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Venezuela: oposição a Maduro confirma Edmundo González como candidato para eleição presidencial

O anúncio em torno de González foi feito depois de a historiadora Corina Yoris ter sido impedida de concorrer às eleições presidenciais em março.

20 abr 2024 - 22h10
(atualizado às 22h16)
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Protesto da oposição a Nicolás Maduro em Caracas em 2017
Protesto da oposição a Nicolás Maduro em Caracas em 2017
Foto: Reuters / BBC News Brasil

A Plataforma Democrática Unitária (PUD), coalização de oposição ao presidente Nicolás Maduro na Venezuela, informou que aprovou "por unanimidade" a candidatura de Edmundo González Urrutia para as eleições presidenciais que acontecerão no dia 28 de julho.

"Será uma campanha vitoriosa", disse Omar Barboza, secretário-executivo da PUD. Ele declarou que González está inscrito no Conselho Nacional Eleitoral.

O anúncio em torno de González foi feito depois de Corina Yoris ter sido impedida de concorrer às eleições presidenciais.

Em março, a coalização declarou que não tinha sido permitido "acesso ao sistema de inscrição".

A historiadora havia sido nomeada substituta de María Corina Machado, que, apesar de ter vencido as primárias da oposição em outubro, também teve sua inscrição impedida.

Lideranças da oposição acusam o governo de impor barreiras a candidaturas oposicionistas. O governo nega as acusações.

Em janeiro, o Supremo Tribunal da Venezuela confirmou a desqualificação política de Machado para ocupar cargos públicos.

O país vive uma crise política e econômica que resultou na saída de pelo menos 7,5 milhões de pessoas, segundo estimativas do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), e que vem chamando a atenção da comunidade internacional.

Diante deste cenário, a PUD informou, em março que havia decidido registrar "provisoriamente" González "para preservar o exercício dos direitos políticos que correspondem à nossa organização política até que consigamos registrar nossa candidatura unitária".

A ratificação de González como candidato ocorreu um dia antes do prazo final em que, de acordo com o calendário eleitoral, poderiam ser feitas substituições.

Na última quarta, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, apresentou um plano em duas fases para destravar as eleições venezuelanas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a passagem do brasileiro por Bogotá.

Carreira diplomática

Questionado se Machado concordava com a candidatura de González, Barboza respondeu a um grupo de jornalistas: "María Corina Machado participou do debate e dará sua declaração no momento que considerar apropriado".

"Esta é uma ótima notícia para os democratas venezuelanos que querem mudanças", acrescentou.

Machado postou em uma rede social: "Venezuelanos, avançamos".

Embora María Corina Machado tenha vencido as primárias organizadas pela oposição em 2023 para escolher o candidato que disputará a presidência da Venezuela, não poderá participar das eleições
Embora María Corina Machado tenha vencido as primárias organizadas pela oposição em 2023 para escolher o candidato que disputará a presidência da Venezuela, não poderá participar das eleições
Foto: Gaby Oráa/Reuters / BBC News Brasil

González, de 74 anos, serviu como embaixador na Argélia entre 1991 e 1993 e na Argentina nos primeiros anos do governo de Hugo Chávez.

Publicou diversos livros e, como membro da oposição, foi representante internacional da Mesa Redonda da Unidade Democrática entre 2013 e 2015.

Após o anúncio da PUD, as reações na Venezuela começaram a ser vistas.

"Temos um candidato ", disse Corina Yoris através da rede social X. "Unidade acima de tudo."

"Como sempre dissemos, o futuro da Venezuela tem que vir em primeiro lugar", disse Manuel Rosales, governador do estado de Zulia, que foi registado como candidato presidencial pelo partido Un Nuevo Tiempo, na sua conta no X.

Vente Venezuela, partido político de Maria Corina Machado, postou também na rede social uma mensagem que celebra a decisão.

Protestos internacionais

A impossibilidade de a PUD registrar a candidatura de Yoris para as eleições causou na época espanto dentro e fora da Venezuela.

São vários os países que rejeitaram a decisão, entre eles os governos de Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e Uruguai, que manifestaram "séria preocupação" com os "obstáculos persistentes" no registro de candidatos para as eleições venezuelanas.

"Essas restrições impedem o avanço em direção a eleições que permitam um processo de democratização na irmã Venezuela", diz um texto do Ministério das Relações Exteriores do Uruguai, com o aval dos demais governos.

Em março, o governo Lula endureceu o tom com o governo venezuelano, tradicional aliado das gestões petistas.

Uma nota divulgada pelo Itamaraty manifestou preocupação com o andamento das eleições marcadas para julho no país vizinho, diante do impedimento do registro da candidatura de Yoris.

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