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Stock Car: o que muda com a chegada do Toyota Corolla

A Stock Car volta a usar carroceria monobloco depois de anos com chassi tubular. O Toyota Corolla chega para desafiar o Chevrolet Cruze

1 fev 2020 - 17h27
(atualizado em 4/2/2020 às 17h04)
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Toyota Corolla: os testes na Stock Car começaram com a geração antiga.
Toyota Corolla: os testes na Stock Car começaram com a geração antiga.
Foto: Stock Car / Divulgação

Toyota Corolla versus Chevrolet Cruze. Esta vai ser a disputa entre dois dos mais prestigiados carros do mercado brasileiro. O palco serão as 12 corridas do Campeonato Brasileiro de Stock Car. Dizer que a Stock Car volta a ser multimarcas é muito pouco diante da revolução que ocorrerá. Normalmente disputada apenas com carros da Chevrolet, a Stock teve sua fase “multimarcas” somente na questão da imagem dos carros, que eram uma bolha de fibra com o formato de cada um sobre um chassi tubular igual para todos.

Agora, não. Os carros que estarão na pista serão Corolla e Cruze reais, com as mesmas carrocerias monobloco usadas pelos clientes da Toyota e da GM nas ruas. Claro que os carros terão profundas modificações para receber os melhores pilotos que atuam no Brasil, mas o DNA da Toyota e da Chevrolet estarão presentes em mais partes do carro. As carrocerias monobloco são construídas junto com uma estrutura tubular de competição. Segundo apuramos junto à organização, o bloco dos motores serão de cada marca -- portanto, os Corolla usarão um bloco Toyota e os Cruze usarão um bloco Chevrolet, ambos V8.

A potência será de 460 cv a 6.150 rpm com torque máximo de 600 Nm a 5.000 rpm em situação standard de corrida. No modo “push to pass”, a potência sobe a 550 cv e o torque vai a 700 Nm (ambos sem mudar o regime máximo de rotações). A manutenção dos motores será feita pela Giaffone Racing. Significa que um motor utilizado num carro da Toyota não poderá ser usado num carro da Chevrolet.

Os primeiros testes mostraram um carro rápido nas curvas e ligeiramente instável em alta velocidade.
Os primeiros testes mostraram um carro rápido nas curvas e ligeiramente instável em alta velocidade.
Foto: Stock Car / Divulgação

Com a chegada das carrocerias monobloco (presente na categoria pela última vez em 1999, com o Chevrolet Omega), a Stock terá algumas modificações técnicas. A suspensão vai ser a mesma usada até o ano passado, porém a distância entre-eixos será reduzida, passando de 2,800 m para 2,741 m (um número maior do que os 2,700 m usados pelos dois sedãs de série). Segundo os organizadores, essa mudança deixará o carro mais ágil nas curvas, porém ligeiramente menos estável em situação de alta velocidade. Nos dois eixos, a suspensão tem triângulos duplos sobrepostos fabricados pela empresa brasileira JL e é independente nas quatro rodas. O braço axial é da Viemar.

Além de fornecer as carrocerias para serem montadas na "gaiola" (estrutura) de competição, as montadoras envolvidas no campeonato prestam consultoria no desenvolvimento dos respectivos carros. A organização recebe as carrocerias e promove os testes e a montagem do carro. A seguir as equipes adquirem os carros, que custam cerca de 5% do valor total de uma temporada (em média, R$ 2,5 milhões).

A distância entre eixos é maior do que a do Corolla normal e menor do vinha sendo usado na Stock.
A distância entre eixos é maior do que a do Corolla normal e menor do vinha sendo usado na Stock.
Foto: Stock Car / Divulgação

Por enquanto, os novos carros ainda não foram vistos em testes. Porém, as imagens dos testes do Toyota Corolla da antiga geração já foram divulgadas pela Stock Car. O primeiro teste do Corolla foi realizado no dia 10 de julho de 2019. Foi utilizado um carro da geração anterior do Toyota, que era a única disponível naquela época. Os testes contemplaram apenas checagem e adaptação de sistemas, como arrefecimento, freios etc. O primeiro teste foi no Velo Città (SP). Em seguida, o Corolla Stock Car rodou também no Velopark (RS), em Cascavel (PR) e em Interlagos (SP). Até o final de dezembro o Chevrolet Cruze ainda não havia sido testado.

