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Lito: quem ganha e quem perde na dança das cadeiras da F1

Nosso colunista Lito Cavalcanti analisa qualidades, obstáculos e expectativas das equipes para o próximo Campeonato Mundial de Fórmula 1

18 dez 2020 - 17h02
(atualizado em 19/12/2020 às 09h19)
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Oficialmente, falta apenas a confirmação de Hamilton: ninguém prevê uma surpresa.
Oficialmente, falta apenas a confirmação de Hamilton: ninguém prevê uma surpresa.
Foto: Twitter

Pouco a pouco, a Fórmula 1 delineia sua nova feição. No tabuleiro dos pilotos, a última peça foi ajustada: o mexicano Sérgio Perez foi incorporado à equipe Red Bull em substituição ao anglo-tailandês Alex Albon, cujas performances ao longo de um ano e meio, sempre distante de Max Verstappen, causaram sua queda para a condição de terceiro piloto.

Tecnicamente, ainda falta a confirmação de Lewis Hamilton na Mercedes, mas ela é tida como mera formalidade. Espera-se a renovação de contrato do heptacampeão para os próximos momentos, já que a presença de Toto Wolff na chefia pelos próximos três anos está assegurada. 

Com isso, já se pode fazer uma projeção de quem ganhou e quem perdeu nesta mais recente dança das cadeiras. Ela mexe não só com os plebeus, mas também com campeões, alguns para cima e outros para baixo.

São os casos de Fernando Alonso, que retorna à Fórmula 1 com trombetas e passadeiras vermelhas, e Sebastian Vettel, que mantém a elegância mas não pode evitar o toque de decadência em sua saída da toda-poderosa Ferrari rumo à ainda duvidosa Aston Martin.

MERCEDES

Apoiada nos sete títulos consecutivos entre os construtores e na chegada da multinacional In eos como nova acionista, a equipe anglo-alemã manteve sua dupla, o heptacampeão Lewis Hamilton escudado pelo contestadíssimo Valtteri Bottas. O objetivo é preservar uma dupla que vem dando certo desde que foi instituída, em 2017. De lá para cá, Bottas tem feito o que se espera de um segundo piloto: marcar pontos e trabalhar em função do líder Hamilton. Já soma nove vitórias e dois vice-campeonatos. 

Veredicto: em alta.

Lewis Hamilton vai tentar o oitavo título mundial.
Lewis Hamilton vai tentar o oitavo título mundial.
Foto: Mercedes-AMG / Divulgação

RED BULL

A chegada do mexicano deve preencher uma lacuna: a ineficiência do segundo piloto verificada desde a saída de Daniel Ricciardo e a chegada de Pierre Gasly, em 2019. Sem um companheiro à altura de Max Verstappen, a escuderia anglo-austríaca não teve a menor chance de se opor ao domínio da Mercedes no campeonato mundial de construtores, onde se define o total dos prêmios de cada equipe. De Perez espera-se que some mais pontos do que Gasly e Alex Albon, que tenha força psicológica para resistir à maior velocidade do companheiro holandês e que tenha experiência suficiente para não transformar a equipe em um saco de gatos.

Veredicto: em alta.

O mundo espera para ver como será a dupla Max Verstappen e Sergio Perez na Red Bull.
O mundo espera para ver como será a dupla Max Verstappen e Sergio Perez na Red Bull.
Foto: Twitter

FERRARI

A troca audaciosa do tetracampeão Sebastian Vettel por um piloto apenas promissor como Carlos Sainz pode consagrar ou desgraçar Mattia Binotto, o responsável pela trapalhada dos motores que deixou a equipe em posição vexatória aos olhos do mundo e pelo péssimo desempenho dos carros vermelhos em 2021. Tem em Charles Leclerc e Sainz dois ótimos pilotos, mas ainda em fase de amadurecimento. Depende principalmente do novo motor e do carro projetado pelo respeitadíssimo engenheiro Simone Resta, que, no entanto, foi para a Haas.

Veredicto: em provável ascensão.

Carlos Sainz na Ferrari: ainda lhe falta experiência, como a Charles Leclerc.
Carlos Sainz na Ferrari: ainda lhe falta experiência, como a Charles Leclerc.
Foto: Twitter

McLAREN

A troca dos bons motores Renault pelos ótimos Mercedes pode ser a chave de um sucesso que se torna ainda mais provável com a chegada de Daniel Ricciardo. Experiente, visto como o autor das ultrapassagens mais incisivas, o australiano se destaca também como homem de equipe. Neste ano, transformou o ambiente tóxico causado pelo anúncio de sua saída da Renault em alegria ao subir duas vezes ao pódio. Seu companheiro será o jovem, carismático e promissor Lando Norris. Por trás deles, o experiente e respeitado projetista inglês James Key, tido como o mais promissor da nova geração, e a injeção dos dólares da nova acionista MSP Sports Capital

Veredicto: em alta.

Daniel Ricciardo: nova aposta da McLaren para voltar às vitórias.
Daniel Ricciardo: nova aposta da McLaren para voltar às vitórias.
Foto: Twitter

ASTON MARTIN

Sob nova denominação e reforçada com a chegada de Sebastian Vettel, a equipe até agora denominada Racing Point tem pela frente uma fase de reconstrução. Mesmo com o bom carro deste ano, deixou a marca do insucesso. Teve pouca ou nenhuma solidariedade, fruto de medidas contestáveis como competir com um carro integralmente copiado da Mercedes de 2019. E também por sacrificar Sérgio Perez (que evitou a falência da equipe em 2018) para manter Lance Stroll, o filho do líder do consórcio proprietário da escuderia e da montadora inglesa Aston Martin, que em 2021 dará nome à equipe. Mesmo que Vettel retorne a seus melhores dias, a equipe terá de evoluir muito para se manter entre as forças do segundo pelotão. 

