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Após década dos smartphones, como serão os eletrônicos nos anos 2020?

Tecnologias como dispositivos vestíveis e telas dobráveis devem amadurecer nos próximos anos; segundo especialistas, o smartphone pode se tornar um hub de conexão entre vários dispositivos

5 jan 2020 - 05h11
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Depois dos computadores nos anos 1990 e dos celulares "tijolões" no começo dos anos 2000, os últimos dez anos marcaram a era dos smartphones - passamos a carregar no bolso um aparelho que faz ligações, acessa internet e tira fotos em boa qualidade. O sucesso foi grande: entre 2009 e 2018, foram vendidos cerca de 9,7 bilhões de smartphones no mundo todo, segundo dados compilados pelo site Statista. Com a nova década batendo à porta, a expectativa é pelo dispositivo que marcará os anos 2020.

Para ter um gostinho do futuro, basta olhar para o que já acontece no mundo atual. Tecnologias que surgiram recentemente, como dispositivos vestíveis e telas dobráveis, devem passar por um processo de amadurecimento, ditando como serão os gadgets de amanhã. Foi assim com o smartphone: o conceito de um celular inteligente nasceu em 1994 com o aparelho Simon, da IBM, e só depois de alguns anos ganhou o mercado.

Na visão de Marcelo Zuffo, professor da USP e membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), a tendência é que os eletrônicos sejam mais integrados ao corpo humano. "Hoje todo mundo anda de cabeça baixa nas ruas, mexendo em smartphones. Há a ideia de que a tecnologia precisa ir na contramão disso para ser algo mais natural, quase invisível", afirma. "Os aparelhos tendem a ser mais vestíveis, controlados por voz".

O mercado de dispositivos vestíveis, que vai de relógios inteligentes a fones de ouvido Bluetooth, está em ascensão. De acordo com a consultoria IDC, no terceiro trimestre de 2019, cerca de 84,5 milhões de dispositivos do tipo foram vendidos no mundo: um aumento de 94,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

"Com impulsos como a inclusão de assistentes inteligentes, o mercado de vestíveis está no caminho de se tornar uma categoria de dispositivos de mercado de massa, em vez de uma voltada principalmente para a saúde e fitness", disse Jitesh Ubrani, analista da IDC, no comunicado de divulgação do estudo.

Dentro desse cenário, especialistas apontam que devem aparecer no mercado novos tipos de vestíveis, como camisetas inteligentes, com sensores de monitoramento de dados como frequência cardíaca e temperatura corporal, e até lentes de contato futuristas. Na feira de tecnologia Consumer Experience Show (CES), que acontece a partir da próxima terça-feira (7), em Las Vegas, nos EUA, deverão ser feitos anúncios nesse segmento.

As telas dobráveis, que começam a aparecer em smartphones, prometem ser destaque. Os painéis flexíveis poderão adaptar eletrônicos para o corpo das pessoas. A IBM, por exemplo, tem um conceito de um relógio conectado de tela dobrável - o visor (que é praticamente um tablet), ao ser dobrado, encaixa-se em um tamanho adequado para a pulseira.

O smartphone morrerá?

Há quem acredite que o smartphone possa perder espaço com a ascensão de novas tecnologias, mas é cedo para cantar a sua morte. "É possível que aconteça uma metamorfose do smartphone: ele pode ser um hub de conexão do nosso mundo digital", diz Eduardo Pellanda, professor da PUC-RS. Em muitos casos, já não é mais preciso tirar o telefone da mochila ou do bolso para realizar tarefas ou consumir conteúdo, graças aos aparelhos vestíveis.

Nos últimos anos, o crescimento das telas e, posteriormente, o surgimento de materiais flexíveis, não quebrou radicalmente com a ideia do que é um smartphone. São movimentos de evolução e não revolução. "Com a tecnologia flexível, o smartphone poderá se transformar até em um tablet ou em um mini laptop", diz Pellanda.

Nada que possa assustar quem passou os últimos anos utilizando gadgets do tipo. Afinal, a velocidade dos ciclos evolutivos mudou, o que permite o consumidor experimentar mais rapidamente as evoluções tecnológicas. "Na última década houve um amadurecimento do varejo. Quando uma tecnologia começa a aparecer, já tem gente investindo para lançá-la. Os consumidores experimentam os novos produtos rapidamente", explica Franzin, da USP.

Exemplo disso é o Motorola Razr, , o celular dobrável da Motorola. Depois de uma etapa de desenvolvimento de três anos, o aparelho foi anunciado globalmente em novembro e a previsão, segundo a empresa, é que ele chegue no Brasil neste mês. Um tempo atrás isso não era comum: o primeiro iPhone sequer foi lançado no País.

Presença

Para Renato Franzin, também professor da USP, a grande revolução dos eletrônicos estará na estrutura ao redor deles. "Com a evolução do 5G e da inteligência artificial, os gadgets vão acabar se tornando mais efêmeros e desprezíveis. Os serviços vão ser mais importantes", diz. Segundo especialistas, a conexão de quinta geração será a peça fundamental para o funcionamento dos eletrônicos do futuro.

Entre os beneficiados pelas conexões mais velozes estão dispositivos de realidade virtual, que inserem o usuário em ambiente virtual, e de realidade aumentada, que combina elementos virtuais em cenários reais - é a tecnologia que ficou famosa com o jogo do Pokémon.

É nessa área que está um dos principais planos de Mark Zuckerberg para o futuro da sua empresa, o Facebook. m 2014, a rede social comprou por US$ 2 bilhões a empresa de realidade virtual Oculus, e desde então vem lançando alguns dispositivos. Em entrevista exclusiva ao Estado em setembro, Zuckerberg disse que a realidade virtual é uma parte importante dentro do plano do Facebook de ajudar as pessoas a se conectar e a se unir em uma comunidade. "Estamos prontos para a próxima experiência: será uma combinação de óculos de realidade virtual com óculos de realidade aumentada", disse o executivo. "A principal característica dessa geração será a presença: a sensação de que você está no mesmo lugar que outra pessoa."

Há rumores de que a Apple também está trabalhando em um modelo de óculos de realidade aumentada. Uma possível aplicação desse tipo de aparelho é na visualização de mapas: o usuário poderia apontar o smartphone para um lugar e por meio dos óculos ver qual é o caminho que deve percorrer.

O analista Ming-Chi-Kuo, da KGI Securities, um dos que mais acertam nas previsões sobre a Apple, prevê que os óculos da Apple podem ser lançados no segundo trimestre de 2020.

Com os avanços velozes em realidade virtual, dispositivos vestíveis, telas flexíveis e conectividade veloz, o caminho dos gadgets do futuro parece pronto para ser trilhado. Apertem os cintos, pois a viagem promete.

Estadão
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