Apple mostra crescente dependência da China às vésperas de maiores tarifas dos EUA
Usar fábricas no Brasil e na Índia não diminuiu a dependência da Apple em relação à China, mostraram dados da cadeia de fornecimento da empresa, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensifica a guerra comercial e promete mais tarifas.
A Apple enfrenta taxas de 15% impostas pela administração Trump sobre os principais produtos fabricados na China, como relógios inteligentes e fones de ouvido sem fio em 1º de setembro, com uma tarifa para seu produto mais vendido, o iPhone, que entrará em vigor em 15 de dezembro.
Poucas empresas americanas estão tão ligadas à maior economia da Ásia como a Apple. As fábricas da Hon Hai Foxconn, Pegatron, Wistron e outras empregam centenas de milhares de trabalhadores para montar dispositivos da Apple.
Em anos recentes, as fabricantes da Apple se expandiram para outros países. A Índia não tinha locais de fabricação da Apple em 2015, mas passou a ter três instalações de montagem em 2019, incluindo uma fábrica da Foxconn, que planeja fazer modelos do iPhone X, informou a Reuters no ano passado.
A Apple aproveita as operações da Índia para evitar altas taxas de importação nos iPhones em um dos últimos mercados de celulares em rápido crescimento no planeta, similar à mudança da Apple e da Foxconn para abrir uma unidade no Brasil em 2011.
Mas as fábricas fora da China são menores e a Apple só as usa para atender demanda doméstica. As fábricas de fornecedores da Apple dentro da China, por sua vez, expandiram-se muito mais do que as internacionais, com a Foxconn sozinha expandindo de 19 locais em 2015 para 29 em 2019 e a Pegatron passando de oito para 12, segundo dados da Apple.
E além das fábricas contratadas, o resto dos fornecedores da Apple - as empresas que vendem chips, displays e outras peças - ficaram mais concentrados na China. Entre todas as localizações de fornecedores, 44,9% estavam na China em 2015, proporção que subiu para 47,6% até 2019, segundo os dados divulgados.
A Apple recusou-se a comentar. Em julho, o presidente-executivo da Apple, Tim Cook, disse a investidores que não iria dar corda para a especulação sobre como a empresa vai mudar a produção por causa das tarifas dos EUA.