Guia F1 2022 – A Red Bull quer mais que o título de pilotos
Depois de rivalizar com a Mercedes e destronar Lewis Hamilton, a Red Bull quer tomar para si também o título de construtores. E vem forte!
Nome oficial: Oracle Red Bull Racing
Carro: RB18
Motor: Red Bull RBPTH001
Pilotos: #1 Max Verstappen e #11 Sergio Perez
Posição em 2021: 2º de 10
A equipe
A Red Bull viveu seus dias de glória na Fórmula 1 no final da era dos motores aspirados. Entre 2010 e 2013, a equipe venceu todos os títulos de pilotos e construtores disputados, sempre com Sebastian Vettel como principal piloto. Veio a era híbrida em 2014, e o domínio da equipe evaporou. Para a Red Bull, a culpa da perda de competitividade era toda da Renault, então fornecedora de motores de longa data.
A briga pública entre Red Bull e Renault levou a um rompimento entre as duas. Sem poder contar com os motores das rivais Mercedes e Ferrari, restou à equipe recorrer à Honda, que também vivia às turras com seu cliente, a McLaren. E a parceria entre Red Bull e Honda, que começou cercada de desconfiança, se mostrou um acerto. Os motores japoneses evoluíram bem nos últimos anos, e a relação com a equipe taurina fluiu sem maiores problemas.
O resultado foi um 2021 extremamente competitivo para o time. Pela primeira vez desde 2014, uma equipe pôde desafiar a Mercedes em condição de igualdade. O campeonato foi decidido na última volta, com Max Verstappen levando a melhor sobre Lewis Hamilton e faturando o título de pilotos. Entre as equipes, a Mercedes venceu, mas pela margem mais apertada desde o início de sua hegemonia.
O bom ano da Red Bull foi uma junção de fatores. Primeiro, que seu carro sofreu menos que a Mercedes com a mudança de regulamento da parte traseira do assoalho. Depois, Verstappen estava em ótima forma, brigando mano-a-mano com Hamilton. Houve ainda o acerto na escolha de um segundo piloto experiente como Sergio Perez. E o já citado motor Honda, que se mostrou nivelado com o poderoso Mercedes – pelo menos até a última atualização da equipe alemã...
Para 2022, a eficiente dupla de pilotos se mantém. Os motores Honda também, mas com um detalhe: a marca japonesa saiu da F1 e a Red Bull comprou os direitos de fabricação e utilização do equipamento. Não estranhe quando aparecer na tela o nome Red Bull Powertrains. Na prática, é o mesmo Honda de antes. Na parte extra pista, a equipe chamou a atenção por firmar dois dos maiores acordos de patrocínio da F1: um com a gigante de tecnologia Oracle e outro com a corretora de criptomoedas Bybit.
A dupla de pilotos
#1 Max Verstappen:
o holandês de 24 anos é o primeiro piloto a escolher usar o número 1 desde que a numeração fixa foi adotada. E isso tem seu valor: mostra como foi duro para ele conquistar o título e que o feito merece ser valorizado. Verstappen tinha sobre si a cobrança para ser um futuro campeão, e, em sua primeira chance real, conseguiu. Não estamos entrando no mérito de como foi a corrida de Abu Dhabi, mas o fato é que vencer Lewis Hamilton o eleva a um patamar em que poucos pilotos estão na F1 atual.
Agora, mais leve e sem a tensão de conseguir o primeiro título, é possível que vejamos um Verstappen um pouco mais maduro, talvez menos incisivo em algumas de suas manobras. Claro que ele vai continuar brigando com força por vitórias e títulos e continuará tendo um estilo de pilotagem agressivo, mas já provou ao mundo que é um campeão de Fórmula 1, e isso ninguém lhe tira.
Mesmo assim, a relação na pista entre ele e Lewis Hamilton deverá ser um ponto de destaque. A disputa do ano passado desencadeou uma rivalidade que não foi bem resolvida. É possível que tenhamos mais duelos entre os dois. Talvez a grande motivação de Verstappen esse ano seja vencer Hamilton novamente para dar um recado a quem questiona sua conquista de 2021. A história ainda promete render em 2022.
