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Reels: de olho no TikTok, Instagram expande função de vídeos curtos

Testada no Brasil desde novembro, funcionalidade de edição ágil estava restrita aos Stories, mas agora terá área própria nos perfis de usuários e na aba de exploração; vídeos curtos hoje são destaque em rivais da empresa, como TikTok e Kwai

23 jun 2020 - 05h12
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Tela mostra Reels dentro do feed do usuário, na aba explorar e sendo exibido na íntegra
Tela mostra Reels dentro do feed do usuário, na aba explorar e sendo exibido na íntegra
Foto: Instagram / Estadão

Em novembro do ano passado, o Instagram lançou no Brasil uma nova ferramenta de vídeos curtos: chamada de Cenas, ela permite que usuários fizessem filmetes de até 15 segundos, animados e musicados, prontos para serem publicados nos Stories. Nesta terça-feira, 23, porém, a empresa anuncia que a ferramenta está pronta para roubar "a cena" dentro do aplicativo. Com um novo nome - Reels (cenas, em inglês) -, a funcionalidade poderá ser usada no Brasil, na França e na Alemanha para criar vídeos que podem ser publicados na linha do tempo normal, sem serem excluídos pela rede social após 24 horas.

"Percebemos que muitos criadores estavam investindo tempo para fazer esse conteúdo e acreditamos que ele poderia ir além do Stories. Além disso, fora do Feed, era difícil que um criador de conteúdo pudesse ser descoberto por novas pessoas", explica Vishal Shan, chefe de produto do Instagram. "Acreditamos que, com o Reels, podemos criar a nova geração de criadores de conteúdo", aposta o executivo, que conversou com jornalistas brasileiros sobre a novidade na segunda-feira, 22.

Para criar um Reels, o usuário deverá clicar no mesmo ícone que hoje utiliza para publicar uma foto ou um vídeo. Também poderá adicionar filtros, cortes de cena e músicas. Além de poderem ser publicados diretamente na linha do tempo (feed) dos usuários, os vídeos produzidos com o Reels também poderão ser publicados como Stories ou enviados como mensagem privada a um usuário.

Os vídeos ágeis também aparecerão numa parte específica da aba Explorar - identificada com o ícone de lupa, ela é a área do Instagram em que usuários podem explorar novos interesses, com ajuda de um algoritmo próprio da rede, a partir de fotos que curtiram, páginas que seguem e outras informações. Usuários que passarem a publicar muitos Reels também terão uma aba própria em seus perfis para esses vídeos, para que eles não se misturem com fotos e vídeos de outros formatos.

Parece difícil? A empresa espera que não. "O Reels pode adicionar complexidade, mas na verdade ele deixa as coisas mais simples, saindo do Stories e ganhando um espaço próprio", afirma Shan. Segundo ele, os vídeos curtos tem sido uma tendência dentro do app: no último mês, 45% dos filmes publicados pelos usuários na linha do tempo principal tinham menos de 15 segundos.

Rivalidade

Mas o mérito para essa última estatística pode não ser todo da empresa comandada por Mark Zuckerberg: 15 segundos também é a duração máxima dos vídeos do aplicativo chinês TikTok, um dos principais hits da quarentena. Usado por mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo, o serviço da Bytedance traz vídeos ágeis, coreografias e desafios. Além de ter seus próprios influenciadores, é no TikTok hoje que nascem memes e ideias que se propagam depois pela internet, incluindo o próprio Instagram.

É algo que a empresa reconhece. "A tendência é que as pessoas estão distribuindo conteúdo no Instagram", disse Shan, citando apps como o TikTok e outro rival, o Snapchat. Questionado se o fato de que usuários utilizam serviços concorrentes para criar seus vídeos não é um problema, o executivo negou. "Não queremos restringir a criatividade dos usuários. O que importa é que quanto mais conteúdo houve para nossos usuários, melhor", explica. "Mas também é bom poder concentrar coisas em um aplicativo só." E claro, também significa que a empresa está engajando mais as pessoas - e quem atrai olhos na internet também fatura mais.

Nos últimos meses, o TikTok tem sido uma pedra no sapato do Facebook - foi um dos poucos apps a furar o bloqueio da empresa de Mark Zuckerberg na lista de programas mais baixados no Android e no iOS. Até Sheryl Sandberg, nº 2 da rede social, manifestou preocupação com o crescimento dos chineses.

Um dos pontos fortes do app chinês, segundo seus usuários, é o algoritmo de descoberta - com misto de curadoria humana e inteligência artificial, ele mostra não só vídeos populares, mas também tem um sistema que traz conteúdo que o usuário nem sempre está acostumado a ver. Assim, garante diversidade e oxigena em vez de reforçar uma lógica de bolha - ainda que os chineses também sejam criticados por seus próprios critérios de diferenciação.

A ideia chamou a atenção do Facebook: na área do Reels dentro da aba Explorar, haverá também um sistema diferente de descoberta de conteúdo, que promete mesclar homem e máquina e não ser baseado apenas nos interesses do usuário, afirma Shan. "Queremos ajudar as pessoas a conhecerem novos criadores. Inclusive, qualquer um poderá ser descoberto", diz. Para ele, produzir conteúdo é uma nova forma de entretenimento próprio. "Quando eu era jovem, me juntava com meus amigos pra jogar videogame. Hoje, os jovens se juntam para criar seus vídeos."

Estadão
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