Veredicto: andando de lado.

Sebastian Vettel sonha com uma boa temporada de estreia na Aston Martin.
Sebastian Vettel sonha com uma boa temporada de estreia na Aston Martin.
Foto: Divulgação

ALPINE

É a equipe que fez a aposta mais alta e mais segura ao resgatar Fernando Alonso, ainda quando era Renault. Apesar de só ter vencido dois campeonatos, o espanhol é visto como o único piloto da atualidade capaz de enfrentar Verstappen e Hamilton. Mas para isso dependerá de um carro à altura dos Mercedes e dos Red Bull. É um objetivo ainda distante, mas a presença do projetista inglês Pat Fry pode surpreender. Com passagens vitoriosas pela McLaren e pela Ferrari, ele ajudou muito na evolução do carro deste ano e tem trabalhado muito de perto com Alonso. O segundo piloto, Esteban Ocon, cresceu muito na fase final deste ano e pode ajudar bastante a escuderia francesa – desde que resista ao canibalismo que Alonso dedica aos companheiros de equipe.

Veredicto: em ascensão.

Fernando Alonso: foi bem nos testes de Abu Dhabi e se espera muito dele.
Fernando Alonso: foi bem nos testes de Abu Dhabi e se espera muito dele.
Foto: Renault / Divulgação

ALPHA TAURI

No rastro de sua vitória circunstancial em Monza, e mesmo promovida de equipe júnior para co-irmã, a herdeira da histórica escuderia Minardi ainda tem muito a progredir. Usada como moeda de troca na negociação da Red Bull para garantir a continuidade dos motores Honda de 2022 em diante, ela teve de trocar o já experiente russo Daniil Kvyat pelo rápido mas ainda incerto japonês Yuki Tsunoda, protegido da Honda. Terceiro colocado na F2, Tsunoda é o primeiro fruto da Fórmula Dream, promovida pela montadora nipônica para revelar novos talentos. Agora, vai ter de se provar à altura do veloz companheiro Pierre Gasly. 

Veredicto: andando de lado.

Yuki Tsunoda: jovem piloto japonês protegido pela Honda vai correr na AlphaTauri.
Yuki Tsunoda: jovem piloto japonês protegido pela Honda vai correr na AlphaTauri.
Foto: Twitter

SAUBER-ALFA ROMEO

Na coluna de créditos, a equipe ítalo-suíça tem a manutenção de Kimi Raikkonen e do italiano Antonio Giovinazzi, que aos poucos vem reconquistando o prestígio que angariou nas categorias de base. Tem também a esperança de ganhar competividade com o novo motor Ferrari. Na coluna de débitos, figura em destaque a ausência do engenheiro Simone Resta, que foi para a Haas após ter melhorado fortemente o carro deste ano, capaz de superar os da Ferrari em mais de uma corrida.

Veredicto: andando de lado.

Kimi Raikkonen perde seu grande parceiro na Alfa Romeo: Simone Resta foi para a Haas.
Kimi Raikkonen perde seu grande parceiro na Alfa Romeo: Simone Resta foi para a Haas.
Foto: Pit Pass / Reprodução

HAAS

Apoiada na liberdade de quem nada tem a perder e nos resultados desastrosos de 2020, a escuderia norte-americana aderiu ao grupo que vende seus carros a quem pagar melhor. Os eleitos foram o campeão da F2 Mick Schumacher, imposto pela nave-mãe Ferrari, e o mal afamado russo Nikita Mazepin, em cujo currículo figuram resultados magros e muitas máculas. Seu único reforço é o engenheiro Simone Resta, transferido por Mattia Binotto em nome da adequação da folha de pagamentos de Maranello às exigências do novo limite de orçamento. 

Veredicto: não tem como piorar.

Mick Schumacher: a sombra do pai, Michael Schumacher, serve de apoio na Haas.
Mick Schumacher: a sombra do pai, Michael Schumacher, serve de apoio na Haas.
Foto: Twitter

WILLIAMS

Depois de manchar sua história gloriosa com o fracasso inédito de uma temporada inteira sem pontos, a tradicional equipe inglesa foi vendida a mais um grupo norte-americano, o Dorilton Capital. A chefia foi confiada ao engenheiro alemão Jost Capito, que liderou a Sauber com relativo sucesso de 1998 a 2002 e chefiou a vitoriosa equipe de rali da Volkswagen. Capito chegou a ser o CEO da McLaren por cinco meses, mas foi vítima da luta interna que ceifou a carreira de Ron Dennis. A Williams continuará com os motores Mercedes e o patrocínio vultoso do segundo piloto, o canadense Nicholas Latifi. Seu principal patrimônio é o jovem inglês George Russell, a estrela mais brilhante da nova geração.

Veredicto: viés de alta.

George Russell é o grande trunfo da Williams, que tem um bom motor, mas falta o resto.
George Russell é o grande trunfo da Williams, que tem um bom motor, mas falta o resto.
Foto: Williams / Twitter
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