Stock Car: o que muda com a chegada do Toyota Corolla
A Stock Car volta a usar carroceria monobloco depois de anos com chassi tubular. O Toyota Corolla chega para desafiar o Chevrolet Cruze
Toyota Corolla versus Chevrolet Cruze. Esta vai ser a disputa entre dois dos mais prestigiados carros do mercado brasileiro. O palco serão as 12 corridas do Campeonato Brasileiro de Stock Car. Dizer que a Stock Car volta a ser multimarcas é muito pouco diante da revolução que ocorrerá. Normalmente disputada apenas com carros da Chevrolet, a Stock teve sua fase “multimarcas” somente na questão da imagem dos carros, que eram uma bolha de fibra com o formato de cada um sobre um chassi tubular igual para todos.
Agora, não. Os carros que estarão na pista serão Corolla e Cruze reais, com as mesmas carrocerias monobloco usadas pelos clientes da Toyota e da GM nas ruas. Claro que os carros terão profundas modificações para receber os melhores pilotos que atuam no Brasil, mas o DNA da Toyota e da Chevrolet estarão presentes em mais partes do carro. As carrocerias monobloco são construídas junto com uma estrutura tubular de competição. Segundo apuramos junto à organização, o bloco dos motores serão de cada marca -- portanto, os Corolla usarão um bloco Toyota e os Cruze usarão um bloco Chevrolet, ambos V8.
A potência será de 460 cv a 6.150 rpm com torque máximo de 600 Nm a 5.000 rpm em situação standard de corrida. No modo “push to pass”, a potência sobe a 550 cv e o torque vai a 700 Nm (ambos sem mudar o regime máximo de rotações). A manutenção dos motores será feita pela Giaffone Racing. Significa que um motor utilizado num carro da Toyota não poderá ser usado num carro da Chevrolet.
Com a chegada das carrocerias monobloco (presente na categoria pela última vez em 1999, com o Chevrolet Omega), a Stock terá algumas modificações técnicas. A suspensão vai ser a mesma usada até o ano passado, porém a distância entre-eixos será reduzida, passando de 2,800 m para 2,741 m (um número maior do que os 2,700 m usados pelos dois sedãs de série). Segundo os organizadores, essa mudança deixará o carro mais ágil nas curvas, porém ligeiramente menos estável em situação de alta velocidade. Nos dois eixos, a suspensão tem triângulos duplos sobrepostos fabricados pela empresa brasileira JL e é independente nas quatro rodas. O braço axial é da Viemar.
Além de fornecer as carrocerias para serem montadas na "gaiola" (estrutura) de competição, as montadoras envolvidas no campeonato prestam consultoria no desenvolvimento dos respectivos carros. A organização recebe as carrocerias e promove os testes e a montagem do carro. A seguir as equipes adquirem os carros, que custam cerca de 5% do valor total de uma temporada (em média, R$ 2,5 milhões).
Por enquanto, os novos carros ainda não foram vistos em testes. Porém, as imagens dos testes do Toyota Corolla da antiga geração já foram divulgadas pela Stock Car. O primeiro teste do Corolla foi realizado no dia 10 de julho de 2019. Foi utilizado um carro da geração anterior do Toyota, que era a única disponível naquela época. Os testes contemplaram apenas checagem e adaptação de sistemas, como arrefecimento, freios etc. O primeiro teste foi no Velo Città (SP). Em seguida, o Corolla Stock Car rodou também no Velopark (RS), em Cascavel (PR) e em Interlagos (SP). Até o final de dezembro o Chevrolet Cruze ainda não havia sido testado.
Como a temporada começa no final de março, em Goiânia, espera-se que as equipes tenham algumas dificuldades de adaptação nas primeiras provas. Os dois carros são novos, portanto ambos terão que ser desenvolvidos. O Cruze que corria até o ano passado, é bom frisar, não passava de uma carenagem-bolha montada sobre um chassi tubular. Com a volta da carroceria monobloco, espera-se também que os pilotos voltem a pilotar mais à frente dentro do cockpit.
Quanto aos demais itens técnicos dos carros, a transmissão será de seis marchas da marca inglesa xTrac (referência mundial neste equipamento). O câmbio será sequencial e semi-automático (o piloto seleciona a marcha e um mecanismo Magneti-Marelli gerencia o engate com precisão). As trocas serão feitas pela borboleta no volante. A direção usa sistema pinhão/cremalheira e é da marca JTEKT. Os freios serão a disco, ventilados e perfurados, com seis pistões na dianteira e quatro na traseira, e usam pinças AP Racing, uma fornecedora inglesa específica para competição.
As rodas serão da Oz Racing (italianas) de 18” de diâmetro e 11" de largura. Elas serão calçadas por pneus Pirelli PZero slicks. Os novos pneus terão especificação DH, que é mais duro e resistente, devido à abrasividade dos circuitos brasileiros, e também pelo fato de a Stock Car fazer duas corridas no final de semana. Até 2019 os pneus de chuva tinham medidas diferentes, mas agora os dois tipos de pneus terão 305 mm de largura x 660 mm de diâmetro.
Em relação ao regulamento esportivo, a organização da Stock Car e as equipes ainda vão validar a versão 2020, mas, com exceção de ajustes, a tendência é a permanência do formato das corridas utilizado no ano passado – considerado um sucesso por ter permitido 10 pilotos chegarem brigando pelo título na penúltima etapa e seis na etapa final. Além disso, o regulamento promoveu grande alternância no pódio e deu chance de vitória a um grande leque de pilotos – a temporada 2019 foi considerada uma das mais competitivas nos 40 anos da categoria. Nessas quatro décadas apenas em 13 temporadas (1979-1986 e 1994-1999) a Stock Car utilizou carros iguais aos modelos de série usados pelos motoristas nas ruas e estradas brasileiras.
Os carros na história da Stock
1979 a 1986 - Chevrolet Opala
1987 a 1989 - Chassi Chevrolet Opala, carroceria de fibra Caio
1990 a 1993 - Protótipo Chevrolet Opala monobloco
1994 a 1999 - Chevrolet Omega
2000 a 2003 - Chassi tubular JL, carroceria de fibra Chevrolet Vectra
2004 - Chassi tubular JL, carroceria de fibra Chevrolet Astra
2005 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra e Mitsubishi Lancer
2006 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra, Mitsubishi Lancer e Volkswagen Bora
2007 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra, Mitsubishi Lancer, Volkswagen Bora e Peugeot 307
2008 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra, Mitsubishi Lancer e Peugeot 307
2009 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra e Peugeot 307
2010 e 2011 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Vectra e Peugeot 408
2012 a 2015 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Sonic e Peugeot 408
2016 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Cruze e Peugeot 408
2017 a 2019 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Cruze
2020 - Chevrolet Cruze e Toyota Corolla
Calendário 2020 da Stock Car
29 de março: Goiânia (GO), Corrida de Duplas
12 de abril: Velopark, Nova Santa Rita (RS)
17 de maio: Londrina (PR)
7 de junho: Campo Grande (MS)
28 de junho: Velo Città, Mogi Guaçu (SP)
19 de julho: Santa Cruz do Sul (RS)
23 de agosto: Interlagos (SP), Corrida do Milhão
13 de setembro: Londrina (PR)
18 de outubro: Cascavel (PR)
8 de novembro: a confirmar
22 de novembro: Goiânia (GO)
13 de dezembro: Interlagos (SP), Super Final