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Os riscos do uso do "spray mágico" em contusões

17 jun 2015 - 08h56
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Amplamente usado por atletas profissionais, o aerossol gelado, que alivia imediatamente as dores, ganha popularidade também entre amadores. Médicos alertam para substâncias tóxicas e para risco de piora de lesões.

A cena se repete com frequência: um dedicado zagueiro trava a bola, e o oponente, um atacante, acaba no chão, contorcendo-se de dor e segurando uma perna possivelmente contundida. Sem problemas: passa-se um spray e pronto, ele está de pé novamente.

Conhecido entre os jogadores como "spray mágico", o aerossol gelado, utilizado nos primeiros socorros em gramados e quadras, tem se tornado cada vez mais popular não apenas entre profissionais, mas também entre os "atletas de fim de semana". E isso, segundo médicos, requer cuidado.

"Tudo bem se um experiente terapeuta esportivo o utiliza, mas isso não deveria ser usado por leigos", defende o ortopedista Andreas Imhoff, da Universidade Técnica de Munique e que chefia uma clínica especializada em medicina esportiva.

Segundo a também ortopedista e especialista em medicina do esporte Margit Rudolf, da Universidade Otto von Guericke, em Magdeburg, "há um grande risco quando atletas amadores utilizam esse produto".

Ela diz que ainda mais preocupante é quando o aerossol é utilizado em crianças. Margit acredita que os pais tendem a ser mais cuidadosos quando colocam o spray nos filhos, mas recorda de casos de uso equivocado em adolescentes.

"Esses sprays não deveriam ser manuseados por pais e mães", afirma.

Elementos tóxicos

O que pode ser problemático nos sprays é óbvio: os componentes. Enquanto há alguns relativamente "naturais" no mercado, à base de cânfora e mentol, muitos outros contêm cloroetano, substância muito utilizado como aditiva na gasolina e que pode ser intoxicante quando aplicado incorretamente.

"É preciso segurar o spray pelo menos 30 centímetros longe do local aplicado e não colocar o produto em contusões abertas", explica Imhoff.

Margit também alerta a respeito do uso equivocado: "Já vi utilizarem em contusões abertas", afirma. "Ele pode ser muito agressivo e deveria ser manuseado apenas por profissionais."

A maioria dos sprays é utilizada para combater a dor oriunda de lesões que têm relação com a atividade física. O "congelamento" da lesão permite que os jogadores voltem à partida o mais rápido possível. E esse é outro grande problema, dizem os médicos.

"Você pode obter o efeito refrescante com uma bolsa de gelo, mas o spray é mais frio e, por isso, mais perigoso. E o que você quer é curar a lesão", diz Imhoff.

O resfriamento extra não apenas ajuda os atletas a retornarem mais rapidamente ao jogo, mas também tem uma logística mais conveniente em relação ao saco de gelo. Desta forma (com o spray), o jogador não precisa sentar e ficar um tempo parado, fora de ação.

Só que isso pode levar a outras contusões, já que os atletas não sabem o que está de fato acontecendo embaixo da pele.

Médicos acreditam que o spray está sendo cada vez mais usado. A disponibilidade, a conveniência e a inadvertida promoção – quando atletas usam em frente às câmeras – têm levado o produto a ser exageradamente utilizado.

"Uma bolsa de gelo é melhor", conclui Margit.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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