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El Niño e mudanças climáticas: impactos no setor elétrico

As mudanças na intensidade e frequência do El Niño, também irão impactar em efeitos regionais mais intensos.

24 ago 2023 - 19h27
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por Marcely Sondermann - Meteorologista

As mudanças climáticas estão associadas às alterações nos padrões climáticos médios de uma região ou do planeta como um todo durante um longo período de tempo. Essas mudanças são fortemente influenciadas pelas atividades humanas que são responsáveis pelo aumento dos gases do efeito estufa na atmosfera, provocando uma maior retenção de calor e, consequentemente, um aumento da temperatura média global.

Muitas vezes, as mudanças médias nos padrões climáticos podem ser sutis em escala global. Contudo, as alterações nos extremos climáticos tendem a ser mais expressivas. Isso ocorre devido ao aumento da temperatura global corroborar com uma maior energia no sistema climático, resultando em eventos extremos mais intensos e frequentes em diversas áreas do planeta que impactam diferentes setores socioeconômicos, como o setor elétrico, agricultura e a infraestrutura.

Os extremos de precipitação estão associados a chuvas intensas e/ou a longos períodos de seca. As causas desses eventos podem incluir fatores climáticos de curto prazo, como a passagem de frente frias e ciclones mais intensos, assim como a influência de fenômenos de longo prazo, como o El Niño.

O El Niño é um fenômeno natural associado às anomalias na temperatura da superfície do mar no Oceano Pacífico equatorial. Vários estudos têm indicado que esses eventos devem se tornar mais frequentes e intensos ao longo dos próximos anos devido às mudanças climáticas. O El Niño tem impactos significativos em diferentes partes do mundo, causando chuvas intensas e secas severas. As mudanças na intensidade e frequência desse fenômeno, também irão impactar em efeitos regionais mais intensos.

Os extremos de chuva impactam significativamente o setor elétrico, influenciando na geração, distribuição, transmissão e comercialização de energia. Chuvas intensas e persistentes resultam em inundações e deslizamentos de terra, que afetam as redes de distribuição e as linhas de transmissão de energia, danificando a infraestrutura e dificultando a manutenção e o restabelecimento da energia.

Além disso, chuvas excessivas aumentam a vazão dos rios e elevam o nível do armazenamento de água em represas de usinas hidrelétricas. Embora seja benéfico em termos de geração, em situações extremas, isso também pode ocasionar problemas, como a necessidade de verter a água rapidamente causando inundações a jusante. Além disso, secas severas e prolongadas, reduzem a capacidade de geração das usinas hidrelétricas. Dessa forma, pode ser necessário o uso de fontes de energia alternativas, como termelétricas, que são mais caras e menos eficientes em termos de custos e emissões de carbono. Isso resulta em aumentos nos custos de geração de energia, o que impacta em um aumento dos preços pagos pelos consumidores.

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