais! Embalagens muito diferentonas e muito grandes, eu não consigo encaixar no meu tripé e consequentemente também não da para usar.

Como influenciadora, você sente que há espaço para corpos e vivências diversas dentro do conteúdo de beleza? Ou ainda existe um padrão que precisa ser quebrado?

Com certeza há espaço sim. O que falta é dar OPORTUNIDADE e credibilidade a nós para quebrar esses padrões de beleza perfeita. E é um dos motivos pelos quais mesmo tendo muitos NÃOS, sendo muito difícil e exaustivo sigo em frente com o meu trabalho com a expectativa de mudar essa perspectiva.

Você já sofreu capacitismo nas redes ao falar sobre beleza?

Quem nunca né? Quem coloca a cara a tapa para milhares de pessoas como a internet está sujeito em algum momento receber hates e comentários capacitistas. Acho que não é comum ou "normal" para as pessoas sem deficiências, verem nós trabalhando, querendo ter voz e tendo seu momento de autocuidado, autoestima ou simplesmente vivendo como qualquer outro ser humano. Eu lido bem, não teve nada que me fizesse desacreditar de mim ou me fazer parar! Sem quem eu sou, o que estou fazendo e onde quero chegar! As pessoas que lute com suas próprias questões e frustrações dentro delas.

O que gostaria de ver mais no mercado de beleza quando falamos em inclusão e acessibilidade?

Falando de inclusão, sem sombras de dúvidas é dando visibilidade e lugar de fala a nós PCDs seja nos comerciais, nas publicidades, como modelo, nos perfis de todas as marcas. Não só em datas comemorativas! Mas todo o sempre. Agora falando em acessibilidade: produtos funcionais, embalagens leves fácil de rosquear, de abrir. Embalagens antiaderentes para não escorregar ao segurar e abrir. Identificação do nome do produto em alto relevo para que pessoas com deficiência visual consiga identificar o que está usando. São algumas das possibilidades simples, mas que fazem total diferença para quem tem dificuldades!

Um recado direto para marcas de beleza

O recado que eu daria as marcas é: escutarem quem tem lugar de fala. É dar oportunidade, espaço real para influenciadores e clientes/consumidores PCDs. Isso que é diversidade real e para todos!

É o que eu falo pra mim mesma todos os dias. É difícil, exaustivos e solitário! Já temos muitas lutas e preconceitos no caminho. Mas não podemos desistir de lutar, de cobrar pelo nosso espaço e pelos nosso direitos. Quanto mais vozes PCDs tivermos, mais chances teremos de mudar essa história e quem sabe se tornar um mundo mais inclusivo. Sem negligenciar a nossa capacidade!

todateen
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