Estudo revela o que mais sensibiliza os brasileiros sobre a crise climática
Levantamento inédito lançado na COP30 relaciona bens culturais com a percepção da sociedade sobre crise ambiental
Estudo revela que 83% dos brasileiros acreditam que bens culturais ajudam a entender a crise climática, mas destacam desafios como linguagem elitizada e desinformação, reforçando o papel da cultura no engajamento ambiental.
A cultura ganhou protagonismo na agenda climática nacional com o estudo Cultura e Clima: Percepções e Práticas no Brasil. Para 83% dos entrevistados, atividades e bens culturais ajudam a entender melhor as mudanças climáticas. O estudo inédito será lançado na COP30.
A pesquisa ouviu 2.074 pessoas de todas as regiões do país, com amostragem por gênero, raça e região. O objetivo foi investigar como a população brasileira percebe a relação entre cultura e clima e de que forma essas práticas podem influenciar o engajamento ambiental.
Mais da metade da população (54,6%) busca informações sobre o clima em fontes culturais, como livros, filmes, museus e exposições. E para 62,6% dos entrevistados, alguma obra cultural os inspirou a mudar hábitos ligados à sustentabilidade.
Quando a cultura não ajuda em nada
Entre os obstáculos que limitam a força mobilizadora da cultura para a preservação do meio ambiente, a pesquisa mostra que a linguagem usada para abordar as questões sobre clima ainda é percebida como elitizada – algo que a própria COP30 precisa evitar.
A polarização política também cria desconfiança sobre as mensagens ambientais. Segundo a pesquisa, parte do público demanda uma comunicação mais neutra e baseada em informações confiáveis. Segundo os autores, o desafio é unir sensibilidade e clareza, evitando tanto o tecnicismo quanto o viés ideológico.
A pesquisa constatou que 52,4% dos brasileiros afirmam sentir-se impotentes diante da crise climática, e um em cada quatro dizem não saber que ações podem adotar. Essa sensação de paralisia reforça a necessidade de usar a cultura como instrumento de engajamento prático — ela pode transformar a preocupação em ação coletiva.
Resultado aponta distorções sobre crise ambiental
Em plena COP30, os resultados da pesquisa relevam uma contradição preocupante entre quem é visto como responsável pela crise climática e quem realmente atua para enfrentá-la. Empresas e indústrias são apontadas por 72,5% dos brasileiros como as principais causadoras de problemas ambientais, seguidas pelos governos.
No entanto, quando perguntados sobre quem mais contribui para resolver o problema, os entrevistados destacaram a comunidade científica (34,9%) e as ONGs (33,7%). O dado preocupante é que apenas 10,4% acreditam que os cidadãos estejam fazendo sua parte.
Essa percepção mostra que o público espera ações mais consistentes do setor privado e dos governos, e vê na ciência e na sociedade civil os agentes que de fato estão agindo. O estudo Cultura e Clima: Percepções e Práticas no Brasil foi realizado pelo C de Cultura e Outra Onda Conteúdo, com parceria técnica da PUC-RS.
Serviço:
Evento de lançamento da pesquisa Cultura e Clima - Percepções e Práticas no Brasil
Dia 13 de novembro, 17h30, no Pavilhão Regional Climate Foundations, Blue Zone