Vaga Lume indica leituras para as férias da criançada
Selecionados pela ONG Vaga Lume, os títulos ampliam repertórios e incentivam a prática da mediação literária em casa.
Durante as férias escolares, mães e pais buscam atividades para entreter e divertir as crianças em casa, e a mediação de leitura é uma das atividades que podem ser realizadas com poucos recursos, mas que geram impactos significativos: a mediação de leitura e o acesso a bons livros literários apoiam o desenvolvimento socioemocional das crianças e fortalecem os laços afetivos entre quem lê e quem ouve as histórias.
A ONG Vaga Lume, que há mais de 20 anos promove a leitura por meio da criação de bibliotecas em comunidades rurais da Amazônia Legal brasileira e da formação de mediadores de leitura — iniciativa que já formou mais de 6 mil mediadores em dezenas de comunidades rurais, ribeirinhas, beiradeiras, indígenas e quilombolas — destaca a importância da mediação de leitura nas escolas, bibliotecas públicas e comunitárias e em casa para o desenvolvimento do hábito leitor, em um momento em que o Brasil perde leitores de forma acentuada.
A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura, lançada em 2024, revela que o Brasil perdeu 7,4 milhões de leitores na faixa correspondente ao Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano). Em 2019, eram 21,1 milhões; hoje, são 13,7 milhões. O dado reforça a importância de incentivar práticas de leitura também dentro de casa, especialmente em períodos como as férias, quando há mais tempo para compartilhar histórias e fortalecer vínculos familiares.
A mediação de leitura é o ato de ler para alguém sem a necessidade de explicar ou fazer perguntas sobre o que foi lido. O mediador cria um ambiente de escuta, curiosidade e afeto, estabelecendo pontes entre o livro e a criança e gerando o hábito leitor. Um exemplo do impacto desse processo é que, somente em 2024, a organização registrou mais de 52 mil empréstimos de livros em suas bibliotecas comunitárias, demonstrando a força do mediador de leitura e do acervo literário, composto por histórias, estilos de narrativa, formatos e representatividades diversas.
"Para fazer mediação de leitura é preciso apenas de bons livros, do mediador e da criança. Nesse contexto, criamos um encontro de afeto, em que cada história se transforma em uma experiência compartilhada", explica Lia Jamra, diretora-executiva da Vaga Lume. "Quando mediamos histórias e promovemos o acesso ao livro e à leitura, ampliamos o vocabulário, estimulamos o pensamento crítico e cultivamos a empatia, algo essencial para a formação socioemocional de crianças e adolescentes".
Em 2025, o acervo curado pela organização e enviado para a rede de 97 bibliotecas comunitárias na Amazônia recebeu títulos que estimulam a curiosidade, valorizam diferentes identidades e convidam crianças e adolescentes a valorizar suas raízes e a conhecer outras formas de viver, brincar e experienciar o mundo. Essa lista de obras, que também inclui títulos ideais para a medição de leitura nas férias, foi cuidadosamente selecionada pela equipe técnica da Vaga Lume.
"Nosso trabalho de curadoria é fundamental para garantir que as crianças e os jovens tenham acesso a livros que realmente ampliem horizontes", afirma Lia. "Selecionamos obras que trazem diversidade de temas, vozes e modos de viver e que valorizam as culturas presentes nas comunidades onde atuamos. Cada título é escolhido com cuidado para promover encontros significativos com a leitura e fortalecer a construção de repertório entre diferentes gerações", completa.
A seguir, é possível conferir sugestões de livros para bebês, crianças e adolescentes, com recortes que valorizam a diversidade e enriquecem o período de férias com imaginação, pertencimento e boas histórias, todas extraídas do acervo mais recente da Vaga Lume.
Para bebês:
Não apronte, Mastodonte!, de Micaela Chirif, com ilustrações de Issa Watanabe (Ed. Jujuba)
Nesta narrativa cheia de humor e afeto, o leitor acompanha a rotina de uma criança com seu amigo mastodonte.
O Baiacu que adorava fantasias, de Banda Fera Neném, com ilustrações de Rômolo D'Hipólito (Ed. Brinque-Book)
Um baiacu inquieto decide experimentar novas formas de ser e se ver, e mergulha em uma jornada lúdica de identidade e imaginação.
Representatividade indígena:
Kuján e os meninos sabidos, de Ailton Krenak, com ilustrações de Rita Carelli (Ed. Companhia das Letrinhas)
Um criador retorna à Terra como tamanduá e, ao ser ameaçado, encontra em duas crianças a chance de transformar o destino da história.
Infância na aldeia, de Márcia Kambeba, com ilustrações de Cris Eich (Ed. Ciranda na Escola)
Partindo de vivências pessoais e memórias compartilhadas, a autora revela a beleza, as tradições e o ritmo da infância vivida em uma aldeia.
Representatividade negra:
Um dia feliz, de Patricia Santana, com ilustrações de Carol Fernandes (Ed. Alegriô)
Ayana revive momentos vividos ao lado da avó — uma mulher curiosa, cheia de histórias e vontade de conhecer o mundo.
Chupim, de Itamar Vieira Junior, com ilustrações de Manuela Navas (Ed. Baião)
No primeiro livro infantil de Itamar Vieira Junior, o leitor acompanha Julim em sua primeira ida aos campos de arroz.
Representatividade LGBTQIAPN+:
Heartstopper - Dois garotos, um encontro (Vol. 1), de Alice Oseman, traduzido por Guilherme Miranda (Ed. Seguinte)
Dois garotos muito diferentes iniciam uma amizade que se transforma, aos poucos, em um relacionamento amoroso.
Website: https://vagalume.org.br/