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Presidente da Colômbia diz que não se deve 'politizar incêndios na Amazônia'

Iván Duque afirma que é indispensável proteger a Amazônia e destacou a importância de envolver comunidades locais em ações de preservação

24 set 2019 - 18h29
(atualizado às 20h23)
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NOVA YORK - No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que há "falácias" sobre a Amazônia, o seu colega Iván Duque, presidente da Colômbia, disse que não se pode permitir que haja politização das queimadas na região. O presidente vizinho falou no Fórum Econômico Mundial nesta terça-feira, 24, em Nova York, para uma plateia de investidores e autoridades internacionais.

"É indispensável proteger a Amazônia, mas tem que ser um esforço regional. Não podemos politizar os incêndios. Ocorreram no Brasil este ano, na Bolívia, não ocorreram na Colômbia mas poderiam ter ocorrido. Por isso não podemos permitir que o tema seja politizado e convocamos o Pacto de Letícia, um acordo onde temos objetivos compartilhados e medidas de coordenação interinstitucional", afirmou Duque, que está na presidência da Colômbia desde agosto de 2018.

Iván Duque, presidente da Colômbia (à dir.), falou para plateia de investidores e autoridades internacionais
Iván Duque, presidente da Colômbia (à dir.), falou para plateia de investidores e autoridades internacionais
Foto: Twitter Ivan Duque / Estadão

No início deste mês, autoridades de sete países - Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname e Guiana - assinaram o pacto para coordenar ações sobre a conservação dos recursos naturais do bioma amazônico, presente nas sete nações. O Brasil abriga 60% da área florestal amazônica. "O Pacto de Letícia nos envolve para reduzir o desmatamento e como reflorestar a Amazônia".

Em seu discurso, Duque destacou ainda a importância de envolver nas ações de preservação as comunidades locais para ajudarem na conservação desse "tesouro". Duque disse ainda que há "diferentes inimigos" da preservação, como a mineração ilegal, os cultivos ilícitos de coca e a expansão ilegal das fronteiras agrícolas. Citou, ainda, o avanço da pecuária e a indústria madeireira ilegal.

Duque também disse que no primeiro ano do governo foi possível reduzir o destamamento em 17% e que a meta é plantar 180 milhões de novas árvores até 2022. "Estamos integrando comunidades indígenas e camponesas para pagar-lhes por serviços ambientais". Antes de assumir o governo, Duque foi senador e atuou por 12 anos no Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, com sede em Washington.

Nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que países que fazem críticas aos incêndios têm interesse comercial nas riquezas minerais do País. Ele disse que é uma "falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade" e um "equívoco" chamar a floresta de pulmão do mundo.

Assista à íntegra do discurso de Jair Bolsonaro na ONU

"Nesta época do ano, o clima seco e os ventos favorecem queimadas espontâneas e criminosas. Vale ressaltar que existem também queimadas praticadas por índios e populações locais, como parte de sua respectiva cultura e forma de sobrevivência. Problemas qualquer país os tem. Contudo, os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da mídia internacional devido aos focos de incêndio na Amazônia despertaram nosso sentimento patriótico.

Questionado pelo Estado nos corredores da ONU, o presidente colombiano reafirmou a necessidade de uma agenda conjunta entre os países. "Quando digo que não se deve politizar (a questão da Amazônia), quero dizer que o mais importante é a coordenação de todos os países com políticas públicas. E celebro que os países tenhamos firmado um pacto onde todos nos comprometemos a continuar a luta contra o desmatamento, promover o reflorestamento, dividir informações e ao mesmo tempo ter uma agenda de pagamento de serviços ambientais".

Estadão
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