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Corte italiana manda apreender € 49 mi de partido de Salvini

Montante diz respeito a fraude ocorrida entre 2008 e 2010

6 set 2018 - 12h43
(atualizado às 14h50)
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O Tribunal de Reexame de Gênova, no noroeste da Itália, acolheu nesta quinta-feira (6) um pedido do Ministério Público para apreender 49 milhões de euros do partido ultranacionalista Liga, liderado pelo ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini.

O valor diz respeito a uma cifra que a legenda teria obtido de maneira fraudulenta entre 2008 e 2010, por meio de um esquema de falsos reembolsos eleitorais no Parlamento. O dinheiro teria sido usado sobretudo para pagar despesas pessoais do senador Umberto Bossi, fundador da Liga e então líder do partido.

Em julho de 2017, Bossi e o ex-tesoureiro da legenda Francesco Belsito foram condenados em primeiro grau, respectivamente, a dois anos e meio e quatro anos e 10 meses de prisão. Até o momento, a Justiça já sequestrou cerca de 3 milhões de euros e identificou pouco mais de 5 milhões nos caixas da Liga.

Matteo Salvini, secretário da Liga, minimizou sentença da Justiça
Matteo Salvini, secretário da Liga, minimizou sentença da Justiça
Foto: ANSA / Ansa

A corte determinou inclusive a apreensão de entradas futuras nas contas da legenda, até se alcançar a quantia de 49 milhões de euros. Ainda cabe recurso à Corte de Cassação, instância máxima da Justiça da Itália.

Inicialmente, o Tribunal de Reexame negara o pedido do Ministério Público, mas, em abril passado, a Corte de Cassação ordenou que o caso fosse reavaliado, afirmando que é legítimo apreender entradas futuras do partido.

"Uma vez que a Liga Norte [antigo nome do partido] recebeu diretamente quantias qualificadas como fruto de crime, não pode agora evocar a estraneidade do sujeito político ao recebimento das somas que entraram em suas contas, das quais tirou uma concreta e consistente vantagem patrimonial", disse o Tribunal de Reexame.

Reações

O ministro Matteo Salvini afirmou que a sentença diz respeito a um "caso do passado" e que está "tranquilo". "Se querem nos tirar tudo, que o façam, os italianos estão conosco", disse, cobrando do Ministério Público de Gênova "empenho" para investigar a queda da Ponte Morandi, que matou 43 pessoas.

Já o primeiro-ministro Giuseppe Conte declarou que a apreensão dificultará a "atividade política" da Liga, mas não provocará repercussões no governo. Por sua vez, o ministro do Trabalho e também vice-premier Luigi Di Maio, líder do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), aliado da Liga, afirmou que a sentença diz respeito ao período anterior à gestão de Salvini no partido.

Por outro lado, o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que continua sendo a principal voz de oposição no país, chamou a Liga de "ladra" e a acusou de "roubar" 49 milhões de euros dos italianos. "Uma sentença diz que a Liga roubou dinheiro e que deve restituir 49 milhões. Salvini rebate que não o fará porque as pesquisas premiam a Liga. É impressionante: para o ministro do Interior as pesquisas valem mais que as sentenças", disse.

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