Como a temporada começa no final de março, em Goiânia, espera-se que as equipes tenham algumas dificuldades de adaptação nas primeiras provas. Os dois carros são novos, portanto ambos terão que ser desenvolvidos. O Cruze que corria até o ano passado, é bom frisar, não passava de uma carenagem-bolha montada sobre um chassi tubular. Com a volta da carroceria monobloco, espera-se também que os pilotos voltem a pilotar mais à frente dentro do cockpit.

Quanto aos demais itens técnicos dos carros, a transmissão será de seis marchas da marca inglesa xTrac (referência mundial neste equipamento). O câmbio será sequencial e semi-automático (o piloto seleciona a marcha e um mecanismo Magneti-Marelli gerencia o engate com precisão). As trocas serão feitas pela borboleta no volante. A direção usa sistema pinhão/cremalheira e é da marca JTEKT. Os freios serão a disco, ventilados e perfurados, com seis pistões na dianteira e quatro na traseira, e usam pinças AP Racing, uma fornecedora inglesa específica para competição.

As rodas serão de 18", com pneus de 350 x 660 mm (largura e diâmetro).
As rodas serão de 18", com pneus de 350 x 660 mm (largura e diâmetro).
Foto: Stock Car / Divulgação

As rodas serão da Oz Racing (italianas) de 18” de diâmetro e 11" de largura. Elas serão calçadas por pneus Pirelli PZero slicks. Os novos pneus terão especificação DH, que é mais duro e resistente, devido à abrasividade dos circuitos brasileiros, e também pelo fato de a Stock Car fazer duas corridas no final de semana. Até 2019 os pneus de chuva tinham medidas diferentes, mas agora os dois tipos de pneus terão 305 mm de largura x 660 mm de diâmetro.

Em relação ao regulamento esportivo, a organização da Stock Car e as equipes ainda vão validar a versão 2020, mas, com exceção de ajustes, a tendência é a permanência do formato das corridas utilizado no ano passado – considerado um sucesso por ter permitido 10 pilotos chegarem brigando pelo título na penúltima etapa e seis na etapa final. Além disso, o regulamento promoveu grande alternância no pódio e deu chance de vitória a um grande leque de pilotos – a temporada 2019 foi considerada uma das mais competitivas nos 40 anos da categoria. Nessas quatro décadas apenas em 13 temporadas (1979-1986 e 1994-1999) a Stock Car utilizou carros iguais aos modelos de série usados pelos motoristas nas ruas e estradas brasileiras.

Chevrolet Omega: último carro de série a participar da Stock (1994 a 1999).
Chevrolet Omega: último carro de série a participar da Stock (1994 a 1999).
Foto: Stock Car / Divulgação

Os carros na história da Stock

1979 a 1986 - Chevrolet Opala

1987 a 1989 - Chassi Chevrolet Opala, carroceria de fibra Caio

1990 a 1993 - Protótipo Chevrolet Opala monobloco

1994 a 1999 - Chevrolet Omega

2000 a 2003 - Chassi tubular JL, carroceria de fibra Chevrolet Vectra

2004 - Chassi tubular JL, carroceria de fibra Chevrolet Astra

2005 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra e Mitsubishi Lancer

2006 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra, Mitsubishi Lancer e Volkswagen Bora

2007 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra, Mitsubishi Lancer, Volkswagen Bora e Peugeot 307

2008 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra, Mitsubishi Lancer e Peugeot 307

2009 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Astra e Peugeot 307

2010 e 2011 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Vectra e Peugeot 408

2012 a 2015 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Sonic e Peugeot 408

2016 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Cruze e Peugeot 408

2017 a 2019 - Chassi tubular JL, carrocerias de fibra Chevrolet Cruze

2020 - Chevrolet Cruze e Toyota Corolla

Chevrolet Opala: oito temporadas nas pistas da Stock com o modelo de série (1979 a 1986).
Chevrolet Opala: oito temporadas nas pistas da Stock com o modelo de série (1979 a 1986).
Foto: Stock Car / Divulgação

Calendário 2020 da Stock Car 

29 de março: Goiânia (GO), Corrida de Duplas 

12 de abril: Velopark, Nova Santa Rita (RS)

17 de maio: Londrina (PR)

7 de junho: Campo Grande (MS) 

28 de junho: Velo Città, Mogi Guaçu (SP)

19 de julho: Santa Cruz do Sul (RS)

23 de agosto: Interlagos (SP), Corrida do Milhão

13 de setembro: Londrina (PR)

18 de outubro: Cascavel (PR)

8 de novembro: a confirmar

22 de novembro: Goiânia (GO)

13 de dezembro: Interlagos (SP), Super Final

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