Ser sustentável garante negócio a longo prazo, diz VP da Ferrero
Mario Abreu destacou descarbonização de fábrica no Brasil
A fábrica da Ferrero em Poços de Caldas, no interior de Minas Gerais, caminha para zerar suas emissões líquidas de carbono, o chamado "net zero", nos próximos anos, como parte de uma estratégia do grupo para reduzir a pegada de CO2 em pelo menos 50% até o fim da década.
Em visita ao Brasil, o vice-presidente global de sustentabilidade da empresa italiana, o carioca Mario Abreu, destacou a importância do país para o grupo e também de se investir na proteção do meio ambiente para que "o negócio tenha sentido a longo prazo".
"Poços de Caldas é uma fábrica importante e onde a gente tem investido significativamente. É uma das fábricas onde estamos vendo que daqui a um ou dois anos as emissões vão chegar perto do zero, e fizemos investimentos aqui para isso", declarou o executivo em um encontro com jornalistas em São Paulo.
Um dos principais responsáveis por emissões nas fábricas da Ferrero é o uso de gás natural para aquecer tubulações e manter o chocolate fluido, porém esse sistema tem sido gradualmente eletrificado, o que permite utilizar fontes de energia renováveis para abastecer as plantas. Em Minas Gerais, esse processo deve ser concluído nos próximos 12 meses.
"No momento em que tivermos eletrificado o que precisamos, nossa dependência de gás vai desaparecer. Estamos transformando a nossa necessidade de energia em eletrificação, e isso reduz a pegada de carbono", explicou.
Segundo Abreu, a sustentabilidade está inserida na visão de longo prazo da Ferrero, grupo dono de marcas como Ferrero Rocher, Nutella, Kinder e Tic Tac e que tem passado por uma intensa expansão nos últimos anos, inclusive com aquisições, a mais recente delas da centenária empresa americana de cereais WK Kellogg.
A estratégia se sustenta em quatro pilares: proteção do meio ambiente, sustentabilidade no suprimento de matérias-primas, promoção do consumo responsável e capacitação das pessoas.
Atualmente, mais de 90% das avelãs, do café, do cacau e do óleo de palma utilizados pela Ferrero têm origem rastreável, em um cenário no qual insumos agroalimentares são cada vez mais pressionados por mudanças climáticas aceleradas.
Outro destaque é o programa Kinder Joy of Moving, que já impactou mais de 300 mil crianças no Brasil para estimular atividades físicas dentro e fora das escolas.
"Produzir sustentavelmente faz com que o negócio tenha sentido a longo prazo, porque isso faz com que a gente tenha acesso à qualidade e à origem do produto. Se você não pensar nisso, pode aumentar sua lucratividade hoje, mas colocar um questionamento para o seu produto amanhã", destacou Abreu, que está há cinco anos na Ferrero.
"A definição de sustentabilidade é encontrar a união entre lucratividade do negócio, proteção do meio ambiente e justiça social. O que a gente quer é proteger as condições que permitem que nós vivamos aqui e que nossa espécie continue progredindo. Não tem nada mais importante do que participar dessa conversa", disse.
Em sua visita ao Brasil, o vice-presidente também esteve em um evento, em São Paulo, com o objetivo de discutir ações concretas dos setores público e privado contra as mudanças climáticas em vista da COP30, realizado pela Câmara Internacional de Comércio (ICC) e apoiado pela Ferrero.
"Uma empresa pode comprar energia renovável no mercado, mas nem todo mundo pode fazer isso, então os governos precisam criar as condições para que todas possam se descarbonizar e para que as mudanças aconteçam de forma mais rápida", declarou Abreu.