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Há 70 anos, Alfa Romeo vencia o primeiro GP da Fórmula 1

Alfetta 158, conduzido pelo italiano Giuseppe Farina, tinha motor 1.5 de 8 cilindros em linha com 190 cv. Mas a fama da Alfa veio bem antes

13 mai 2020 - 11h37
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Giuseppe Farina e o maravilhoso Alfetta 158 na primeira corrida da Fórmula 1.
Giuseppe Farina e o maravilhoso Alfetta 158 na primeira corrida da Fórmula 1.
Foto: Alfa Romeo / Divulgação

Foi num sábado, 13 de maio de 1950, que a Fórmula 1 realizou sua primeira corrida. O GP da Europa, disputado em Silverstone, foi válido pelo III Grande Prêmio Britânico organizado pelo RAC (Royal Automobile Club). Deu a lógica. A Alfa Romeo confirmou seu favoritismo e venceu a corrida com o italiano Giuseppe Farina, que largou na pole position e liderou 64 das 70 voltas da prova. Ele recebeu a bandeirada histórica a bordo de seu Alfetta 158 número 2 após percorrer 325,4 km em 2h13min23s6, numa média de 146 km/h.

A Alfa Romeo dominava o automobilismo há muitos anos e não foi surpresa ter vencido a corrida inaugural da Fórmula 1. Na verdade, foi um verdadeiro banho da marca italiana. Seus carros carros largaram nas quatro primeiras posições e assim ficaram até a quebra do Alfetta #1 (conduzido pelo argentino Juan Manuel Fangio) na volta 63. Atrás de Farina (Alfetta #2), chegaram o italiano Luigi Fagioli (Alfetta #3) e o inglês Reg Parnell (Alfetta #4). O modelo se chamava 158 porque tinha motor 1.5 supercharger com 8 cilindros em linha. Mas, como os demais carros que alinharam para o primeiro GP de Fórmula 1, o Alfetta 158 não era um projeto novo.

Farina recebeu a bandeirada no dia 13 de maio de 1950 seguido de outros dois Alfetta 158.
Farina recebeu a bandeirada no dia 13 de maio de 1950 seguido de outros dois Alfetta 158.
Foto: Alfa Romeo / Divulgação

Devido à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve uma paralisação no desenvolvimento dos automóveis. O Alfetta surgiu em 1938 e era uma jóia tecnológica. O motor de 8 cilindros em linha tinha um compressor de estágio único e um carburador de corpo triplo. Ele foi desenvolvido por Gioacchino Colombo, chefe do departamento de design da Alfa Romeo, que conseguiu deixar o motor com aceleração instantânea, graças ao compressor, à carburação tripla e duplo comando de válvulas, além de muito confiável. O uso de ligas leves permitiu que o peso do motor fosse reduzido para 165 kg. 

A transmissão era manual de quatro marchas. A caixa de câmbio foi montada na parte traseira, em um bloco com o diferencial. Esse foi o famoso esquema "transaxle", ocupando menos espaço e fornecendo uma distribuição ideal de peso entre os dois eixos: uma solução que a Alfa Romeo usaria também em sua linha de carros de passeio. Por isso, no pós-guerra, o Alfetta 158 ainda era muito forte.

Alfa Romeo P2: primeiro campeão mundial de automobilismo, em 1925.
Alfa Romeo P2: primeiro campeão mundial de automobilismo, em 1925.
Foto: Alfa Romeo / Divulgação

