Por que no dia de Cosme e Damião se distribui doces?
Em diversas regiões do Brasil, especialmente nas cidades do Sudeste e Nordeste, o dia dedicado a Cosme e Damião é marcado pela distribuição de doces a crianças e adultos. Essa tradição, celebrada em 27 de setembro, desperta a curiosidade de quem observa filas nas portas das casas e sacolas recheadas de guloseimas. O hábito foi […]
Em diversas regiões do Brasil, especialmente nas cidades do Sudeste e Nordeste, o dia dedicado a Cosme e Damião é marcado pela distribuição de doces a crianças e adultos. Essa tradição, celebrada em 27 de setembro, desperta a curiosidade de quem observa filas nas portas das casas e sacolas recheadas de guloseimas. O hábito foi incorporado ao calendário cultural do país e mantém suas raízes profundas, envolvendo elementos religiosos e sociais que se misturam ao longo do tempo.
Originalmente, a celebração está ligada à devoção aos santos Cosme e Damião, conhecidos por serem protetores das crianças e associados à caridade e à generosidade. A data se tornou, para muitos, momento de partilha e confraternização, reforçando valores como a solidariedade. O costume de entregar doces representa não apenas uma tradição religiosa, mas também uma oportunidade para a comunidade estabelecer vínculos e fortalecer laços afetivos.
Quem foram Cosme e Damião?
De acordo com a tradição cristã, Cosme e Damião foram dois irmãos gêmeos nascidos na região da Síria, conhecidos por exercerem a medicina sem cobrar pelos serviços prestados. A prática gratuita lhes rendeu enorme respeito e admiração entre a população, criando uma imagem de dedicação e caridade. Tornaram-se mártires e, posteriormente, santos venerados pela Igreja Católica, pelos ortodoxos e também por seguidores de religiões de matriz africana no Brasil.
O sincretismo brasileiro incorporou a devoção aos gêmeos em diferentes manifestações religiosas, como o catolicismo, o candomblé e a umbanda. Nesses contextos, são associados à proteção das crianças e à inocência infantil, ganhando destaque em festas populares e rituais de fé. Por esse motivo, a oferta de doces assume papel simbólico, representando cuidado, proteção e alegria dirigidos aos pequenos.
Por que a distribuição de doces está relacionada à fé?
A ligação entre a distribuição de doces e o dia de Cosme e Damião possui raízes históricas e religiosas. O gesto de oferecer guloseimas é visto como um ato de devoção e agradecimento por bênçãos recebidas ou por pedidos atendidos. Em muitos lares, a preparação dos kits de doces é precedida por preces e pedidos de proteção, especialmente para as crianças da casa e do bairro.
Além disso, nas religiões afro-brasileiras, Cosme e Damião são associados a entidades infantis conhecidas como erês, que representam pureza e alegria. É comum a oferta de balas, pipocas e bolos como forma de agradar essas entidades e obter sua proteção. O costume foi rapidamente assimilado também pelo catolicismo popular, que percebe na doação uma maneira de propagar valores como a solidariedade e o amor ao próximo.
Como ocorre a celebração e quais doces são mais distribuídos?
No dia de Cosme e Damião, quem deseja participar da tradição geralmente organiza saquinhos contendo uma variedade de doces populares. Entre eles, destacam-se balas, pirulitos, paçocas, pipocas, bombons e caramelos. Em alguns casos, são acrescentados pequenos brinquedos ou bolos, adaptando-se às preferências e realidades locais.
- Bolos simples, cortados em pedaços e embrulhados individualmente
- Balas e pirulitos de diferentes sabores
- Paçoca, doce tipicamente brasileiro feito de amendoim
- Pipoca doce, distribuída em saquinhos plásticos
- Ovinhos de chocolate e caramelos variados
Muitas vezes, a distribuição ocorre em frente de casas, com filas organizadas, mas também pode ser realizada em instituições sociais, escolas e centros religiosos. Com o passar dos anos, o gesto ultrapassou o âmbito exclusivamente religioso e passou a ser um evento esperado por crianças de diferentes origens.
Qual o significado da partilha no dia de Cosme e Damião?
Além do simbolismo religioso, a entrega de doces nesse dia carrega o significado de partilha e inclusão social. Distribuir guloseimas serve como forma de promover alegria e sensação de pertencimento, principalmente entre crianças em situação de vulnerabilidade. O ato incentiva o convívio comunitário e resgata valores importantes para a formação cidadã.
Por fim, a prática lembra que gestos simples podem fortalecer o sentimento de coletividade e respeito mútuo. Ano após ano, a tradição se reinventa, garantindo que a memória de Cosme e Damião permaneça viva, tanto pela celebração da infância quanto pela promoção da solidariedade.