Soldados norte-coreanos capturados na Ucrânia pedem asilo à Coreia do Sul
Dois soldados norte-coreanos capturados em janeiro na linha de frente da guerra na Ucrânia se recusaram a retornar ao seu país de origem. Eles solicitaram asilo político à Coreia do Sul, que está analisando o pedido em cooperação com o governo ucraniano. Identificados como Baek e Ri, os militares prestaram depoimento a partir da cela onde estão detidos como prisioneiros de guerra, nos arredores de Kiev.
Dois soldados norte-coreanos capturados em janeiro na linha de frente da guerra na Ucrânia se recusaram a retornar ao seu país de origem. Eles solicitaram asilo político à Coreia do Sul, que está analisando o pedido em cooperação com o governo ucraniano. Identificados como Baek e Ri, os militares prestaram depoimento a partir da cela onde estão detidos como prisioneiros de guerra, nos arredores de Kiev.
Com informações de Célio Fioretti, correspondente da RFI em Seul
O testemunho integra um documentário dirigido por um ex-refugiado norte-coreano que vive atualmente na Coreia do Sul. De acordo com o diretor do programa, os militares desejam viver no país e construir uma família. Eles imploraram para serem aceitos como refugiados políticos em território sul-coreano, já que retornar à Coreia do Norte significaria uma sentença de morte.
Segundo a inteligência sul-coreana, os soldados do norte recebem ordens para cometer suicídio caso sejam capturados em combate. A gravação da entrevista ainda não foi divulgada, mas deve ocorrer nas próximas semanas, segundo Jang Se-yul, diretor da organização Gyeore-eol Nation United.
Se-yul presta assistência a desertores norte-coreanos e ajudou a organizar o encontro. Imagens compartilhadas pela entidade mostram um dos prisioneiros lendo cartas enviadas por compatriotas que hoje vivem na Coreia do Sul.
O governo sul-coreano, que reconhece os cidadãos norte-coreanos como seus nacionais, confirmou o recebimento do pedido de asilo. No entanto, aguarda mais informações das autoridades ucranianas, devido ao status dos soldados como prisioneiros de guerra.
Sacrifício heroico
O regime norte-coreano confirmou oficialmente em setembro deste ano sua estratégia militar suicida, aparentemente adotada para evitar que soldados sejam interrogados pelas forças ucranianas. A emissora estatal exibiu imagens exaltando o que chamou de "sacrifício heroico" de militares que preferiram se explodir com granadas ou abrir caminho para seus companheiros pisando em campos minados, a serem capturados pelo inimigo.
O líder Kim Jong-un prestou homenagem aos soldados mortos em combate — especialmente àqueles que optaram pelo suicídio — durante uma cerimônia com familiares das vítimas. O ato também serviu para oficializar o envolvimento da Coreia do Norte no conflito, o que o regime raramente reconhece em público.
A reportagem da TV norte-coreana exibiu imagens exclusivas das tropas do país atuando na linha de frente na Ucrânia, ao lado das forças russas.
Até o momento, apenas dois soldados norte-coreanos foram capturados pelas tropas ucranianas, em janeiro deste ano.entre os cerca de 15 mil enviados pela Coreia do Norte ao front desde o outono de 2024.
O regime admite entre 600 e 1.000 baixas, enquanto a inteligência sul-coreana estima que cerca de 2.000 soldados norte-coreanos tenham morrido em combate, segundo dados atualizados divulgados à imprensa por um parlamentar sul-coreano. Eles foram mobilizados, principalmente na região de Kursk, para apoiar o esforço de guerra da Rússia contra a Ucrânia.