#11 Sergio Perez: o mexicano foi uma boa adição à Red Bull em 2021. A equipe sofreu para encontrar um piloto para seu segundo carro. Desde a saída de Daniel Ricciado, Pierre Gasly e Alex Albon passaram por maus bocados ao lado de Verstappen. Perez, experiente, sentiu menos o peso de correr pela Red Bull e conseguiu entregar algumas boas atuações, com direito a uma vitória.
A Red Bull é muito clara em dizer que sua preferência é total por Verstappen na briga pelo título de pilotos. Perez também sabe que não está lá para ser campeão. Sua missão é outra: somar o máximo de pontos para o mundial de construtores, pontuando de forma frequente e, quando Verstappen tiver problemas, estando pronto para a briga. É o que seus antecessores não estavam conseguindo entregar e ele já fez em seu primeiro ano - com a ressalva de que, em diversas corridas, ainda ficou bem distante de Verstappen.
Agora que está mais adaptado à equipe, a expectativa é que Perez possa andar ainda mais próximo do colega. É possível que vejamos o bom mexicano no pódio com alguma frequência. Quem sabe no degrau mais alto mais algumas vezes...
O carro
A Red Bull fez mistério para lançar seu carro. Sua apresentação era cercada de expectativa, mas causou decepção ao revelar apenas a pintura sobre um modelo padrão. O RB18 de fato só foi mostrado nos testes de Barcelona. E causou impacto no paddock, despertando a atenção dos jornalistas presentes e dos engenheiros de outras equipes - até da Mercedes.
A equipe técnica comandada por Adrian Newey chegou com uma lateral bastante ousada, com entradas de ar pequenas e uma separação de fluxo entre o ar que vai para elas e para a parte de baixo dos sidepods, como se a lateral tivesse dois andares bem definidos.
Ainda, a suspensão pull-rod difere o RB18 da maioria dos concorrentes. Apenas a McLaren veio com o mesmo arranjo, ainda que com montagem diferente. A configuração peculiar da suspensão permitiu um bico dianteiro mais baixo, o que tende a diminuir o arrasto aerodinâmico dessa área do carro.
Um ponto de atenção pode ser o peso. Ao que consta, o RB18 ficou bem acima do peso mínimo de 795 kg estabelecido para esse ano, o que pode custar alguns décimos por volta em relação a carros mais leves. A equipe foi uma das que pressionaram a FIA para que o peso mínimo fosse aumentado. A Federação elevou para 798 kg. Menos do que o a Red Bull gostaria, mas já ajuda...
A pré-temporada
O carro ousado chamou a atenção não só pelo visual, mas também pelo desempenho. Relatos vindos de Barcelona e do Barein dão conta de que o RB18 é um dos mais estáveis e rápidos em curvas, o que dá indícios de ser um bom projeto.
A equipe optou por fazer simulações mais longas, guardando a performance pura para depois. Foram 354 voltas em Barcelona e outras 320 no Barein, fazendo da Red Bull a quarta em termos de quilometragem, muito próxima da AlphaTauri, terceira.
Apenas no último dia dos testes do Barein a equipe liberou o potencial do RB18, e Max Verstappen fez a volta mais rápida do acumulado de três dias. O desempenho pode ser, sim, encarado como um bom sinal, mas vale a ressalva de que nem todos os times forçaram o ritmo nos testes. Prova de fogo mesmo teremos na primeira corrida do ano.
Expectativas para 2022
A Red Bull tenta há muito tempo voltar ao topo nos campeonatos de títulos de pilotos e de construtores. Conseguiu cumprir metade do objetivo em 2021 com o título de Max Verstappen. Para 2022, a meta é vencer também entre as equipes.
E os indícios da pré-temporada são bastante positivos para os touros vermelhos. O RB18 veio com um design agressivo e se mostrou rápido até aqui. Verstappen corre mais leve, sem o peso da cobrança pelo primeiro título. Sergio Perez está mais adaptado à equipe, pronto para faturar o máximo de pontos possível na luta contra Ferrari e Mercedes – e quem mais surgir.
Para 2022, a pressão mudou de lado. A Red Bull deu as cartas e a Mercedes terá que correr atrás. A temporada promete outra briga boa. E a Red Bull parece estar um passo à frente.