Pré-COP começa em Brasília: o que deve causar 'briga' entre países?
Último aquecimento antes de conferência em Belém ajuda a mapear pontos de atrito e acordo
Começou em Brasília nesta segunda-feira, 13, a Pré-COP, último evento preparatório para a COP-30, que acontece em Belém em novembro.
O encontro dura dois dias e reúne cerca de 500 representantes de 50 países na capital federal para fazer os alinhamentos técnicos e políticos finais antes da COP.
"É para mapear onde vai ter briga, esse é um dos objetivos", resume o secretário executivo do Observatório do Clima Márcio Astrini, colunista da Rádio Eldorado, do Grupo Estado.
Segundo Astrini, a Pré-COP é uma espécie de treino que indica o que os países querem da conferência naquele ano, quais os pontos de atrito e as possibilidades de acordo.
O "humor" dos participantes vai ser avaliado pela presidência brasileira, ajudando a traçar o plano de como conduzir a conferência climática no próximo mês.
Um dos riscos é travar as negociações logo de início, caso os países não aceitem seguir a agenda proposta pelo Brasil. A adoção da agenda é decidida em votação.
"Se essa agenda não é acordada, a COP não começa e pode dar problema", afirma Astrini. "Isso tudo vai ser medido aqui (na Pré-COP)."
Dinheiro, participação, logística
O financiamento climático e a participação dos países na COP-30 estão entre os temas que podem provocar desentendimento e atravancar a conferência.
A nova meta de financiamento climático global acordada na COP-29, em Baku, deixou muitos países em desenvolvimento (incluindo o Brasil) descontentes, por considerarem os valores fornecidos pelos países ricos insuficientes para a implementação de ações de redução de emissões e de adaptação.
Outro ponto que ainda pode atrapalhar a conferência no Brasil é a logística.
Após uma prolongada crise relacionada à hospedagem, a COP-30 já ultrapassou o quórum mínimo de dois terços de delegações confirmadas, tendo como referência o total de 190 países signatários do Acordo de Paris.
Ainda assim, devido ao alto custo da acomodação, muitas delegações serão reduzidas. Segundo Astrini, essa diminuição no número de delegados pode prejudicar o ritmo da conferência.
"Nesses dois dias, vamos ter essa checagem geral de temperatura e pressão, e de quanta liberdade a presidência brasileira (da COP-30) vai ter para trabalhar", diz o colunista.