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Ucrânia diz estar pronta para contraofensiva contra Rússia

Em entrevista para BBC, alto funcionário do governo ucraniano falou sobre plano para retomar áreas ocupadas pela Rússia.

28 mai 2023 - 10h38
(atualizado às 10h41)
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As tropas ucranianas passaram meses treinando com equipamentos ocidentais antes da contraofensiva
As tropas ucranianas passaram meses treinando com equipamentos ocidentais antes da contraofensiva
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A Ucrânia está pronta para lançar sua tão esperada contraofensiva contra as forças russas, disse à BBC um dos mais altos representantes do governo do país, em entrevista neste fim de semana.

O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, não deu uma data, mas disse que um ataque para retomar o território das forças de ocupação do presidente Vladimir Putin pode começar "amanhã, depois de amanhã ou em uma semana".

Ele alertou que o governo da Ucrânia "não tinha o direito de cometer um erro" na decisão porque esta era uma "oportunidade histórica" que "não podemos perder".

Danilov está no centro do gabinete de guerra de fato do presidente Volodymyr Zelensky.

Sua rara entrevista com a BBC foi interrompida por uma mensagem telefônica do presidente Zelensky convocando-o para uma reunião para discutir a contraofensiva.

Durante a entrevista, ele também confirmou que algumas forças do grupo mercenário Wagner estavam se retirando da cidade de Bakhmut, local da batalha mais sangrenta da guerra até agora — mas acrescentou que eles estavam "se reagrupando em outros três locais" e "não significa que eles vão parar de lutar contra a gente".

Danilov também disse estar "totalmente calmo" sobre a perspectiva da Rússia de enviar armas nucleares para Belarus, dizendo: "Para nós, não é algum tipo de notícia".

A Ucrânia vem planejando uma contraofensiva há meses — treinando tropas e recebendo equipamento militar de aliados ocidentais.

Enquanto isso, as forças russas preparam suas defesas.

Muito está em jogo porque o governo de Kiev precisa mostrar ao povo da Ucrânia — e aos aliados ocidentais — que pode romper as linhas russas, acabar com o impasse militar efetivo e recapturar parte de seu território soberano.

Danilov disse que as forças armadas darão início à contraofensiva quando os comandantes calcularem que "podemos ter o melhor resultado naquele ponto da guerra".

Questionado se as forças armadas ucranianas estão prontas para a ofensiva, ele respondeu: "Estamos sempre prontos. Da mesma forma que estávamos prontos para defender nosso país a qualquer momento. E não é uma questão de tempo".

"Temos que entender que essa oportunidade histórica que nos é dada — por Deus — ao nosso país não podemos perder, para que possamos nos tornar verdadeiramente um grande país europeu independente."

Ele disse: "Pode acontecer amanhã, depois de amanhã ou em uma semana.

"Seria estranho se eu mencionasse as datas de início desses ou daqueles eventos. Isso não pode ser feito... Temos uma tarefa muito responsável perante o nosso país. E entendemos que não temos o direito de cometer um erro."

Danilov rejeitou as sugestões de que a contraofensiva já havia começado, dizendo que "demolir centros de controle russos e equipamentos militares russos" é tarefa das forças armadas ucranianas desde 24 de fevereiro do ano passado — a data em que a Rússia lançou a invasão.

"Não temos dias de folga durante esta guerra", disse ele.

Ele defendeu a decisão do exército ucraniano de lutar em Bakhmut por tantos meses, uma batalha que custou a vida de muitos de seus soldados.

"Bakhmut é nossa terra, nosso território, e devemos defendê-la", disse ele. "Se começarmos a deixar todos os assentamentos, isso pode nos levar à nossa fronteira ocidental, como Putin queria desde os primeiros dias da guerra."

Ele disse que "controlamos apenas uma pequena parte da cidade e admitimos isso. Mas você deve ter em mente que Bakhmut desempenhou um grande papel nesta guerra".

Questionado se os mercenários de Wagner estavam saindo, ele respondeu: "Sim, isso está acontecendo. Mas isso não significa que eles vão parar de lutar conosco. Eles vão se concentrar mais em outras frentes... eles estão se reagrupando em outras três localidades."

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/articles/c72j0e7g13zo

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