Além de vencer a primeira corrida da Fórmula 1, a Alfa Romeo foi a vencedora dos dois primeiros campeonatos, em 1950 (Farina) e 1951 (Fangio). Masd, de 1950 a 1957, a Fórmula 1 só tinha campeonato de pilotos. Foi uma mudança no conceito que havia antes da Segunda Guerra Mundial, quando o circuito de Grand Prix, que antecedeu a Fórmula 1, só tinha campeonatos de construtores. E foi nas corridas de Grand Prix que a Alfa Romeo começou a construir sua história de sucesso nas pistas. O primeiro mundial de Grand Prix foi disputado em 1925 e teve quatro corridas: 500 Milhas de Indianapolis (EUA), Grande Prêmio da Europa (Spa, Bélgica), Grande Prêmio do ACF (Montlhéry, França) e Grande Prêmio da Itália (Monza). A Alfa Romeo sagrou-se campeã ao somar 13 pontos, contra 17 da Duesenberg e 19 da Bugatti. A contagem era curiosa, pois o título ficava com quem somasse menos pontos. A vitória valia 1 ponto; o segundo lugar, 2 pontos; o terceiro, 3 pontos; e o quarto, 4 pontos. O carro eliminado era penalizado com 5 pontos e o abandono antes da largada custava 6 pontos.

O Alfa Romeo P2 somou apenas 13 pontos na histórica temporada de 1925.
O Alfa Romeo P2 somou apenas 13 pontos na histórica temporada de 1925.
Foto: Alfa Romeo / Divulgação

O carro era um Alfa Romeo P2, que usava motor 2.0 de 8 cilindros com 155 cv de potência. Nessa época, os carros eram conduzidos por dois pilotos. De 1924 a 1930, os Alfa Romeo P2 ganharam 14 grandes prêmios, além de corridas como Targa Florio e outras. O modelo foi projetado por Vittorio Jano e consagrou pilotos como Giuseppe Campari e Antonio Ascari, pai do futuro bicampeão mundial Alberto Ascari (1952/1953).

Tazio Nuvolari conduz o Alfa 6C 1750 Gran Sport numa corrida de Targa Florio.
Tazio Nuvolari conduz o Alfa 6C 1750 Gran Sport numa corrida de Targa Florio.
Foto: Alfa Romeo / Divulgação

Depois disso veio a fase de sucesso de outro italiano, Tazio Nuvolari, que fez sua fama a bordo do Alfa Romeo 6C 1750. Apresentado no Salão de Roma de 1929, o Alfa Romeo 6C 1750 expressou a plena maturidade da fórmula 6C. O motor foi uma evolução do 1500 de seis cilindros em linha anterior. Foi produzido em várias versões -- eixo único e eixo duplo, com e sem compressor volumétrico -- e sua potência variou entre os 46 cv da versão Turismo aos 102 cv do Gran Sport "Fixed Head". 

Mas o motor não foi o único fator que fez do 6C 1750 uma grande inovação na indústria automobilística. Ele usava um sistema de freio mecânico, com tambores grandes acionados por um sistema de transmissão. Sua estrutura de aço prensada era perfeitamente equilibrada e extremamente rígida, com eixos reforçados. As molas foram montadas fora do corpo do carro, em vez de embaixo dos membros laterais, e o centro de gravidade inferior aumentou muito a aderência nas curvas. O tanque de combustível foi recuado para obter maior peso nas rodas traseiras e melhorar o equilíbrio do eixo. De acordo com a filosofia da Alfa Romeo, todas as soluções inovadoras foram aplicadas aos carros de corrida e de estrada.

O modelo 6C-1750 foi um marco na história da Alfa e surgiu no Salão de Roma de 1929.
O modelo 6C-1750 foi um marco na história da Alfa e surgiu no Salão de Roma de 1929.
Foto: Alfa Romeo / Divulgação

Quanto mais corridas disputava (e ganhava), mais a reputação técnica desse carro crescia. Por isso, desde o seu lançamento, o 6C 1750 teve ótimas vendas. Entre 1929 e 1933, um total de 2.579 unidades deixou a fábrica de Portello para vendas na Itália e no exterior, principalmente na Grã-Bretanha. Um resultado excepcional, especialmente considerando o status do carro como produto de elite. Na Itália, por exemplo, ele custava entre 40.000 e 60.000 liras, que era equivalente a sete anos de um salário médio.

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