Quem são Kenya e Pupy, elefantas em cativeiro da Argentina que se mudaram para santuário no Brasil
Animais viviam há mais de 30 anos no país vizinho e agora vivem no Santuário dos Elefantes, no Mato Grosso, onde terão contato com a natureza
O Brasil está ganhando da Argentina quando o assunto é qualidade de vida para elefantes. Em abril, a elefanta Pupy, que viveu por mais de 30 anos em cativeiro no ecoparque de Buenos Aires, recentemente desativado, se mudou para o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, para ter uma vida mais próxima da natureza.
Agora é a vez da Kenya, que vem do antigo ecoparque de Mendonza, região da Argentina próxima ao Chile. De acordo com o Santuário dos Elefantes Brasil, ela está sendo transportada nesta segunda, 7, por caminhão apropriado, e passou recentemente a fronteira da Argentina com o Brasil. Já são três dias de estrada. Ela deve chegar ao destino final até quarta.
Cuidadores a acompanham e compartilham detalhes da viagem na página do Instagram do Santuário. "Vinda de um ambiente estéril, o contato com a natureza será essencial para seu processo de cura — física e emocional", escreveu a instituição, que é uma sem fins lucrativos e especializada em acolher animais resgatados.
- Desde 2016, a rede ecoparque, da Argentina, fechou as portas e tem realocado seus animais, como chimpanzés, orangotangos e ursos, em reservas e santuários;
- O objetivo é priorizar o bem-estar dos bichos, uma vez que poderão viver em locais adequados às suas necessidades, e focar na conservação das espécies nativas;
- Mais de 1.000 animais já foram realocados.
No parque brasileiro, são cerca de 1,5 mil hectares de ambiente natural, onde os animais podem andar livremente e fazerem atividades naturais, como procurar comida. O espaço funciona com a ajuda de doações, que podem ser feitas pelo site.
As duas elefantas, Pupy e Kenya, de origem africana, vão conviver com as outras cinco elefantas, todas de origem asiática, já residentes do parque - Maia, Rana, Guillermina, Bambi e Mara.
Um terceiro elefante da Argentina, macho e de origem asiática, também deve vir de Mendonza para o Brasil em breve. O contrato de resgate já foi assinado, mas ele ainda não passou por treinamento nem recebeu licença para mudar de país.
Quem é Pupy?
Pupy nasceu na década de 1980 no Parque Nacional Kruger, na África do Sul. Em 1993, quando estava com cerca de cinco anos, foi transportada para a Argentina, onde passou a viver no zoológico Templo Hindu dos Elefantes - posteriormente chamado de Ecoparque Buenos Aires -, no centro da capital argentina. No zoológico, vivia com uma outra elefanta, de origem asiática, que faleceu em outubro de 2024.
Pupy chegou ao Brasil em 18 de abril deste ano. Segundo o SEB, é doce, curiosa, pacífica e tem dois apelidos: Pupyzinha, Little Monkey. Fisicamente, possui alguns problemas nas juntas e "parece mais velha do que realmente é".
"Como a maioria das elefantas africanas, tem uma personalidade marcante. Ainda assim, demonstrou paciência e calma durante todo o tempo em que a conhecemos", diz a ONG. "Adora melancia e é especialmente fã dos picolés de frutas no verão. Também gosta de galhos secos, bambu e, especialmente, de feno de capim. Embora ainda seja nova no Santuário de Elefantes Brasil, está se adaptando muito bem."
Quem é Kenya?
Kenya tem 44 anos e foi levada a Mendoza com apenas 4 anos de idade. É reservada, defensiva, está um pouco acima do peso e, pela primeira vez em décadas, terá a chance de desenvolver uma nova amizade com outra elefanta, Pupy.
"Uma vez perseguiu um repórter que estava ao lado dela fazendo uma reportagem", diz o SEB sobre uma curiosidade de Kenya. "Ela também vem com um histórico de arremesso de pedras e comportamento agressivo."
"Por ser uma elefanta sensível, parte essencial do nosso trabalho tem sido conquistar sua confiança para que se sinta segura. Com dedicação dos tratadores e muita paciência, Kenya finalmente demonstrou tranquilidade."
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