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Atriz a robô-bebê: saiba mais sobre as criações de Ishiguro

29 dez 2011 - 11h20
(atualizado às 11h27)
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Ewerthon Tobace
Direto de Osaka, Japão

Um dos primeiros projetos do professor Hiroshi Ishiguro, Robovie, parecia uma lata de lixo com braços. Hoje, ele diz que trabalha por hobby, viaja constantemente para palestras e seminários, e comanda um grupo de pouco mais de 50 pesquisadores e cientistas da Universidade de Osaka, a maioria estudantes dos programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado - um grupo de jovens com idade média entre 20 e 30 anos.

A androide Sayonara (na cadeira) foi feita para atuar como atriz ou recepcionista
A androide Sayonara (na cadeira) foi feita para atuar como atriz ou recepcionista
Foto: Tatsuo Nambu / Oriza Hirata / ATR Hiroshi Ishiguro Laboratory / Divulgação

Eles passam a maior parte do tempo no Laboratório de Robótica Inteligente, que faz parte do Departamento de Sistemas e Inovações na Faculdade de Ciências da Engenharia, um espaço que chama a atenção pela simplicidade da estrutura. Porém, é daquele espaço de pouco mais de 50 metros quadrados, abarrotado de peças, sucatas e diversos projetos em andamento, que saem as mais notáveis invenções na área de robótica.O cientista comanda outros três laboratórios, todos no mesmo estilo. Em Quioto, a cerca de uma hora de carro de Osaka, é que estão os androides e humanoides de Ishiguro, os robôs mais famosos.

Num destes espaços pequenos foi desenvolvido, por exemplo, o Actroid, um robô humanoide com incríveis movimentos faciais e atitudes humanas. "É o futuro das artes cênicas, pois teremos robôs que atuam e que podem passar realidades impossíveis hoje para os atores, como cortar o braço ou mesmo se matar", sugere Ishiguro.

Mas o mais famoso projeto do professor é o Geminoid - robô idêntico a uma determinada pessoa, como um gêmeo - com suas próprias feições. Ele inclusive fez testes com sua própria família e alunos para ver a reação deles com o "clone". Ishiguro foi eleito pela revista Newsweek Japan como um dos 100 japoneses mais respeitados no mundo em toda a História e também foi considerado pela revista Asian Scientist, na edição de maio deste ano, como um dos 15 cientistas asiáticos a serem observados.

O trabalho de Ishiguro levou-o a aparecer em filmes. Em Amor Mecânico (Mechanical Love, 2007, Dinamarca), o foco é o professor e seu trabalho com o robô Geminoid, no documentário que explora a relação entre homens e robôs. Eles também aparecem em Homem-Máquina (Men-Machine, 2008, Inglaterra), um documentário da BBC, assinado por James May, sobre robôs. A obra faz parte da série Big Ideas (Grandes Ideias).

No ano seguinte veio Substitutos (Surrogates, 2009, EUA). No começo do filme, uma entrevista com o professor sobre o Geminoid é usada como gancho para contar uma história passada em 2054, quando os humanos vivem em isolamento e interagem apenas com robôs que são semelhantes aos aos homens. Por fim, em Plug & Pray (2010, Alemanha), o pesquisador japonês é um dos cientistas participantes deste documentário sobre o futuro, os problemas e a ética em torno da inteligência artificial e os robôs.

Projetos ousados

Não é de hoje que teóricos e sonhadores falam de um futuro em que seres humanos e máquinas coexistirão em harmonia. Nos desenhos animados e nos filmes isso já é abordado há tempos. Robôs como R2D2 e C-3PO, Astro Boy, Rosie, Número 6 e os da série Transformers ganharam a simpatia do público, que sonha com máquinas inteligentes que possam realizar as mais diferentes tarefas - principalmente aquelas que não gostamos de fazer.

Entretanto, diferente da fantasia, os pesquisadores trabalham com máquinas cada vez mais parecidos com os seres humanos, não somente para nos ajudar, mas para conversar e até mesmo cuidar de nós. Vale lembrar que o Japão sofre hoje com um dos mais baixos índices de natalidade do mundo. Leia abaixo e saiba mais sobre alguns dos atuais projetos de Ishiguro (e veja as fotos na galeria):

Android Theater "Sayonara"

Robô desenvolvido para ser um ator completo no palco. "Hoje, um ator tem limites. Mas um robô pode ser mais realista e, por exemplo, cortar um braço ou mesmo se matar em cena", defende Ishiguro.

Telenoid R1

Esse robô de 80 cm de altura é uma espécie de "ferramenta avançada de videoconferência". O boneco, além de reproduzir o que o interlocutor fala, também pode transmitir gestos com a boca, o os olhos e a cabeça.

Elfoid

O Elfoid é um minirrobô humanóide criado a partir do irmão mais velho Telenoid. É um aparelho cellular com funções parecidas com o Telenoid. A ideia é que a comunicação entre pessoas seja mais pessoal e íntima. Tem 20 cm de comprimento, possui botões de controle na parte traseira, por baixo da "pele", além de uma câmera que capta as emoções faciais. Desta forma, o Elfoid pode transmitir para a pessoa do outro lado da linha não só a voz como também a emoção, em tempo real. Assim, o aparelho evitaria erros de interpretação ao mostrar as expressões faciais do interlocutor.

Geminoid HI-1

Este foi o primeiro robô-gêmeo desenvolvido por Hiroshi Ishiguro, uma cópia idêntica do próprio professor. Depois dele veio o Repliee R1, que tem a forma de uma garota de 5 anos e, em 2005, ele completou a família com Repliee Q1Expo, um robô em forma de mulher, que depois ganhou uma versão melhorada, a Repliee 02. Os androides têm cobertura de silicone e mais de 40 pontos de articulação, que possibilitam uma vasta gama de movimentos. Eles não só mexem olhos, mãos e cabeça, mas também tórax, como se estivessem respirando, e respondem à perguntas. Além disto, graças a sensores táteis e um sistema de câmeras, eles reagem ao toque humano e a gestos feitos a distância. Sua aplicação também é para serviços de recepção e tratamento de doentes e idosos.

Geminoid F

O Geminoid F é a versão feminina do Geminoid HI-1. Ele foi feito para ser uma réplica fiel de uma jovem com 20 anos. Esse modelo tem incríveis expressões faciais: sorri, fica triste e demonstra outros sentimentos típicos dos seres humanos. A intenção é usar o robô para atuar como recepcionista ou mesmo no tratamento de pacientes.

M3-Neony

Esses simpáticos robozinhos de 30 cm de altura foram criados para interagir com outros robôs (isso mesmo!) e também com humanos. Os cientistas estudam as reações verbais e não-verbais desses robozinhos, criados para estimular a relação entre humanos.

M3-Synchy

Com aspecto de bebê, o robozinho de 50 cm de altura tem uma complexa estrutura e mais de 90 sensores e seu objetivo é servir como modelo para estudo dos movimentos de um bebê. O estudante italiano de pós-doutorado, Fabio Dalla Libera, 28 anos, é o responsável por incluir e estudar novos movimentos ao robô

Human-Like Robotic Arm

Uma estrutura complexa de cabos e fios que reproduzem perfeitamente um braço humano. Pesquisadores comandados pelo professor Hiroshi Ishiguro estudam como esse membro humano funcionaria com uma inteligência artificial. O braço mecânico possui uma tremenda força e, ao mesmo tempo, é sensível. O mais incrível é que funciona apenas com uma (complexa) estrutura de ar comprimido.

Fonte: Especial para Terra
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