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ONU aponta possíveis crimes contra a humanidade na China

1 set 2022 - 10h21
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Relatório histórico acusa Pequim de abusos sistemáticos contra membros da etnia uigur e outras minorias, incluindo detenção discriminatória, tortura e maus-tratos. Regime chinês nega alegações.O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR, na sigla em inglês) acusou a China de graves violações dos direitos humanos que podem constituir "crimes contra a humanidade".

Protesto por boicote dos Jogos Olímpicos de Inverno 2022, contra tratamento da etnia uigur pelo regime chinês
Protesto por boicote dos Jogos Olímpicos de Inverno 2022, contra tratamento da etnia uigur pelo regime chinês
Foto: DW / Deutsche Welle

Em relatório histórico, divulgado nesta quarta-feira (31/08) após cerca de um ano de elaboração, o órgão da ONU concluiu que os uigures e integrantes de outros grupos muçulmanos do território autônomo de Xinjiang foram privados de seus direitos fundamentais de 2017 a 2019, e potencialmente depois.

"As alegações de padrões de tortura ou maus-tratos, incluindo tratamento médico forçado e condições adversas de detenção, são verossímeis", diz o relatório.

A China é há tempos acusada pela Anistia Internacional, a Human Rights Watch e outros grupos de direitos humanos de deter mais de 1 milhão de uigures na região de Xinjiang, no extremo oeste do país.

O novo relatório da ONU diz que a situação "requer atenção urgente do governo, dos órgãos intergovernamentais das Nações Unidas e do sistema de direitos humanos, bem como da comunidade internacional em geral".

Longamente antecipado, o documento se baseia em entrevistas com ex-detentos e outros indivíduos ligados a oito centros de detenção distintos de Xinjiang. Alguns dos ex-presidiários afirmam ter sido obrigados a assinar termos de compromisso para silenciar sobre suas experiências. O OHCHR também ressaltou que as autoridades chinesas mutias vezes se negaram a fornecer informações.

The 48-page report also observed a shift from detention in what Beijing calls "vocational centers" to more formal imprisonment on criminal grounds.

O texto de 48 páginas também observa que Pequim passou a dar preferência ao encarceramento mais formal por motivos criminais, em vez da detenção nos assim chamados "centros vocacionais": "Isso é particularmente preocupante, dadas as definições vagas e amplas de terrorismo, 'extremismo' e crimes relacionados à segurança pública sob a lei criminal nacional", e o fato pode implicar sentenças longas.

Pequim nega acusações

O relatório foi divulgado apenas 13 minutos antes de a chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, terminar seu período de quatro anos no cargo. Apesar de, no passado, ter sido acusada de ser branda demais com a China, ela rejeitou os pedidos do país para reter o relatório.

"Eu disse que ia publicá-lo antes do fim do meu mandato, e o fiz", comentou Bachelet à agência de notícias AFP. "As questões são sérias, e eu as levantei com autoridades nacionais e regionais de alto nível do país", acrescentou a política chilena, que visitou a China em maio último.

O embaixador da China na ONU, Zhang Jun, disse nesta quarta-feira que Pequim se opõe "firmemente" à divulgação do relatório, que estava pronto há meses. Antes de vê-lo, Zhang afirmou que a "chamada questão de Xinjiang é uma mentira completamente fabricada", projetada para prejudicar a China.

md/av (AP, Reuters, AFP)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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