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O que se sabe sobre o desaparecimento de jornalista e indigenista no AM

Jornalista britânico Dom Philips e indigenista Bruno Pereira estão desaparecidos desde 5 de junho no Vale do Javari

13 jun 2022 - 18h24
(atualizado às 18h48)
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Indigenista Bruno Pereira e jornalista britânico Dom Philips
Indigenista Bruno Pereira e jornalista britânico Dom Philips
Foto: TV Globo/Reprodução

Forças de segurança, membros da Funai e indígenas realizam buscas pelo jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira. Eles desapareceram há mais de uma semana, enquanto percorriam uma região remota do estado do Amazonas, palco de conflitos entre indígenas e invasores de terras.

Confira um resumo do que se sabe sobre o caso até agora:

Quando eles desapareceram 

Philips e Pereira desapareceram quando percorriam de barco o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no estado do Amazonas. Eles foram vistos pela última vez na manhã do domingo passado, dia 5, quando deixaram a comunidade de São Rafael.

De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), da qual Pereira faz parte, a dupla deveria ter chegado em Atalaia do Norte por volta de 8h ou 9h de domingo, o que não ocorreu.

A Univaja enviou equipes de busca às 14h e às 16h do mesmo dia, mas sem sucesso.

A dupla desapareceu enquanto voltava de uma viagem de dois dias à região do Lago Jaburu, onde Phillips entrevistou indígenas para o livro que está escrevendo. Apenas os dois estavam no barco.

Quem são os desaparecidos

Atualmente licenciado, Pereira é um dos funcionários mais experientes da Funai que atua na região do Vale do Javari. Ele supervisionou o escritório regional da entidade e a coordenação de grupos indígenas isolados antes de sair em licença. Pereira é alvo constante de ameaças de pescadores e caçadores ilegais.

"A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a Polícia Federal, o Ministério Público Federal em Tabatinga, o Conselho Nacional de Direitos Humanos e o Indigenous Peoples Rights International", disse a Univaja em nota.

Philips é colaborador do jornal britânico The Guardian e de outras publicações internacionais como Washington Post e o New York Times. Ele mora no Brasil há 15 anos e está trabalhando em um livro sobre preservação da Amazônia, com apoio da Fundação Alicia Patterson, que lhe concedeu uma bolsa de um ano para reportagens ambientais, que durou até janeiro. Atualmente, Philips reside em Salvador com sua esposa, Alessandra Sampaio. 

Suspeito identificado

O pescador Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como "Pelado", foi apontado pela polícia como principal suspeito de envolvimento no desaparecimento do jornalista e do indigenista. Ele foi preso em flagrante por posse ilegal de material de uso restrito, após uma abordagem das forças de segurança.

Testemunhas relataram às autoridades policiais que viram o suspeito ameaçando Bruno. Uma testemunha também disse que Amarildo foi visto em uma lancha, que estava navegando bem atrás da embarcação do jornalista e do indigenista.

Na última quinta-feira, 9, a Justiça decretou a prisão temporária do pescador por 30 dias, após a Polícia Federal encontrar vestígios de sangue na lancha dele. Porém, ainda não há confirmação se trata-se de sangue humano ou animal. 

Javari: região de conflitos

A região do Vale do Javari, que tem a maior população mundial de indígenas isolados, tem sofrido com frequentes tiroteios entre caçadores e pescadores ilegais e agentes de segurança, que têm uma base permanente na área.

O local onde a dupla desapareceu é a principal via de acesso de e para o Vale do Javari, o segundo maior território indígena do Brasil. Pessoas da área dizem que é altamente improvável que os homens tenham se perdido, considerando o conhecimento que tinham da área.

A região é usada também como rota para a cocaína produzida no Peru e contrabandeada para o Brasil, de onde segue, em parte, para a Europa.

A região de Javari, que abriga mais de 20 grupos indígenas, passa por uma situação tensa e perigosa, que se agravou nos últimos anos, principalmente após o assassinato de um funcionário da Funai, morto a tiros em Tabatinga, a maior cidade da região, em 2019. O crime nunca foi solucionado.

Jornalistas que trabalhavam para meios de comunicação regionais na Amazônia foram assassinados nos últimos anos. Por essa razão, a imprensa tem limitado o acesso a várias áreas dominadas por atividades criminosas, incluindo mineração ilegal, apropriação de terras e tráfico de drogas.

O que já foi encontrado

A Embaixada do Brasil em Londres confirmou nesta segunda-feira, dia 13, que vem mantendo contato com familiares de Dom no Reino Unido, a respeito do desaparecimento dele e de Bruno. A embaixada se recusou, porém, a informar o teor dessas conversas.

Mais cedo, o jornal The Guardian, para com o qual Phillips colaborava, publicou relato de familiares do correspondente estrangeiro, segundo os quais diplomatas brasileiros disseram a eles, por meio de um telefonema na manhã desta segunda, que os corpos de ambos haviam sido localizados na selva.

A Polícia Federal, que lidera as investigações, negou ter encontrado os corpos de Dom e Bruno. "Não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos do Sr. Bruno Pereira e do Sr. Dom Phillips", declarou o comitê de crise, liderado pela Superintendência da PF no Amazonas. Associação de indígenas Unijava, que auxilia nas buscas, também negou a informação.

Segundo a PF, "foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e os pertences pessoais dos desaparecidos". No sábado, o presidente Jair Bolsonaro disse que investigadores recolheram material que aparentava ser "vísceras" humanas no rio.

Fonte: Redação Terra
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