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Anfavea: mercado de carros só vai se recuperar em 2025

Experiência de crises econômicas anteriores mostra que a indústria automobilística cresce no máximo 11% ao ano depois de quedas fortes

6 jul 2020 - 13h06
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Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea: setor privado está financiando o Estado.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea: setor privado está financiando o Estado.
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução / YouTube

A Anfavea prevê uma lenta recuperação da indústria automobilística no Brasil, ao ritmo de 11% ao ano, voltando ao patamar do ano passado somente em 2025. A informação foi dada hoje por Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, por meio de webconferência. Segundo a Anfavea, o Brasil deverá licenciar em 2020 apenas 1,675 milhão de veículos. Esse número, se confirmado, representa uma queda de 40% em relação aos 2,788 milhões de autoveículos licenciados em 2019.

Segundo Moraes, a Anfavea realizou uma pesquisa sobre os impactos de longo prazo das grandes crises econômicas enfrentadas pelo setor, desde 1957. Em 1981, na segunda crise do petróleo, a queda nas vendas foi de 41% e a recuperação foi de apenas 5% ao ano. Na crise econômica de 1987, o recuo foi de 33% e a recuperação teve um ritmo ligeiramente superior, de 7% ao ano. Já na crise de 1998/1999, o tombo nas vendas foi de 35% e a recuperação continuou lenta, na faixa de 6% ao ano.

Projeção de recuperação da indústria: ritmo lento até 2025 (ou até 2030, no pior cenário).
Projeção de recuperação da indústria: ritmo lento até 2025 (ou até 2030, no pior cenário).
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução / YouTube

A última grande crise aconteceu em 2015/2016, com uma queda de 41% nas vendas, e a recuperação vinha sendo melhor, no ritmo de 11% ao ano. Por isso, a estimativa da Anfavea é de que não haja uma recuperação em “V”, mas sim gradual, subindo aos poucos até igualar o patamar de 2019 em 2025. Porém, isso é no melhor cenário, pois no pior cenário traçado pela entidade essa recuperação pode se estender até 2030.

Apesar das estimativas pessimistas, em junho a indústria teve uma boa recuperação em relação a maio, licenciando 133 mil autoveículos (automóveis de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus). Assim, a distância em relação ao mesmo mês do ano passado foi reduzida para 90 mil veículos. Para se ter uma ideia, em abril essa distância foi de 176 mil e em maio foi de 183 mil. Porém, segundo Luiz Carlos Moraes, cerca de 30 mil dessas 133 mil vendas de junho foram de licenciamentos represados nos Detrans, que estavam fechados devido à pandemia de coronavírus.

A média de vendas diárias de veículos em junho foi de 6,3 mil, o dobro do que havia sido registrado em maio. Quanto à venda de veículos por estados, a menor variação em relação a junho do ano passado foi registrada no Maranhão (-7,3%). Porém, trata-se de um Estado com baixos volumes, de apenas 2,5 mil carros/mês. Entre os estados com grande volume, o melhor desempenho foi o de São Paulo (-18,1%), com 45,3 mil veículos licenciados em junho. O pior desempenho é o do Piauí (-96,1%), com apenas 74 veículos emplacados.

Vendas por estados: São Paulo teve queda de apenas 18,1% em relação a junho de 2019.
Vendas por estados: São Paulo teve queda de apenas 18,1% em relação a junho de 2019.
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução / YouTube

Luiz Carlos Moraes criticou a falta de ações concretas para reduzir os impactos da crise econômica provocada pela pandemia. Ele disse que “nós, o setor privado, estamos financiando o Estado” e alertou para o perigo de demissões, que já começaram, mas em volume pequeno. O presidente da Anfavea disse que, globalmente, as vendas de carros vão cair do patamar de 90 milhões para cerca de 70 milhões de veículos devido à pandemia. Por isso, as exportações também estão sendo prejudicadas. Foram apenas 19 mil veículos exportados em junho, contra 40 mil no sexto mês do ano passado. A produção, apesar da diferença brutal em relação a 2019, mais que dobrou em relação a maio e atingiu 99 mil veículos. 

"A situação geral da indústria automotiva nacional é de uma crise maior que as enfrentadas nos anos 80, 90 e essa mais recente de 2015/16”, disse Luiz Carlos Moraes. “Ela veio num momento em que as empresas projetavam um crescimento anual de quase 10%. Um recuo dessa magnitude no ano terá impactos duradouros, infelizmente. Nossa expectativa é que apenas em 2025 o setor retorne aos níveis de 2019, ou seja, com atraso de seis anos."

Presidente da Anfavea explica os números de licenciamentos, exportação e produção.
Presidente da Anfavea explica os números de licenciamentos, exportação e produção.
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução / YouTube
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