Como é a cidade mais quente do Brasil em 2025?
Quaraí, no Rio Grande do Sul, registra temperaturas recordes e sofre com impacto da seca
O município de Quaraí, localizado na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, tem registrado temperaturas recordes nos últimos dias e se tornou a cidade mais quente do Brasil neste início de ano. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os termômetros marcaram 41,2°C na quarta-feira, 5. Na terça-feira, 4, a cidade atingiu 43,8°C, o maior valor registrado no estado em 115 anos.
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Segundo Alessandra Mutter, de 32 anos, residente da cidade desde que nasceu, a região sempre foi quente, mas nos últimos anos tem estado pior. "Só saio de manhã, não dá para andar na rua", declarou. Ela, que passa seus dias cuidando da casa e dos filhos, tem sentido as mudanças junto de sua família, mesmo tendo costume com altas temperaturas.
A sensação térmica em Quaraí pode ser ainda mais extrema do que as temperaturas registradas, devido à umidade do ar e à radiação solar intensa. Com máximas acima de 40°C, a sensação térmica pode ultrapassar os 50°C em áreas abertas, principalmente no meio do dia, segundo cálculos do Inmet baseados no índice de calor.
Os moradores de Quaraí precisam adaptar suas rotinas para evitar a exposição direta ao sol nos horários mais quentes. A própria prefeitura da cidade postou em seu Instagram uma imagem com orientações para a rotina neste calor intenso, com o uso de roupas leves e bastante hidratação.
O que o corpo sente em temperaturas tão altas?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), temperaturas superiores a 40°C representam um risco grave à saúde, podendo causar:
- Desidratação severa: o corpo perde água rapidamente pelo suor, levando a tontura, fadiga e confusão mental.
- Exaustão térmica: fraqueza extrema, dor de cabeça e aumento da temperatura corporal, podendo evoluir para um quadro grave.
- Golpe de calor: quando o corpo não consegue mais resfriar-se, a temperatura interna pode ultrapassar 40°C, causando desmaios, convulsões e até falência de órgãos.
Impactos na produção agrícola e pecuária
Segundo a Embrapa, temperaturas prolongadas acima de 35°C já afetam a produtividade das lavouras e a criação de animais. Entre os principais efeitos estão:
- Queima de plantações: culturas como milho e feijão secam rapidamente sem irrigação adequada.
- Perda de peso no gado: os animais sofrem estresse térmico, se alimentam menos e produzem menos leite e carne.
- Redução na fertilidade do solo: a seca prolongada pode comprometer a próxima safra e aumentar os custos da produção.
A região é fortemente impactada pela chamada "bolha de calor", que se intensifica nas províncias centrais e do norte da Argentina e atinge o oeste gaúcho. De acordo com a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, essa condição, somada à posição geográfica do município, que está distante do oceano, favorece extremos climáticos, tanto de calor quanto de frio.
A previsão para os próximos dias indica que as altas temperaturas vão persistir. O Inmet prorrogou o alerta de onda de calor até segunda-feira, 10, com várias regiões do estado em nível vermelho de "perigo extremo".
A expectativa é de que os termômetros fiquem entre 34°C e 36°C até o fim de semana, com uma nova intensificação entre os dias 9 e 10. Somente entre os dias 11 e 12 há previsão de chuva significativa, e uma queda mais expressiva nas temperaturas só deve ocorrer a partir do dia 13, quando os ventos vindos do sul trarão um refresco para a população.
O Terra fez contato com o sindicato rural de Quaraí e com a Prefeitura da cidade. Em caso de manifestação, a reportagem será atualizada.