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Senadores reagem a discurso de Bolsonaro na ONU e pedem recursos para o Pantanal

O tema provocou uma união entre ruralistas e ambientalistas em prol de medidas a favor da preservação

22 set 2020 - 20h25
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BRASÍLIA - O discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) foi alvo de críticas no Senado nesta terça-feira, 22. Após seis meses sem reuniões presenciais, os senadores usaram a sessão para atacar o pronunciamento do chefe do Executivo e cobrar o governo por medidas efetivas direcionadas ao Pantanal e à Amazônia.

Representantes do agronegócio manifestaram preocupação com os efeitos do discurso presencial no exterior. A necessidade de reduzir o desmatamento passou a ser alvo de pressão internacional sobre o Brasil em função da destruição da floresta. O tema provocou uma união inédita entre ruralistas e ambientalistas em prol de medidas a favor da preservação.

No discurso, Bolsonaro afirmou que os incêndios no Pantanal e na Amazônia são usados em uma "brutal campanha de desinformação" com o objetivo de atacar o governo. "Na reunião da ONU, perdeu-se uma grande oportunidade para que o presidente pudesse esclarecer as condições do Brasil", disse a senadora Kátia Abreu (PP-TO). "Não nos atrapalhe, o senhor (Bolsonaro) não pode fazer isso. O senhor precisa levar a sério esse assunto pela gravidade que ele requer. Nós não podemos perder no pódio da agricultura mundial o primeiro lugar."

O Senado criou uma comissão externa para acompanhar a situação do Pantanal. Além disso, há pressão para criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o tema. Em meio às queimadas, Bolsonaro defendeu seu governo durante o discurso o ao dizer que o Brasil é um dos países que mais preservam suas florestas tropicais, mas desconsiderou que o país tem a maior perda desse tipo de cobertura vegetal em 2019.

Os senadores discutem elaborar um estatuto para o Pantanal com leis específicas para preservação da floresta. Além disso, querem uma revisão dos recurso do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), que abaste projetos na região com recursos públicos. "Caso contrário, vai ter tragédia todos os anos, não só lá no Pantanal, como em grande parte da fronteira da Amazônia", afirmou o senador Jayme Campos (DEM-MT).

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), por outro lado, evitou comentar o discurso presidencial, mas afirmou que o Congresso está focado em dar respostas à destruição das florestas. Alcolumbre declarou que não acompanhou o pronunciamento. "Se ele fez esse discurso, eu não acompanhei. Eu sei que nós estamos fazendo e todo dia lutando para dar respostas de proteção das nossas florestas e respeitando a legislação brasileira."

Estadão
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