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Trump reluta em abandonar Arábia Saudita após desaparecimento de jornalista e quer provas

17 out 2018 - 17h49
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que não quer abandonar a Arábia Saudita, uma aliada próxima, depois do desaparecimento de um jornalista saudita e crítico do governo do país, afirmando precisar de evidências que provem as acusações dos turcos de que ele teria sido morto por agentes sauditas. 

Trump fala na Casa Branca
 17/10/2018   REUTERS/Joshua Roberts
Trump fala na Casa Branca 17/10/2018 REUTERS/Joshua Roberts
Foto: Reuters

Trump afirmou que esperava um relatório completo sobre o que aconteceu a Jamal Khashoggi do secretário de Estado Mike Pompeo, que foi enviado por ele à Arábia Saudita e à Turquia para se reunir com autoridades e discutir o incidente. 

Autoridades turcas disseram acreditar que Khashoggi, um colunista do jornal Washington Post e um importante crítico do autoritário reino do príncipe Mohammed bin Salman, foi morto no consulado saudita em Istambul no dia 2 de outubro, e que seu corpo teria sido removido de lá. Os sauditas negam as acusações. 

Fontes turcas disseram à Reuters que as autoridades possuem uma gravação sonora que indica que Khashoggi tenha sido morto dentro do consulado. Ele não é visto desde que entrou no prédio do consulado. 

Trump, que estreitou as alianças com a Arábia Saudita e seu príncipe de 33 anos, disse que os Estados Unidos pediram à Turquia qualquer evidência em áudio ou vídeo que possa estar relacionada com o que aconteceu com Khashoggi.

Perguntado em uma entrevista à Fox Business Network se Washington abandonaria Riad, Trump disse: "Eu não quero fazer isso". 

O presidente norte-americano reiterou suas esperanças de que os líderes sauditas não estejam envolvidos no desaparecimento de Khashoggi, que estava morando nos Estados Unidos.

"Nós já pedimos, se isso existe... Eu ainda não tenho certeza se existe, provavelmente sim, possivelmente sim", disse Trump a jornalistas sobre evidências em áudio ou vídeo. 

Veículos de imprensa dos Estados Unidos já reportaram que Riad, apesar das negativas iniciais sobre seu envolvimento, irá reconhecer que o jornalista foi morto em um interrogatório frustrado. Trump já especulou, sem providenciar evidências, que "assassinos independentes" poderiam estar envolvidos. 

O jornal governista turco Yeni Safak publicou na quarta-feira o que disse serem detalhes das gravações em áudio que supostamente documentam o interrogatório e tortura de Khashoggi. 

Khashoggi foi morto em questão de minutos, e seus torturadores removeram seus dedos durante o interrogatório, segundo o jornal. Seus assassinos ainda o decapitaram e o desmembraram, segundo o jornal. 

O The New York Times citou uma autoridade turca que confirmava os detalhes publicados no jornal Yeni Safak. Dois oficiais turcos contatados pela Reuters se negaram a confirmar o relato. 

Como o príncipe saudita se sairá desta crise é um teste para como o Ocidente irá lidar com a Arábia Saudita no futuro. 

Trump pareceu indisposto a se distanciar demais dos sauditas, citando o papel de Riad em contrapor a influência iraniana na região - e as dezenas de bilhões de dólares em acordos comerciais relacionados a armamentos. 

Outros países ocidentais, embora expressem preocupação diante do incidente, enfrentam uma situação delicada e similar em sua relação com o maior exportador de petróleo do mundo. 

Pompeo, enquanto isso, disse que Riad deveria ter mais alguns dias para completar sua própria investigação sobre o desaparecimento de Khashoggi. Ele encontrou o presidente turco e o ministro das Relações Exteriores para discutir o assunto, um dia após Trump ter dado à Arábia Saudita o benefício da dúvida. 

"Eles irão fazer uma investigação, e quando a investigação sair, vamos avaliá-la", disse Pompeo a jornalistas que viajavam com ele. 

Uma porta-voz do Departamento de Estado disse que Pompeo não tinha ouvido nenhuma gravação de áudio que indicaria que Khashoggi teria sido assassinado. 

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