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F1 e FIA: o novo presidente mostra suas cartas e cria barulho

Sob o comando de Ben Sulayem, a FIA muda a abordagem por questões comerciais e políticas. E a F1 está no meio, criando barulho...

2 jun 2022 - 17h14
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Sulayem e Domenicali: FIA e F1 estão em discussão. Não é ruptura, mas não é tão tranquilo
Sulayem e Domenicali: FIA e F1 estão em discussão. Não é ruptura, mas não é tão tranquilo
Foto: Albert Fabrega / Twitter

Querendo ou não, a política é uma parte importante da F1. E até mesmo na nossa vida, ela entra em ação de alguma forma. Volta e meia, aparece mais do que a ação na pista e acaba por determinar mais os rumos da competição do que pilotos e carros. E agora estamos em um destes momentos.

Quem acompanha a F1 um pouco mais de perto sabe que a Federação Internacional do Automóvel (que conhecemos como FIA) mudou de comando no final do ano passado. Após 3 mandatos, Jean Todt passou o bastão para o emiradense Mohammed Ben Sulayem, que já era um de seus vice-presidentes.

Nós temos noção do braço esportivo da Federação, que dá as diretrizes para as categorias de automobilismo esportivo indo do kart até a F1. Mas vai muito além disso: a FIA é dedicada a diversos aspectos envolvidos ao automóvel. Segurança, meio ambiente, deslocamento, tecnologia...o esporte é mais uma face desta organização. São simplesmente 244 organizações de 146 países, que representam cerca de 80 milhões de pessoas.

Sulayem assumiu com a promessa de mudar a FIA e torná-la mais moderna e abrangente. Mas mesmo fazendo a parte da gestão anterior, um aspecto que foi muito batido por ele: a sanidade financeira da entidade. Jean Todt fez um passo importante para reforçar a estrutura da FIA. Mas esta ação, embora necessária, aumentou os gastos. Em 2021, a entidade teve um prejuízo de US$ 25 milhões.

Não bastando este rombo, Sulayem optou por uma abordagem bem diferente na formação de sua equipe e imprimiu um novo estilo. Ele não era um novato. Além de ser um dos vice-presidentes de Todt, ele foi um dos responsáveis por levar a F1 para Abu Dhabi e a Copa do Mundo de Rally Cross Country para os Emirados Árabes, além do Presidente do Comitê Olímpico dos Emirados Árabes. Ou seja, conhece muito bem os meandros da política. E de certa forma trouxe de volta aos holofotes uma figura bem conhecida do automobilismo: Bernie Ecclestone. Sua atual esposa faz parte da estrutura sendo uma das vice-presidentes para as Américas.

Sulayem chegou no posto tendo que desembrulhar o pacote gerado pela decisão de Abu Dhabi, amarrado por Todt, já de saída. A F1 é uma das principais vitrines da FIA e uma série de interesses estavam envolvidos aí. Incluindo a Liberty Media, dona da categoria e que tem um contrato de uso da marca F1 por 100 anos.

 Aos poucos, uma série de mudanças foram sendo feitas: regras foram revistas e o próprio sistema de Direção de Provas foi alterado. Mas diante do quadro de crescimento da categoria, especialmente nas finanças, a FIA se viu no direito de querer um pouco mais do bolo. A Liberty passou a ver que não estava mais à frente um estilo tão cordato quanto o de Todt ...

As mudanças estabelecidas começaram a abrir um novo cisma entre F1 e FIA. A Direção de Prova começou a ter uma abordagem mais estrita (a questão do uso de joias pelos pilotos talvez seja o ponto que apareça mais) e até agora a FIA não deu sua aprovação para o aumento das Sprint Races de 3 para 6 em 2023 sob a desculpa de “avaliação de estruturas e recursos envolvidos”.

Mas o que poderia ser um ponto de maior briga, pode ser interpretado como um certo apaziguamento. Esta semana foi anunciada a saída de Peter Bayer, que ocupava a estratégica Secretaria Geral de Esporte a Motor desde 2017 e passou a responder também pela área de Monopostos (F1 incluída) no ano passado. Ele foi o responsável por conduzir a investigação do que aconteceu em Abu Dhabi e era um dos nomes colocados por Todt. O que chamou mais a atenção foi quem o substituiu no posto, ainda que interinamente: a inglesa Shaila-Ann Rao, que esteve na entidade entre 2016 e 2018 como Diretora Legal, mas que passou 3 anos como assessora especial da equipe Mercedes F1.

Mais mudanças virão: a entidade quer rever também os investimentos em programas de apoio e nos eventos (o Mundial de Kart está sendo reavaliado), bem como na integração com as diversas categorias, uso de tecnologias mais relevantes para o mundo automobilístico e o acesso à F1.

Pode ter sido um avanço, mas o relacionamento é bem diferente. Como dito, Sulayem não é um novato neste aquário. Sabe bem onde quer chegar e que não deve mantar a galinha dos ovos de ouro. Até aqui, Sulayem mostra que a FIA está em um caminho diferente e não será tão diplomática quanto a anterior.

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