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Talibãs agradecem Rússia por ser 1° país a reconhecer oficialmente seu governo

O governo talibã celebrou na quinta-feira (3) o reconhecimento oficial da Rússia ao Emirado Islâmico do Afeganistão, qualificando a decisão de Moscou como um gesto "corajoso" e "exemplar" que, segundo eles, abre caminho para que outros países sigam o mesmo rumo. O anúncio foi recebido com entusiasmo pelas autoridades em Cabul, que há anos buscam legitimidade internacional e acesso a investimentos externos para reconstruir um país devastado por décadas de conflito.

4 jul 2025 - 11h28
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O governo talibã celebrou na quinta-feira (3) o reconhecimento oficial da Rússia ao Emirado Islâmico do Afeganistão, qualificando a decisão de Moscou como um gesto "corajoso" e "exemplar" que, segundo eles, abre caminho para que outros países sigam o mesmo rumo. O anúncio foi recebido com entusiasmo pelas autoridades em Cabul, que há anos buscam legitimidade internacional e acesso a investimentos externos para reconstruir um país devastado por décadas de conflito.

Nesta imagem divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia em 3 de julho de 2025, o novo enviado dos talibãs em Moscou, Gul Hassan, entrega cópias de suas credenciais ao vice-ministro das Relações Exteriores, Andrei Rudenko.
Nesta imagem divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia em 3 de julho de 2025, o novo enviado dos talibãs em Moscou, Gul Hassan, entrega cópias de suas credenciais ao vice-ministro das Relações Exteriores, Andrei Rudenko.
Foto: AFP - HANDOUT / RFI

"Agora que o processo de reconhecimento começou, a Rússia está à frente de todos", declarou o chanceler afegão Amir Khan Muttaqi, em vídeo divulgado na rede X. Ele elogiou a postura do Kremlin, afirmando que se trata de um "passo histórico que será lembrado por toda a nação afegã".

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores afegão, Zia Ahmad Takal, também expressou gratidão: "Rússia é o primeiro país a reconhecer oficialmente o Emirado Islâmico. Esperamos que este ato sirva de exemplo para outros governos que desejam se relacionar com o Afeganistão de forma construtiva e respeitosa".

Reconhecimento oficial e perspectivas

O reconhecimento foi formalizado durante uma reunião em Cabul entre Amir Khan Muttaqi e o embaixador russo Dmitri Jirnov. No mesmo dia, a bandeira criada pelos talibãs foi hasteada pela primeira vez na embaixada afegã em Moscou, e o novo embaixador do Afeganistão na Rússia, Gul Hasan, teve suas credenciais aceitas pelo governo russo.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou, em comunicado publicado no Telegram, que a decisão deve "impulsionar o desenvolvimento de uma cooperação bilateral produtiva", especialmente nas áreas de energia, transporte, agricultura e infraestrutura. Moscou também prometeu continuar apoiando o governo afegão na luta contra o terrorismo e o narcotráfico.

Alívio e expectativa em Cabul

Para os talibãs, o reconhecimento russo representa um avanço significativo após anos de isolamento diplomático. Desde que retornaram ao poder em 2021, após a retirada das tropas norte-americanas e o colapso do governo apoiado pelo Ocidente, os líderes do movimento vêm enfrentando resistência da comunidade internacional, principalmente por causa das severas restrições impostas às mulheres e da aplicação rigorosa da lei islâmica.

Apesar disso, Moscou vinha dando sinais de aproximação. Em abril, o Kremlin retirou o movimento talibã da lista oficial de organizações consideradas terroristas. No ano passado, o presidente Vladimir Putin declarou que os talibãs são "aliados na luta contra o terrorismo". Ainda em 2021, a Rússia foi o primeiro país a abrir um escritório comercial em Cabul, com planos para transformar o Afeganistão em um corredor de transporte de gás rumo ao sudeste asiático.

Repercussões e críticas

A decisão russa, porém, não passou sem críticas. Ativistas pelos direitos das mulheres afegãs denunciaram o gesto como uma legitimação de um regime autoritário e repressivo.

"Reconhecer um governo que exclui mulheres da educação, realiza punições públicas e abriga terroristas sancionados pela ONU é um erro grave", afirmou Mariam Solaimankhil, ex-deputada do Parlamento afegão.

Ela lamentou o simbolismo político do gesto: "Mais uma vez, os interesses estratégicos falam mais alto que os direitos humanos e o direito internacional".

Mesmo com a resistência de parte da comunidade internacional, os talibãs esperam que a decisão de Moscou marque o início de uma nova fase: "Estamos confiantes de que outros países seguirão esse caminho e darão passos positivos em direção ao reconhecimento mútuo e ao respeito pela soberania do Afeganistão", afirmou o porta-voz Zia Ahmad Takal.

(Com AFP)

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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